Ascensão e Perdão (Um Conto em Luz e sombras)

Os Anjos do Amor, Paz e Luz, escolheram, em mais uma raridade cósmica, um homem bom, humilde e simples para ser iluminado com a Energia da Criação: Nasceu um Poeta!

E o Poeta trilhou sua vida, cumprindo o Dever Sagrado, desvendando os segredos da Alma, hasteando a bandeira do sonho e esperanças. O vil metal não atraía aquele Homem.

Era chamado de “louco” pelos ignorantes às coisas divinas e adorado pelos puros corações.

O Poeta entendia os sentimentos sutis dos homens, fonte de conquistas das amizades mais puras. Ele perfumava, com hálito de rosas, os corações de seus irmãos.

Os filhos de Satã observaram os dons do Artista. No afã de conquistar os puros e utilizá-los em finalidades maléficas, sentiram inveja do Poeta. Entendiam que estavam perdendo espaços sociais em seus projetos de tirania. Espalharam boatos maldosos e os rumores nas rodas de conversas mesquinhas, comentavam:

“- O Poeta vai disputar cargos políticos!...”

“- Ele está crescendo, preparando-se para ser legislador ou governante!...”

A cada dia, aumentava o antigo costume dos homens de julgar uns aos outros de acordo com seus sentimentos mais torpes...

Uma corja de invejosos combinou destruir o Poeta, utilizando-se de vis calúnias e joguetes politiqueiros...

(“Vede que vos mando como ovelhas no meio dos lobos”- Mateus, 10:16)

Impedido de divulgar suas obras em livros, escrevia belas composições na pauta da Vida e bradava seus versos de solidariedade aos oprimidos, nas praças, esquinas e nos cimos das montanhas, ovacionado pelas pessoas mais simples. Acusado de agitador e de subversivo.

Não encontrando como o encarcerar, -principalmente pelo apoio popular ao Poeta, -armaram uma “prisão social”, provocando falta de oportunidades oficiais para divulgar obras, omitindo seu nome e poemas de antologias e coletâneas.

Aquelas ações não conseguiram a desistência de viver do Poeta.

Continuou ajudando as pessoas necessitadas, auxiliando os perseguidos pelos donos do Poder dos Reinos da Terra, esquecendo-se de si próprio.

Alheio ao banal viver, o Poeta escrevia no Altar Dourado da Inspiração, conseguindo um aconchego no Templo da Esperança e Pureza Humana.

Por mais sofrer enfrentasse, mais Anjos de Luz aproximavam-se daquele Homem Bom, inspirando-o com belas obras literárias.

(“Na paciência possuireis as vossas almas” - Mateus, 21:19)

A Luz elevou o Poeta. Os satânicos não mais puderam ver o Artista. Elaboraram um plano, utilizando seguidores de uma das maiores incoerências humanas: um Partido Político doente pelo vírus do Leilão da dignidade e honra, em troca de favores no Sistema de Ascensão Sócio-Econômica.

Um dia, no Calendário da Incoerência Humana, uma turma de lobos vorazes em forma de gente, elegeu o Mundano mais indicado por sua empáfia, lábia e sagacidade de calão. Mandaram-no profanar o Templo da Harmonia Sem Fronteiras:

MUNDANO:

“- Companheiro, qual o teu Partido, qual a tua ideologia? És de alguma Organização Politizada?”

O POETA:

“- Partidos? ... Divididos...

Partidos: Divisões de homens na ânsia pelo poder efêmero... Se Partido fosse bom, não seria partido, seria inteiro!”

MUNDANO:

“- Companheiro, penses bem, podes ter posição social! O Partido pode dar um cargo governamental! Então poderás editar tuas obras!...

O POETA:

“- Companheiro?!...

Outros chegaram aqui me querendo como “irmão”...

Agora, quando sou conhecido e admirado?!

Quando eu não tinha influência sobre a opinião popular, não chegastes à minha porta para ouvir meus poemas. Agora queres que eu seja teu companheiro de idéias, ao notares poder usufruir algo de mim? Nada quero dessas Instituições corroídas pela ganância, vendetas sociais, patrocinadas pelos interesses de grupos econômicos, ávidos pelo crescimento financeiro, sem preocuparem-se com a depredação ambiental!

Não ofereças posições sociais passageiras e propostas de mando. Vivo da Liberdade! Não posso colocar grilhões na minha criatividade, sendo serviçal de um Sistema corrupto!

