Sábado de alegria

Dia de sábado é sempre feliz para eu. Hoje, vou fazer meu churrasco. Há tanto tempo queria eu comer esta questão que até dormi com o gostinho de carne na boca. Mas como não escovei os dentes, acordei com gosto e hálito de cu nesta manhã.

Passei a tarde inteira no IML tentando comprar um presunto fresco, mas o odor de virilha suada indicava o ranço existente nas peças expostas. Até simpatizei com uma senhora que lá estava, mas estava muito fria, seria preciso descongelar, e eu não tinha tempo. Preferi comprar uma maminha de pato. O churrasco de tubérculos teria um cardápio assaz variado. De entrada, saídas. Para o prato principal, cebolas, batatas, potates, vinagre e maminha de pato. Nas folhagens, salada de samambaia chorona com molho sufocante. E de sobremesa, carne de sol com manteiga de garrafa. Refestelarei-me deveras.

Após ligar minha George Foreman Grill, abri uma cerveja. Glacial. Delícia dos deuses. Acendi um Djaron Black, adquirido na venda do Tio Binha, dei um trago, uma prensada, e minha cabeça doeu. Meu corpo já não é o mesmo.

Comi meus deliciosos pratos sozinho. Ninguém da minha lista de 816 contatos do Orkut atendeu meu chamado de compartilhar o alimento. E ainda teria de limpar a sujeira sozinho. Os descendentes incas que escravizo para serviços braçais estavam de folga, amparados pela lei de folga àqueles que tomavam mais de 50 socos na cabeça por dia. Maldita legislação protecionista brasileira! Sempre protegendo os fracos e oprimidos. E que se dane se eu tiver de envergar uma vassoura, ou bucha de cozinha.

Vendo o sol sumir no fim do dia, pensei na tristeza de ser humano. Como seria melhor ser uma onomatopéia. Acendi outro Djaron Black, dei um trago e uma prensada. E minha cabeça doeu.