Sisana & Machadinha A CHUVA DE ESTRELAS
APAIXONADO PELO CÉU, Machado se prepara para o espetáculo tão anunciado pelos astrônomos. Os jornais dão destaques de capa para o fenômeno que acontecerá – uma chuva de estrelas.
Mas ele não se contenta só com o espetáculo. Justamente o evento celeste coincide com o seu décimo aniversário de casamento e Susana queria uma festa. Mas vê-se confrontada com um dilema. A festa teria de ser na cidade por causa dos convidas e Machado quer ir para o interior. Ele sabe que o espetáculo único poderá ser muito mais lindo se visto no campo.
Então Susana resolve fazer a vontade do marido, a saber, ir para o interior, ela quer agradar seu amado, com quem por dez anos dividia alegrias.
Sisana e Machadinha não vêem a hora de viajar para o interior.
Então ligam para o hotel de Coral, um hotel lindo chamado Rei da Montanha.
Quando chegam a Coral eles vão ao hotel e depois resolvem passear pela cidade. Mas as meninas não querem preferindo ficar no conforto do hotel. Melhor para o casal que curte seus dez anos de casados. Eles vão só pelas praças e jardins da cidade. Quando Susana olha para trás vê a fachada magnífica do hotel com aparência de castelo e assim ela se sente uma princesa.
E em Coral eles encontram uma loja com decoração em tons negros e marrom era o bar café. Ali eles tomam um Milk Shack de café espumante, depois provam o café com canela em taça lilaz.
Susana ama o passeio pela cidade sem as filhas por perto, requerendo atenção todo o tempo. Há tempos não se via assim, como namorada do marido. Dão as mãos e tiram fotos na praça das palmeiras onde ficam a conversar. Uma lua de mel no ano do décimo casamento, bem a calhar no dia em que faziam dez anos de casados e terminaria com uma chuva de estrelas.
Na sua Roguá o dia estava nublado, portanto em sua cidade não se veria o espetáculo.
Do outro lado da praça uma loja de doces finos e na sorveteria ao lado eles provariam o ‘beijo gelado’.
Jovens e idosos na praça passavam com lunetas na mão. Era uma noite de três de janeiro. O ano era 1986.
Em Coral haviam ótimos pontos de observação e havia a lenda do veloz homem estrela, ele visitara a cidade anos atrás. O herói da ficção estava estampado nos anúncios de lojas bem como em camisetas que davam boas vindas aos turistas.
E ele queria ver sua prima que não a via há vinte e cinco anos. Morava em Coral e se chamava Aluéte. Procurou a rua até que achou o local. Perguntando a uma garotinha esta disse que Aluéte morava numa casa ‘muito rosa’.
Já na casa de Aluéte ele observa a foto na parede onde o tio Jorge Asqueroso pedalava uma bicicleta de madeira, mas a foto era muito antiga, pois o velho Asqueroso, na foto parecia ter uns cinco anos.
Aluete fica muito feliz em ver o primo que a viu com apenas cinco anos, agora a encontra casada embora sem filhos. Ela quer falar sobre Roguá, Roguá é sua paixão e seu primo morava lá na cidade dos seus sonhos. Ela pergunta pela casa Claudio, também sobre o teatro Moema. Sobre a Bibábria a grande editora, ela quer saber.
Depois pergunta sobre como os dois se conheceram, há exatos dez anos atrás. Susana se entusiasma em contar:
-Ele tinha uma loja de flores e trabalhava com seu pai. Então meu pai vez em quando fazia ‘umas graças’ a minha mãe, romântico que era, vez em quando passava na loja e encomendava flores para minha mãe. E quem era o entregador? Machado. Mas ele ia entregar as flores para minha mãe...
-Mas quem recebia era ela – completa Machado sorrindo.
Enquanto os três riam, riam muito, uma gritaria começa lá fora.
Eles vão para fora da casa e lá estava o espetáculo. Num céu bem negro pontilhado de estrelas havia no lado oeste uma ‘chuva de estrelas’, pontinhos luminosos desciam rápidos do céu.
Tanto Aluéte quando Susana ficam bastante emocionadas. O espetáculo, no entanto dura apenas trinta segundos e tudo volta ao normal. Sim, a noite escura com seu céu negro pontilhado de estrelas.
No dia seguinte o casal vai ao hotel Rei da Montanha para apanhar as meninas Sisana e Machadinha e assim eles se preparam para o retorno a Roguá.
No carro, percorrendo a estrada na noite seguinte, Machadinha reclama:
-Não acredito que viemos tão distante para ver uma chuva de trinta segundos!