Casa Negra
Casa Negra
Deparo-me, mas uma vez nesse cubículo fechado e sufocante.
Sussurros de medo, sorrisos de uma alegria duvidosa, seres andantes da noite
que movem-se ao meu redor , não só na superfície do lado. É nas entranhas da
minha mente que tais quimeras vem a se manifestar com intuito de mais uma vez
ludibriar-me, E deixo-me levar facilmente.
É fascinante quando estou nesse êxtase negro. Mão trêmula, coração acelerado e retilíneo, Meus demônios vem a tona, sedentos de sangue e de dor emocional.
Tais seres atormentam me com êxito, as imagens que trazem impressas em seus
rostos são aterradoras de tal forma, que sinto-me gelado como se não corresse
sangue no meu corpo decrépito, paralisado minhas articulações virão mármore.
O medo suga-me, o medo sufoca-me, o medo reduz-me a nada assim podendo
levar-me a tudo.
Estou entre a espada e o abismo.
perturbado com tal situação, grito mas não sai minha voz , então tento correr
mas meu corpo não obedece, Entro em um desespero profundo.
Um conflito mental onde só eu vejo, só eu sinto, só eu ouço. Mas com um fio De coragem, com sopro de voz pergunto,
- O que querem de mim ?
O silencio ficou absoluto, O temor da resposta me espremia o peito. Os sorrisos sussurros cessarão.
Com a onipotência de um trovão veio a reposta.
- Só observando!
Tal resposta me estremeceu por dentro, de modo que veio a tranquilizar me.
E continuo com meu ciclo metódico, mais uma vez elevo meu erro à boca
Sugo todo meu prazer errôneo, é jogo fora meu desespero. Assim fiz por
noites e noites, dias e dias.
Mas minha carcaça humana já esta chegando a seu ciclo mortal.
- Meu coração já não bate!
- Minha dor já não cinto!
- Não estou sufocado!
Agora me sinto leve á ponto de levitar como um dos mais graciosos pássaros.
Olho para baixo e vejo minha carcaça de carne e osso, já desgastada pelas ruas Escuras da vida de erros, feridas de um meio familiar destruído.
Volto minha visão para outro lado e vejo minha platéia horrenda, já não sinto Medo ou pavor de tais seres, e pergunto mas uma vez.
- O que querem de mim ?
A resposta foi imediata, mas com a mesma onipotência.
- Só observando!
- Só observando mais um fraco perdido nessas andanças de erros, furtos e mortes,
Perdido em um mundo de drogas, destruiu sua família agora finalmente consegue á si, o mesmo desfecho.
Tal frase, arrebatou-me fiquei imóvel meu corpo gélido sentiu um frio implacável na espinha que subiu até a garganta em forma de nó.
Pensei em gritar,correr,chorar ou pedir perdão, mas meu ser era imóvel como rocha.
Uma das figuras ali contidas aproximou-se, O seu manto negro caiu aos meus pés.
veio a luz ,agora vejo tudo claro. minha mãe vinha até mim, com sua voz suave e doce perguntou-me.
- Preparado para pagar pelos erros cometidos?
- Sim!
- Siga-me.
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"Penso, logo existo"
René Descartes (1596 - 1650)
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