Do universo onírico ao microcosmo apodítico
Prefácio
Para começar, não posso dizer que essas poucas e concisas palavras folhas, é uma história, um romance ou uma tentativa de esclarecimento sobre o que é real ou imaginário.
Não obstante, criar uma coisa em sua própria mente personificá-la e dar-lhes características próprias já é um grande esforço. Consoante que “ver cada coisa em sua verdade é o primeiro passo para sua criação.” Como disse Henri Matisse, “Criar é expressar o que está dentro de si.” Aqui você encontrará uma série de acontecimentos que se entrelaçam por ironia do destino ou vontade da providência. Tudo o que está escrito aqui é pura dúvida no que concerne à realidade ou a imaginação.
Mas, será que também não somos personagens da mente de alguém? Porque se Deus nos criou saímos da sua mente e não passamos de seres artificiais. Ou será que não? Certamente não é aqui que vocês vão encontrar as respostas para essas perguntas. Mas, é indubitável, que depois de lerem tudo o que está escrito, começarão a pensar um pouco mais sobre o que é real e o que é imaginário.
Edivan Santos
Tudo começa com alguma coisa. Isso é indubitável, ou não? A história de Eduardo e Patrícia começou numa bela tarde de verão. Eduardo tinha saído do mar, estava indo em direção a sua casa que não ficava longe da praia. Eduardo era um surfista que não dispensava uma boa tarde de surf. Patrícia tinha saído do cursinho de verão de conversações em alemão. Os dois se encontraram na orla e trocaram um breve e conciso olhar, nada mais.
Eduardo foi para casa e depois de ter tomado banho, foi para um restaurante jantar. Jantou pensando naquela que nunca tinha visto antes, mas, que não conseguia esquecê-la, não entendendo o por que . Patrícia era de fato muito linda, era morena, alta e de olhos verdes esmeralda. Tão brilhante que poderiam se assemelhar a cidade do Mágico de Oz.
Patrícia, logo após terminar o jantar, se preparava para sair com as amigas, mas nem se lembrou do surfista que encontrou à tarde, pois era muito linda e não faltavam homens fazendo comentários sobre sua afável beleza. Não era agora que iria ficar pesando em um surfista. Ou será que iria? Não era o tipo de surfista malhado e bonitão, mas Patrícia não negava que era bonito.
Às oito horas, Eduardo recebeu uma ligação de Jorel, seu melhor amigo. Seu velho amigo de infância estava convidando-o para saírem “por aí”. Por alguns minutos ficou indeciso, mas logo decidiu que sim: iria sair.
Patrícia e Eduardo saíram, separados evidentemente, pois ainda nãos se conheciam (Não obstante não tardaria a acontecer). Por ironia do destino, causalidade ou decisão da providência, os dois se encontram à noite. Eduardo lembrava perfeitamente daquela beleza exuberante que denotava inocência e malícia, não de forma provocativa, mas ingênua. Patrícia, essa sim só tinha uma vaga lembrança. Jorel tentou incitar o amigo a ir falar com ela, mas Patrícia e nem olhava para ele, mas o desejo de estar perto dela era tão grande que conseguiu vencer o medo de ser ignorado.
Então ele decidiu ir. A conheceu e conversou um pouco com ela.
ІІ
No dia seguinte, Eduardo quando estava saindo da praia de súbito encontro-se com patrícia novamente. Os dois sentaram-se em um banco de madeira que estava situado ali perto, e conversaram sobre todo tipo de coisa, até as mais indiferentes aos dois. Por mais que as aparências conspirassem para o contrário, eles tinham tanta coisa em comum tanto quanto as aparências demonstravam total disparidade entre os dois.
De uma tarde quente a uma noite fria. Por mais que a conversa tivesse sido afável e um tivesse gostado do outro, os dois resistiram mesmo estando os dois com uma vontade e ansiedade de fazerem amor, resistiram. Mas, não conseguiram por muito tempo.
Depois do ocorrido naquela noite, ficar todos os dias era algo corriqueiro. No entanto Carla, uma das melhores amigas de Patrícia, uma das que estariam mais tarde com os dois não estava conseguido aceitar esse relacionamento. Mesmo sem nenhum tipo de preconceito ou inimizade por Eduardo, Carla mesmo sem uma convincente explicação, sentia que alguma coisa estava erra e que esse relacionamento não duraria muito. Algo tão lindo e “perfeito” não pode existir, e se existir não é para nós mortais, afirmava ela.
Passadas duas semanas, estavam Eduardo e Patrícia sentados em frente à casa de Eduardo em um pequeno banco afixado na alameda de sua casa, ali se encontrava um belo jardim com todos os tipos de flores possíveis (Tulipas, Magnólias, Azaléias...) visto que Eduardo era formado em biologia e adorava a natureza. Diferentemente de Patrícia que era Executiva e não tinha tanta afinidade com a natureza tanto quanto com os sentimentos de amar o próximo. Ela vivia um dia de cada vez não se importando se as pessoas que estavam ao seu redor tinham planos com ela e para ela. Ela ignorava qualquer forma de amor. Mas dessa vez, era diferente.
