Tato, a arte de Tatiar
Toda à vez em que nos deparamos com um pedido inusitado, este nos arranca a gravidade e eleva o pensamento em poder ou não corresponder ao pedido, mas o que é um pedido senão estabelecer na alma do ser um conflito para simplesmente saciar o desejo do outro. Isto me ocorreu um dia desses, um pedido inusitado de uma bela mulher.
A guerra, o puro desequilíbrio, opiniões diferentes sobre um mesmo ponto de vista. Neste momento, o soldado, aquele de espírito acorrentado e o poeta, aquele de espírito livre, apreciam o belo. O soldado em um ato de coragem tem que matar o belo. O poeta em um ato de covardia prefere morrer pelas mãos do belo. O soldado em sua covardia tem que fechar os olhos para matar. O poeta em sua coragem tem que fechar os olhos para morrer. Ambos ignoram o belo em busca de saciar o desejo alheio, só assim, de olhos fechados e com um desejo alado é possível ver, uma mulher com sorriso de menina.
Tinha um “quê” de inocência em teu sorriso, era leve, transparecia a alegria em viver, parecia que a vida com seu sarcasmo sombrio não o havia ainda maculado. Havia um prazer sutil na pena do poeta em vê-la sorrindo menina, seu corpo tinha um “quê” de ousadia, era sexy, transparência febril em viver, parecia um sarcasmo imaculado iluminando as sombras da vida. Havia um prazer sutil na arma do soldado em tê-la mulher.
Incansáveis batalhas entre vê-la e tê-la. Incansáveis delírios entre borboletas e flores. Tudo misturado pairado no ar. Bela borboleta sobre a pele morena e perfume de flor que o vento espalha no ar. O soldado com sua ânsia em dançar doidamente ao vento para sentir o perfume emanado da flor de sua pele, saia de si. Enquanto que, o poeta queria pousar livremente em teu corpo como a borboleta para desvendar seus segredos.
O conflito determina a intensidade do sofrimento e do prazer, enquanto o soldado e o poeta vivem a batalha do te ver e do te ter.