OS DRAGÕES DE ANKISTANTE
OS HOMENS SELVAGENS invadiam Sansma e Florzi. Homens fugiam da selva com muito medo dos dragões e da serpente gigante. Contavam na cidade histórias mirabolantes.
A policia federal do Combate estava muito preocupada. A história dos selvículas teria de ser investigada. Tribos inteiras abandonavam o lugar de origem. O Ankistante ficava no extremo norte do Combate, um local de mata e floresta. Tribos invadiam Florzi e contavam a mesma história. Dragões surgiam junto a lagarta gigante e a serpente ruidosa. Havia também a ave estridente: em seu ventre - contava os selvículas - podia-se ver os homens devorados.
A serpente gigante deixou um rastro enorme na selva, onde nem mesmo o mato nasce mais. E no seu rastro ela sempre volta. Dentro dela se pode ver as vítimas devoradas. Seu ruído é enorme. O dragão amarelo derruba árvores com fome voraz. A avestruz sobrevoa seguindo uma linha reta no céu e seu tamanho é anormal, seus olhos brilham no escuro. Solta um chiado. Quanto a lagarta gigante, seu rastro ninguém desfaz.
As autoridades do país resolvem investigar, trata-se afinal, de questão de segurança nacional.
Outras nações resolvem ajudar na composição de um exército e armas, afinal, o mundo corre perigo. Não se trata de questão apenas de uma nação.
O que teria acontecido? Seria as mudanças climáticas ou a falta de alimento, uma questão de sobrevivencia destas criaturas horrendas, segundo os aborígenes? Teria surgido alguma mudança a milhões de quilometros, local de origem dessas criaturas? De qualquer forma era bom averiguar.
Exércitos inteiros rumavam para lá, sob comando do Combate, canhões de Holoiram e pessoal totalmente treinado em Roguá, atiradores de elite.
Os selvículas se encontravam em tratamento em clínicas psicológicas em Florzi e em Sansma. Numa colonia em frente ao mar suas histórias eram registradas.
"A serpente gigante de um só olho passava veloz com grande ruído e levantava o pó, parecia saber onde ia, em furos nos seu ventre se podia ver suas vítimas, devoradas por ela. Das suas narinas saía fumaça e do seu olho fogo. Quando passava caíamos ao chão e assim ela não nos via".
"O albatroz não batia suas asas e voando alto até entre núvens, estava certamente geneticamente alterado. Não dormia a noite e seu tamanho era extraordinário"
Em Roguá os jornais dão destaque de capa a matéria:
O Clarão:
Monstros terríveis surgem em ankistante!
Noticídia:
Animais nunca vistos invadem reservas no norte de Combate, possivelmente vindos da floresta negra ou do grande abismo.
Folha de Holoiram:
Exércitos de vários países se juntam em Ankistante sob direção do Combate.
Diário de Odeo:
Serpentes enormes, aves anormais e estranhas surgem assustando comunidades inteiras, população foge para Sansma.
Rede Shampion:
Forças armadas montam acampamento em Ankistante.
Bibábria lança novo livro: 'Os dragões de Ankistante'
Dix se junta a Lumiére em nova canção, faz sucesso com 'dragão amarelo'
Nas sorveterias não dá outro, a criançada só pensa em dragão gelado.
(A criançada não sabe nem mesmo onde fica o Ankistante)
E o acampamento ficou montado por vários dias, mas nada de serpente gigante, nem albatroz, nem dragões.
Os novos trens da nova ferrovia deixaram de circular por precaução.
A draga amarela que derruba árvore na floresta deixou de trabalhar por precaução.
Os aviões que por ali passavam a noite com seus farois iluminando as núvens também deixaram de circular por ali na rota Odeo Holoiram.
É bem possível que não avisassem de antimão àquelas tribos que o progresso já havia chegado.
A estrada de ferro havia sido construída muito rápido.
Os aviões passaram a circular por ali.
A draga, não o dragão, também não avisara sua vinda.
De qualquer modo, o mundo já se beneficiara: nas sapatarias nos shoppings já estavam os sapatos com couro de dragão, as mulheres não resistiam o chapéu com pena de albatroz...no Teatro Moema o musical 'Dragões de Ankistante".
Nas docerias, lingua de dragão, nos comerciais de tv a noite presentinhos para 'o dragão da minha sogra'.
Ah, também nas festas a fantasias, o dragão estava em todas.
No recanto, os dragões de ankistante.