REM (miniconto)

O livro cai das mãos! Nas ruas um líquido, pastoso, escuro escorre. Aqui e ali, frutas e legumes carregam no interior o movimento das larvas esbranquiçadas das varejeiras. Presto atenção, para não pisar nos restos em decomposição. Um homem curte a sua bebedeira deitado no caminho. O menino enfia o dedo no nariz e olha para a mãe. Procuro pelo livro e não o encontro. Lembro dos últimos momentos da personagem. Os olhos de Gregório Samsa me fitam esfomeados; bem peculiar, a voracidade de um gafanhoto. Tudo ao meu redor se cruza e entrecruza. Agora me vejo diante da G.H., saboreando o inseto. No quarto ao lado o especialista do sono, monitora as minhas atividades cerebrais, cardíacas e musculares.