UM MARIDO RICO

Certa vez uma bela jovem e muito pobre, aspirava casar-se com um homem muito rico. Em seus sonhos e devaneios imaginava-se em um palácio sendo tratado como uma rainha e um séquito de criados e súditos a fazer todas as suas vontades.

Um nobre cavalheiro ciente dos desejos da jovem conquistou aos poucos a família, até chegar ao seu coração. Foi rápido até chegar o dia do casamento. Ela toda feliz ansiava para chegar em sua nova residência e iniciar logo seu reinado.

As surpresas não paravam de acontecer sua casa, este susbstantivo era modesto para descrever o palacete que ela deslumbrara ao descer do carro importado. Os empregados de uniforme a olhavam timidamente, sorrindo.

Tudo maravilhoso, perfeito. O marido esmerou-se em carícias mágicas, inesgotáveis, e o corpo da jovem ainda um pouco assustada entregou-se a volúpia e ao prazer como nunca pensou existir.

Aquilo era uma delícia, jamais soube que existia tanto prazer assim... Carícias, luxo, sexo, poder...

Dias e noites se passavam e ela não se dava conta de como era cada vez mais feliz, parecia até que não dormia ou que não acordava.

Até que um dia, ouviu um ruído seco que a assustou sua pele se arrepiou toda, saiu um pouco de sua rotina, não encontrou em sua boca a boca do amado, não viu ao redor, o corpo esguio e moreno do amante. Sentiu um certo temor. O que estava acontecendo.

De repente tudo ficou escuro. Gritava desesperada: Acendam as luzes! Nós pagamos para ter luz!

Rápido acendam todas as luzes! Que infermo é este?

Estão surdos! Quero todas as luzes acesas. Berrava.

Depois de um longo tempo, cansada, sem ser atendida, sentou-se na cama. Sentiu uma onda forte remoer-lhe o estômago, fome. E começou a gritar, estou com fome! Logo depois sentiu muita sede e continuava a gritar! Quero água. Parecia que todos naqueles momentos não a escutavam. Lá fora uma tempestade forte varria o espaço.

A jovem triste e cansada, conseguiu finalmente enxergar alguma coisa naquela penumbra... Enfim, lembrava-se o cheiro forte e ruim. A sensação de sufocamento. Seu marido tinha os olhos injetados de tanto ódio, violência, maldade.

Em sua lembrança chamava: - Mãe, mãezinha, onde estás????????? Ouviu ao longe uma prece, e uma voz muito chorosa dizendo:

- Guarda Senhor, minha filha, onde ela estiver agora, livre-a do mal, do inimigo, envia-lhe seus anjos para que ela encontre o caminho da paz. Senhor perdoa minha filha. Amén.

Lembrou-se de sua infância na cozinha com sua mãe quando aprendia a ler e escrever. De repente, um vento mais forte, arrebentou a tampa do sepulcro onde jazia seu cadáver e um milhão de vampiros vieram sugar-lhe a alma. Ela gritava e se debatia: - Socorro, não quero ir.... SOCORRO, SOCORRO!!!

A jovem conseguiu por milagre acordar do terrível pesadelo e voltou-se para sua realidade. Nua, ainda meio drogada num quarto da favela onde morava com seu amante, um próspero negociante de substâncias alucinógenas. Jurou que voltaria a vida normal. Isto poderia ser amanhã, quem sabe depois de amanhã, mais um pouco de prazer.

Nem sua mãe ouve mais seus gritos, sua alma tão atraída por poder, luxúria e riquezas ilusórias partiu e vaga pelas dimensões do universo.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 25/02/2009
Reeditado em 16/12/2011
Código do texto: T1457323
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