Apenas um ser
Encontrei-o numa esquina da vida. Não tinha um ar miserável, mas parecia que lhe faltava o pão de cada dia. O olhar era tristonho e a tez pálida. Apesar de não ter briho nos olhos, alegrava-se quando via crianças passarem indo para a escola. As crianças, dele tinham medo e não lhe retribuíam a mesma atenção. Ele as acompanhava com olhos de quem contempla seres de outro mundo que, talvez, por orientação dos pais, lhe negavam qualquer cumprimento.
Era um ser misterioso e solitário que vivia nos arredores do bairro sem labutar nem prejudicar a quem quer que fosse. Abraçava-se à solidão como quem abraça um filho querido. Para quê? Por quê? Apenas existia.
Um dia ouvi-o dizer para uma criança que apertara o passo quando o avistara.- Não corra, não corra! Sou seu pai. Sou seu herói!
Não lhe quis falar, porque tive medo de ouvir sua história. Que história teria para me contar? A que mundo pertenceria? Seria um louco? Ou um ser que carregava algum mistério dentro do âmago de seu interior?
Anoiteceu! Não sei explicar porque a tristeza me acompanhou até o próximo dia, que amanhecera triste como triste era aquele homem. Só sei que nunca mais o vi.
Encontrei-o numa esquina da vida. Não tinha um ar miserável, mas parecia que lhe faltava o pão de cada dia. O olhar era tristonho e a tez pálida. Apesar de não ter briho nos olhos, alegrava-se quando via crianças passarem indo para a escola. As crianças, dele tinham medo e não lhe retribuíam a mesma atenção. Ele as acompanhava com olhos de quem contempla seres de outro mundo que, talvez, por orientação dos pais, lhe negavam qualquer cumprimento.
Era um ser misterioso e solitário que vivia nos arredores do bairro sem labutar nem prejudicar a quem quer que fosse. Abraçava-se à solidão como quem abraça um filho querido. Para quê? Por quê? Apenas existia.
Um dia ouvi-o dizer para uma criança que apertara o passo quando o avistara.- Não corra, não corra! Sou seu pai. Sou seu herói!
Não lhe quis falar, porque tive medo de ouvir sua história. Que história teria para me contar? A que mundo pertenceria? Seria um louco? Ou um ser que carregava algum mistério dentro do âmago de seu interior?
Anoiteceu! Não sei explicar porque a tristeza me acompanhou até o próximo dia, que amanhecera triste como triste era aquele homem. Só sei que nunca mais o vi.