Conto Vampírico: Carona Maldita - Conclusão...

Laura estava na 'não sei qual' série de abdominais, quando viu o trio chegar. Duas garotas - bonecas de porcelana - opalinas e perfeitas - uma loura e uma ruiva. E ele? Uma escultura grega - moreno - olhos verdes. Uma ilusão de ótica!

O trio varreu o grande salão com olhos curiosos e perscrutadores. Encontraram seus olhos. Elas mediram-na, sorriram e, amistosamente, acenaram e foram para o vestiário.

Ele? Ficou estático. Olhos nos olhos. Segundos seculares. Olhos hipnóticos... Dissolvi!

Igor e Laura já estavam habituados com os 'sumiços' de Felipinho. Sabiam que ele estava na temporada da caça selvagem. Ambos eram diferentes dele - jamais se conformaram com a condição vampírica. Igor criara a Ong para se sentir menos culpado, e jamais matar injustamente. Sorviam apenas o sangue da escória. Estariam, assim, prestando um serviço social!

Duzentos anos naquela vida! Seus pais morreram e eles resolveram manter as mansões. Sorveram, com a ajuda de três mulos diurnos- aspirantes de vampiros- todos os interessados na compra das três mansões. Foram esquecidas e abandonadas com o tempo. Eram malditas! Somente os três seriam os donos eternos daquelas propriedades. Escombros salpicados de um bom e delicoso passado. Além dos porões especiais - atuais dormitórios dos vampiros...

Litoral Norte. Beijos. Casais. Tudo perfeito. Barracas, aconchego, beijos. Ele era divino! Disse que ela é que era a divina! Seria dele para sempre. Mordida. Morte. Despertar...

Seus amigos? O mesmo triste fim...

O tempo corre como um gato assustado. E o trio da noite arrazava. Vida eterna. Loucuras. Mortes, Sangue, Viagens noturnas. Prazer. Remorso. Brigas. Fim da amizade. Vinte anos de insanidade e revolta.

Três amigos eternos. Reavaliação e maturidade. Separação. Retomada de valores. Reencontro. Tímidos. Culpados. Triste. Saudade. Choro e Reconciliação. Assim fora o reencontro dos amigos...

Cento e vinte anos depois, a amizade continuava mais sólida do que nunca - Laura e Igor se amam e Felipinho é o amigo louco, mas querido! Estavam juntos por toda a eternidade...

A farra na Ranger era total. De repente, um grita e pede para dar um mijão. Felipinho aquiesce. Três descem. Felipinho também...

O torpor do primeiro passa quando percebe olhos acesos vindo em sua direção. Tentou correr, não deu tempo. Sua jugular esquichava sangue por todos os lados! Delícia! Pena que fora tão rápido, pensara Felipinho. Seria mais calmo com os demais. Cheirou o ar e localizou os outros. Correu atrás, encurralou, rosnou, levantou pelo pescoço as outras vítimas. Curtiu o medo de cada uma delas... Gritos, escapadas, pedido de clemência, nada adiantou...

Felipinho volta para o carro quase satisfeito... ainda restava um. Estava no carro... Esse teria apenas o espaço do carro pra tentar fugir... Que delícia!

O medo era um perfume inebriante... Bela noite. Olhos acesos. Presas afiadas. Jugular destroçada. Pobre infeliz!

Corpo seco jogado porta afora. Joga a camiseta suja de sangue, limpa o rosto e veste uma t-shart azul-noite...

Imigrantes. Duas horas da manhã. Felipinho volta pra casa muito satisfeito. Brincou bastante...

Mas... o que é aquilo? Seria alguém pedindo carona? Que máximo!

_ Olá, boneca! Quer uma caroninha pra São Paulo?...

Sou todo seu, pode subir...

(outubro de 2009)

thera lobo
Enviado por thera lobo em 23/10/2009
Reeditado em 31/03/2015
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