Harpias (Miniconto)

O ar parado e um calor sufocante afligiam a todos neste 01 de abril de 1964. Lina andava rápido para chegar à escola. Há uma quadra do seu destino escutou o seu nome! Um senhor de cabelos brancos acenava. Olhou para os lados, e, como não encontrou ninguém, atravessou a rua, e foi ao seu encontro. O seu rosto parecia familiar. O velho pediu para ela separar uma briga no pátio da escola. Lina disse: Não! Balançando a cabeça. O homem tinha o rosto do seu pai. Não! Seu pai? Não! O seu pai não podia ser aquele velho magro e enrugado. Caminhou pela calçada em direção a escola. Sua mãe a segurava pelo braço. Como? Não!Não podia ser a sua mãe! Pois, ela nunca a acompanharia à escola! O sinal tocou. Lina estudou muito para participar da Maratona de Matemática. A mãe apertou o seu braço e lhe mostrou o céu. Dezenas de milhares de arraias negras de todos os formatos e tamanhos voavam. Não conseguia gritar! Seu corpo paralisou! As arraias negras agora eram harpias. Lina acorda! Acorda! Você não vai à escola, hoje! Como? E vou perder a Maratona de Matemática? O rádio acabou de anunciar as forças armadas estão no poder. Barulho! O rádio relógio toca. Lina levanta num pulo. Olha o calendário na parede e lê 2009. Percebe que estava sonhando. Ainda bem! Não sobreviveria a um golpe militar de novo!