sem titulo

O dia surge lindo e quente. O sol brilha com uma intensidade invejável. O cheiro da terra ainda úmida pelo orvalho da madrugada torna-me ébrio de saudade.

Não sei ao certo o que faço aqui. Porque esta tão escuro? Por que as paredes parecem vir de encontro a mim, tomando-me o fôlego?

Lembro-me do teu sorriso, puxa, era avassalador! Sempre que me sorria parecia que o céu vinha ao meu encontro.

Teu beijo doce me fazia pensar em pêssegos, tua pele suave, tal qual a mais pura lã, me aquecia e confortava.

Toda vez que eu respirava tinha a certeza da vida!

Frio!

Por que parece que não posso enxergar? Bom ao menos me conforto em saber que estou aquecido, mesmo assim ainda sentindo frio, meu corpo estático, rígido. O que há?

Percebo o dia tão belo, as flores daquele jardim parecem compor um balé. Vejo a terra! Ainda está úmida do orvalho da manhã. Parece-me agora que estou vendo através dela.

Mas por que estou deitado? Pareço tão pálido! Porque estou me vendo como se...

As flores murcham rapidamente, o sol é encoberto por um grupo de nuvens densas e negras, o vento sopra ferozmente. Não sinto meu corpo, não consigo respirar! E esse gosto de fel em minha boca. Frio, frio, frio!

Onde está você? Porque não a vejo? Porque não estás do meu lado para confortar-me e me guiar para longe desse pesadelo? Abandonaste-me? Por quê?

Vejo a alegria e o sorriso sarcástico na boca dos vermes!

Comam! Saciem-se!

Podem devorar meu corpo, mas jamais terão a minha alma ou meu amor. Estes eu já não tenho mais, presenteei em vida ao meu grande amor e nela sei que sobreviverei!