Fora de controle

Tem uma luz que quer acabar com o meu juízo. Essa luz se localiza justamente no meu quarto, e sua localização é bem acima da minha cama. Ela é uma luz bastante forte e, toda vez que ela acende, eu acordo e não consigo mais voltar a dormir. Não adianta trocar de lâmpada, continua acontecendo a mesma coisa, esse problema se repete dia após dia. Algumas podem vir a me perguntar: “Por que não mudou a cama de lugar, por que não tirou a lâmpada e ficou sem, por que não mudou de cômodo ou de casa? A resposta é bem simples, sou uma pessoa pragmática, acostumada com meus hábitos e o meu mundinho, mover minha cama ou trocar de cômodo estava inviável e fora de cogitação.

Com o tempo acabei perdendo o meu emprego, vivia com olheiras enormes, sonolento, mal disposto e rabugento. Contei meu problema para um amigo, ele sempre prático e prestativo me deu um bom conselho:

- Cara, coloca uma câmera, em uma noite você consegue desvendar esse mistério.

- A idéia é boa, mas não tenho dinheiro para comprar, estou desempregado.

A conversa não se alongou muito, como bem falei dele, não se importou de me emprestar sua câmera, me disse que não usava a um bom tempo e que não tinha problema em me emprestá-la. Era uma câmera magnífica, dessas que filmam no escuro. Fiquei feliz com a rapidez com que meu amigo ajeitou as coisas e a câmera foi instalada no meu quarto, agora era só esperar chegar de noite para desvendar o mistério.

No meio da noite, a luz acendeu, acordei em um pulo, dormi esperando esse momento.Tratei de correr em direção a câmera e ver a gravação. Estava curioso para acabar logo com aquele mistério. Para minha surpresa, era minha mão esquerda que apertava o interruptor. Isso se repetiu nas outras noites. Resolvi procurar um médico, contei para ele do meu problema, me respondeu em tom de troça:

- Só amputando o braço o seu problema pode ser resolvido.

Decidi levar a sério o seu comentário e tive meu braço esquerdo amputado. Depois de me recuperar, voltei a minha casa. Na primeira noite após o retorno, a luz se acendeu, dessa vez foi a minha mão direita que apertou o interruptor. Chateado, retornei ao hospital e amputei meu braço direito. Novamente quando retornei para casa, logo na primeira noite, minhas pernas ficaram fora de controle e acabaram me derrubando da cama, e isso se repetiu por mais algumas noites, até que eu não agüentei e voltei ao hospital.

Conclusão: Hoje eu durmo em um pequeno caixote de madeira e nada atrapalha a minha bela noite de sono.