Xamã.

Xamã

Um velho índio caminha pela estrada sem fim, ele olha pros raios de sol, sempre adiante, segue com sua velha calma e seus olhos semicerrados.

Nada passa despercebido por essa longa criatura chamada mundo, ele não seria o único a desaparecer por leves momentos, cruzar o deserto enquanto ao seu redor outras crianças morrem. Ele caminha cada vez mais até encontrar pequenos vestígios humanos (pedaços espalhados de pele por todos os cantos da grande rodovia do deserto).

Ele olhava pra sua grande mãe, seu céu era verde, pensava no que iria encontrar dali em diante, achou um velho crucifixo, e continuava a andar, embora alguns búfalos não existissem mais, ele sentia essa necessidade de ir pra cara.

“Ah... Ah...” Gritos o incendiaram a cabeça, precisava encontrar seu pai sol e sua mãe lua, Queria dar-lhes a alma dos lobos, dos chacais, ouvia os tambores da sua tribo,

_ “Mamãe papai eu quero matá-los essa noite!”

Venha baby para o meu final, venha para o fim da estrada, era o que ele ouvia. Tudo é o fim, era tudo o que ele podia ouvir no seu intimo.

Uma pequena bruxa tocou-lhe os ombros e disse:

_ Meu amigo, nesse inferno nada mais tem fim, a não ser, o que podemos ver.

Podia sentir os espíritos ancestrais chamando-o de lado e transportando-o para outro lugar onde todos são livres, onde todos são estranhos, até o fim.

Nada mais importa desde que se caminhe para onde se deseja.

**

Tambores soam na noite, fogueira, barulho, danças ritualísticas, corpos suados entre ações esvoaçantes, o ritmo frenético desvendam fantasmas em meio ao redor que todos vêem. Á indianos sangrando em meio toda a confusão, ele esta lá, o velho xamã que dorme, esperando por sucumbir olhos entre todas as leis, o ritmo é maior e mais suave que qualquer outra coisa, agora lento, lerdo, levitante. Não adianta ter pressa, tudo da ao fim, dançaram mais um pouco ate encontrarem-se com os deuses.

Tudo esta perdido, o velho enquanto voltava pra casa lembrava dos gritos e dos corpos, “ mundo novo onde esta você com meus olhos? Pai. Mãe, nada mais importa, a não ser a morte de você, para me tornar ancestral”.

Deimien Deinch
Enviado por Deimien Deinch em 15/04/2009
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