Uma madrugada inesquecível

 
Henri levantou pelas 11 da manhã daquele sábado com uma ressaca danada.

Aidée sua mulher, ainda dormia.

- Maldito whisky nacional (pensou).

Ah...Henri era um advogado decadente, constantemente de porre e sempre com um maldito charuto fedorento na boca...

Muitas vezes em suas alucinações, bebedeiras madrugada a fora gritava imprecações da sacada do 23º andar e lançava garrafas de whisky e de cerveja sobre a calçada.

Fora advertido muitas vezes pelo senhorio, sem solução...

Aidée era uma mulher ainda atraente aos 45 anos de idade, sensível, depressiva e asmática.

Henri colocou duas fatias de pão na torradeira e preparou o café da manhã (um pouco de conhaque na xícara fervente...)

Lambiscou as torradas e tomou o café num gole só.

A chama ardente percorreu suas veias causando-lhe um arrepio.

Olhou de esguelha para o espelho na copa e inquietou-se...suas mãos tremiam.

- Acho que preciso me refazer!

Acendeu o charuto fedorento e serviu-se de uma dose de whisky on the rocks...

- Jack Daniel’s é com certeza revigorante, melhor que cocaína (pensou) e serviu-se de mais
 uma dose e de outras mais...e, repentinamente escureceu.

Aidée ainda dormia.

Henri estava agora em seu lugar favorito – a sacada no 23º andar...

Lembrou-se do dia que teve uma briga feia com Aidée e tentara esganá-la depois de esbofetear-lhe muito no quarto do casal.

- Ah...pensou, que tempos aqueles, como éramos briguentos e imaturos.

Serviu-se de mais uma dose do bondoso Jack (este não lhe causaria aborrecimentos no dia seguinte).

O sol da manhã surpreendeu-o cochilando no velho sofá da varanda.

O charuto fedorento caído ao lado, abrira um enorme buraco no tecido claro do móvel...

Tossiu, deu dois peidos e cuspiu no vaso de gerânios.

Ouviu os passos que se aproximavam, troc..troc..troc...troc...

- Papai, por que fizestes isto com a mamãe?

Era, Carlos, seu filho único a encarar-lhe furiosamente!

Henri levantou-se e foi para o quarto de casal.

Dormiu ao lado de Aidée até a polícia acordá-lo horas mais tarde.

Aidée fora estrangulada e Henri até hoje não sabe o que aconteceu.

Está há muitos anos internado no Hospício da capital.