Não posso ser algoz! Quem tem poder de mando, sempre oprime ânsias de alguém ao não poder atender todas as expectativas existentes nos universos das mentalidades dos cidadãos!”

MUNDANO:

“- Penses bem! Poderias melhor divulgar tuas obras e ajudar outros artistas! Teu nome poderá chegar onde nunca imaginastes!”

O POETA:

“- Conheço as vilanias e me mantenho longe delas. Sei como colocam pessoas em cargos, nos quais não têm devidas autoridades; sem darem necessários apoios, somente para enlamear os nomeados, na sarjeta da difamação e da incompetência!...”

MUNDANDO:

“- O Partido dará condições para Projetos e o salário é muito bom! Experimentes por um tempo. Pegarás gosto!”

O POETA:

“- Não aceitaria algo, pensando nos meus interesses pessoais. Por obséquio, não uses argumentos tirados do teu próprio entendimento.

Teu julgamento apoiado nos recônditos sentimentos de ganâncias não pode harmonizar-se com meus sentimentos. O grande mal da humanidade é julgar de acordo com suas próprias crueldades, supondo a pior reação dos outros, nos momentos mais difíceis do viver!...

Onde podes me levar, além de cargos passageiros e ovações compradas de hipócritas? Tudo isso é esquecido com o tempo!...

Ninguém pode fazer mais que o meu Pai Celestial, fonte de toda Luz, Doador do Dom Supremo da minha Arte!

Deixai-me com a Arte. Ela é Eterna. Teus cantos de sereia não são delícias para meus ouvidos acostumados aos coros angelicais!...”

(“Afastai-vos de mim os que obrais a iniquidade” - Mateus, 7:23)

MUNDANO:

“- Egoísta! Poderias fazer algo em prol da comunidade!

És um louco! Por este motivo nada possuis! Não te unes aos homens, estás sempre fora das Organizações que governam o mundo!”

O POETA:

“- Governam o mundo? O teu mundo! Eu não sou deste mundo. Tenho tudo na Eternidade!

Passeio no mundo em roda-viva, diariamente num renascer!

Fica com teu governo de um mundo passageiro. No futuro, poderás me procurar e te darei defesa diante dos Anjos! Hoje, trabalho para a Eternidade!...

(“Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos”- Mateus, 8:22).

E o Poeta saiu rindo, rumo ao Sol, com asas douradas, brilhando nas Águas da Purificação Infinita... O Mundano não entendeu e acusou o Poeta de Ilusionista!

Noutro dia, distante, perdido nos labirintos da desilusão, aquele Mundano, mensageiro dos satânicos, lembrou do Poeta. Na dor das perdas de saúde e decepções, lembrou das palavras do Poeta.Recebeu gozações, disseram que o Poeta estava muito ocupado com a própria ascensão na Hierarquia Celeste, não podendo descer aos reinos inferiores.

Desta maneira, reconheceram a superioridade do Poeta e o quanto eles estavam afundados na lama dos desejos mais torpes...

O mundano não perdeu esperanças, entregou-se às orações. Num dia muito especial, viu um raio de Luz, ouvindo o Coro de Anjos balbuciando um belo poema. Naquele momento, foi batizado um Novo Artista, ressurgido no abrigo das Bênçãos Celestiais. O Novo Artista viu a face daquele Poeta que ele ajudou a perseguir e caluniar quando era simples Mundano mensageiro dos satânicos.

O Poeta pegou na mão do Novo Artista e o elevou num vôo além pensamentos, rumo ao Infinito!...

E assim acontece,

no gira-gira,

no vai-e-vem

terrestre...

Esta história é Infinita, continua em cada Homem sensibilizado pela Luz da Arte do Viver...

(“Todo Reino dividido contra si mesmo, será desolado; e toda a cidade, ou casa dividida contra si mesma, não subsistirá!” - Mateus, 12:25)

Palmares, janeiro/1993 e em agosto/1998

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“O mundo está louco. A Solução possível é o advento de uma nova realidade, alcançada através de um regresso deliberado à inocência das fantasias infantis e à onipotência dos sonhos.” (André Breton)

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© Jaorish Gomes Teles da Silva

Do livro RECICLAGEM DE SENTIMENTOS (1ª Edição publicada aos 7 de Setembro de 1998, 2ª Edição publicada em março de 1999 e 3ª Edição publicada aos 30 de Dezembro de 2004).

Mais informações e venda do livro no site do autor: www.jaorish.xpg.com.br

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Jaorish
Enviado por Jaorish em 27/12/2008
Código do texto: T1354751
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