...e o relógio bateu treze vezes!
O Dr. Gable, juiz aposentado, sofreu com o calor daquela noite de agosto. Não conseguia conciliar o sono. Levantou-se, colocou um robe-de-chambre sobre o pijama e foi pitar seu cachimbo, na pracinha fronteira á sua casa. Respirou com alegria a brisa noturna, sentado num banco em frente ao magnífico carrilhão da igreja, que datava do sec. XI.
Um homem do povo, que parecia ter saído de um trabalho braçal, sentou-se ao seu lado, na borda do banco e puxou um cigarrinho de palha. Quase na mesma hora o carrilhão tocou as doze badaladas da meia-noite; quer dizer, deveriam ser doze badaladas, mas, sabe-se lá porque o relógio tocou treze vezes. Os homens se entreolharam e comentaram o erro; treze badaladas! Estaria o sineiro bêbado?
Meses depois o juiz acordou muito mais cedo do que costumava; sem paciência para ficar na cama levantou-se e vestiu-se. Andou até á cozinha. Surpreendeu-se ao ver o criado com a mesa posta para o café da manhã. Ainda era muito cedo. Tomou seu chá e, ao abrir a porta da rua, outra surpresa; o seu cavalo estava lá, encilhado e pronto para um passeio. Achando tudo muito estranho, interrogou o moço da estrebaria que lhe confessou:
-Tive um pressentimento que o patrão precisasse do cavalo, então o trouxe.
O juiz era um inglês velho e fleumático. Não se surpreendeu. Montou o cavalo e deixou que este o levasse. Seguiu para as bandas do rio onde se achava a balsa que transportava os passageiros de uma banda para a outra; o balseiro parecia estar pronto para o transporte apesar do adiantado da hora. Deu-lhe os bons dias:
-Não é muito cedo para o transporte?
-É sim, patrão, mas, tive insônia e pressenti que alguém quisesse atravessar o rio.
O juiz embarcou, gozando a paisagem, sentindo o aroma dos pinheiros. Ao chegar á outra margem entregou-se ao cavalo e deixou que lhe levasse, á vontade. Tomaram o rumo da cidade. Pareceu-lhe que havia um ajuntamento incomum de pessoas na praça principal. Muita coisa inusitada para um dia só, pensou o juiz.
Indagou de um transeunte o motivo daquela agitação.
-Estão julgando um sujeito acusado de assassinato.
Velho corcel ainda sente a espora. O juiz entrou no fórum da cidade. Justo no fim do julgamento quando foi permitido ao réu falar em sua defesa.
-Nada tenho a dizer além do que já falei.
O homem parecia triste e desconsolado. Suas mãos tremiam. Com dificuldade, continuou - Sou inocente, mas, só existe uma pessoa neste vasto mundo de Deus que poderia provar isto. Mas, não sei seu nome, nem onde mora e mal vi o seu rosto. Era uma noite escura aquela quando o carrilhão da igreja em Plymouth tocou treze badaladas á meia-noite. Até comentamos sobre isto.
-Estou aqui! Estou aqui! gritou o juiz, visivelmente comovido. O que o preso afirmou é a pura verdade. Na noite deste assassinato, á mesma hora, nós comentávamos sobre o carrilhão.
O homem foi absolvido e ganhou a liberdade.
A mão de Deus providenciou todos esses acasos. Sua mão misericordiosa tramou a libertação.
O Dr. Gable, juiz aposentado, sofreu com o calor daquela noite de agosto. Não conseguia conciliar o sono. Levantou-se, colocou um robe-de-chambre sobre o pijama e foi pitar seu cachimbo, na pracinha fronteira á sua casa. Respirou com alegria a brisa noturna, sentado num banco em frente ao magnífico carrilhão da igreja, que datava do sec. XI.
Um homem do povo, que parecia ter saído de um trabalho braçal, sentou-se ao seu lado, na borda do banco e puxou um cigarrinho de palha. Quase na mesma hora o carrilhão tocou as doze badaladas da meia-noite; quer dizer, deveriam ser doze badaladas, mas, sabe-se lá porque o relógio tocou treze vezes. Os homens se entreolharam e comentaram o erro; treze badaladas! Estaria o sineiro bêbado?
Meses depois o juiz acordou muito mais cedo do que costumava; sem paciência para ficar na cama levantou-se e vestiu-se. Andou até á cozinha. Surpreendeu-se ao ver o criado com a mesa posta para o café da manhã. Ainda era muito cedo. Tomou seu chá e, ao abrir a porta da rua, outra surpresa; o seu cavalo estava lá, encilhado e pronto para um passeio. Achando tudo muito estranho, interrogou o moço da estrebaria que lhe confessou:
-Tive um pressentimento que o patrão precisasse do cavalo, então o trouxe.
O juiz era um inglês velho e fleumático. Não se surpreendeu. Montou o cavalo e deixou que este o levasse. Seguiu para as bandas do rio onde se achava a balsa que transportava os passageiros de uma banda para a outra; o balseiro parecia estar pronto para o transporte apesar do adiantado da hora. Deu-lhe os bons dias:
-Não é muito cedo para o transporte?
-É sim, patrão, mas, tive insônia e pressenti que alguém quisesse atravessar o rio.
O juiz embarcou, gozando a paisagem, sentindo o aroma dos pinheiros. Ao chegar á outra margem entregou-se ao cavalo e deixou que lhe levasse, á vontade. Tomaram o rumo da cidade. Pareceu-lhe que havia um ajuntamento incomum de pessoas na praça principal. Muita coisa inusitada para um dia só, pensou o juiz.
Indagou de um transeunte o motivo daquela agitação.
-Estão julgando um sujeito acusado de assassinato.
Velho corcel ainda sente a espora. O juiz entrou no fórum da cidade. Justo no fim do julgamento quando foi permitido ao réu falar em sua defesa.
-Nada tenho a dizer além do que já falei.
O homem parecia triste e desconsolado. Suas mãos tremiam. Com dificuldade, continuou - Sou inocente, mas, só existe uma pessoa neste vasto mundo de Deus que poderia provar isto. Mas, não sei seu nome, nem onde mora e mal vi o seu rosto. Era uma noite escura aquela quando o carrilhão da igreja em Plymouth tocou treze badaladas á meia-noite. Até comentamos sobre isto.
-Estou aqui! Estou aqui! gritou o juiz, visivelmente comovido. O que o preso afirmou é a pura verdade. Na noite deste assassinato, á mesma hora, nós comentávamos sobre o carrilhão.
O homem foi absolvido e ganhou a liberdade.
A mão de Deus providenciou todos esses acasos. Sua mão misericordiosa tramou a libertação.