Um pouco de escuridão

Tarde da noite, saía de um bar com os colegas do escritório.

Do carro, vi as luzes amareladas da marginal. O elevador rangiu como sempre. Voltei para cama, sozinho de novo, e por isso lembrei dela.

E veio a escuridão.

Silêncio. Além de minha própria respiração, o batimento acelerado do meu coração.

É difícil, mas andava no breu. Tateava as paredes e minhas pernas estão trêmulas. O frio do chão começa a percorrer meu corpo. O silêncio me ensurdecia.

Ao longe, ruídos estranhos ecoado pelo corredor.

Seriam vozes? O que estão murmurando?

Espere... são pessoas!? Mais que uma? Em um instante, já são muitas.

Gritos e mãos frias por todos os lados! Por que tentam me segurar?

Confuso, também não sei por que estou aqui. NÃO SEI POR QUE ESTOU AQUI! Me soltem!

QUEM SÃO VOCÊS AFINAL!?

Desesperado, minha força já não era mais suficiente. Meus pés cederam e meu corpo foi ao chão. Também não sinto mais meus braços. Os gritos agora eram meus. Estou exausto e minha consciência se esvaia.

Deus, me deixem em paz!

A resposta é difícil de aceitar. Foi para mim, e para todos que chegavam ali.

E novamente o silêncio...

Era o irritante despertador. O celular tocava ao lado do porta-retratos em que ela sorria para mim.

Como é morrer?

Quando a hora chegar, saberei?

Infelizmente não é agora, amor.

Miguel do Lucari
Enviado por Miguel do Lucari em 28/06/2009
Reeditado em 05/12/2009
Código do texto: T1672293
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