Fábula contemporânea 2
Um, dois, três. Agora!, gritaram enquanto saltavam para a meia elástica da Alzira. “Estava a ver que não conseguia, Batatinha”, disse a pulga magra à sua irmã, ajeitando-se na malha. “Eu nunca duvido, Fininha”. Começamos? Sim? Então, um dois, três. Já! Gritaram antes de ferrar a coxa gorda da cozinheira que, de mãos na massa dos pastéis, só pôde sofrer a voracidade das duas.
Alzira levantou a perna, raspou-a no armário, desequilibrou a rima de pratos e desencadeou o caos na copa do Hotel de cinco estrelas. Despediram-na por “justa causa” e ninguém arrolou Fina e Batatinha como suas testemunhas de defesa.