Ele imerso em pensamentos olhou para Patrícia e disse:
-O que agradaria uma mulher tão linda como você? Eu quero aprender tudo sobre você me daria esse emprego? Ela, sem saber o que responder, pois, apesar de estarem juntos ela nunca foi de gostar de romantismo, ficando perplexa atônita sem saber o que responder. O que estava acontecendo comigo? Perguntava-se Patrícia a si mesma.
-E então? Perguntou Eduardo.
-É... Não sei... –Respondeu Patrícia.
- Não sabe?
-Sim. Mas seja mais direto.
-Quer namorar comigo?
-Eu preciso pensar um pouco. Estou confusa com tudo isso acontecendo de repente.
- Conversaremos amanhã. Tudo bem? Perguntou Patrícia.
- Claro, respondeu Eduardo com uma concisa afirmação.
- Então até amanhã.
Patrícia saiu da casa de Eduardo com esse pensamento que não saia da sua cabeça, e que mesmo tentando pensar em trabalho ficava confusa e não conseguia se concentrar. Quando foi dormir, deitou a cabeça sobre o travesseiro como se estivesse se apoiando em um Oráculo para responder suas dúvidas e seus anseios.
ІІІ
No dia seguinte, Eduardo telefonou para Patrícia sugerindo um jantar. Ela disse que seria muito afável, não obstante preferiu um almoço.
Quando os dois estavam em um restaurante, começaram a conversar e Eduardo ansioso pela resposta, perguntou:
- E então? E patrícia respondeu:
-Sim. Aceito namorar você. Dividir meus defeitos e minhas qualidades.
Eduardo quase não falava de tanta alegria, assim como ela também estava demonstrando estar. E de fato estava.
As semanas se passavam tão rápido quanto os segundos. Os dois pareciam que já se conheciam há um século... E talvez mais. Um dia como outro qualquer, estavam os dois deitados juntos, quando de repente, começaram a conversar e Eduardo falou sobre teorias sobre o universo... Eduardo dizia que queria passar o resto da vida com ela. E em uma reação que pareceu mecânica perguntou:
-E se tudo acabasse agora? Se não restasse nada?
- Do que você está falando está tentando acabar tudo?
- Não, claro que não!
- Foi um pergunta filosófica!
- Só estava pensando se tudo desaparecesse, se esse mundo no qual vivemos não fizesse sentido? Se fosse tudo uma mentira?
- Sou de verdade! Respondeu Patrícia.
-Eu sei! Não duvido, tanto que a minha existência se resume à sua. Só vivo se você viver. Só existo se você existir...
- Adoro quando você fala desse jeito, mas não obstante, temos assuntos mais substanciais para falarmos... Não vamos nos preocupar com essas coisas, nenhum de nó dois está vivendo na mente de um Dom Quixote¹.
- Então deixa pra lá... Vamos mudar de assunto.
- Com todo o prazer!
No dia seguinte, os dois saíram pra uma festa de uma amiga onde encontraram Jorel e Carla e outros amigos. Eduardo por mais que não tenha comentado sobre aquela conversa com patrícia, passou a noite toda pensando naquilo.
Eduardo olhou para patrícia, passou a mão suavemente pelo seu rosto e lhe deu um beijo. E perto do se ouvido cochichou baixinho dizendo; meu coração de que parece ser feito de cera, está ardendo como em larva de um vulcão. Ando sem sossego, minha mente está confusa meu coração sempre bate acelerado quando chego perto de você, e não é por timidez.
Parecia uma declaração sem nexo, pois eles já estavam namorando e não tinha um porque para ele ficar falando essas coisas que os homens só falam quando estão tentando conquistar alguém.
Então Patrícia começou a pensar se de fato aquilo estava acontecendo, se ainda existiam homens assim ou se não passava de uma ilusão fortemente criada, se não estava em coma profundo sonhando com aquilo.
Saíram juntos e foram pra casa de Eduardo. Logo cedo Patrícia acordou e saiu para sua casa, lembrando a Eduardo que iria viajar a trabalho e que só voltava em uma semana.
Uma semana se passou e Patrícia retornou. Durante essa semana, Eduardo no tempo livre que tinha, Lia Nietzsche, Platão, Hurssel, Hiedger, Sartre, entre outro, pois gostava muito de filosofia independentemente de correntes filosóficas. Também ouvia Tchaikovsky, Mozart, Beethoven, Rossini, Back, Pavaroti, Chopan e muito outros.
Logo que Patrícia chegou, ligou para Eduardo avisando sobre sua chegada.
E então Eduardo combinou para saírem eles e os outros amigos. A noite estava fria e suave. Estavam todos juntos na casa de jorel. Eles e outros amigos. Jorel que há muito já olhava para Patrícia, consegui ficar com ela. Jorel estudava literatura e Carla estudava Engenharia de materiais.
Quando Patrícia e Eduardo estavam em casa olharam-se ardentemente e começaram a fazer amor. De uma maneira que nuca aconteceu. Ele deslizando suavemente suas mãos pelos lindos seios de Patrícia e seu belo corpo estrutural que se assemelhava a Vênus de Botticelli. Quando Patrícia acordou, viu uma folha de papel amassada sobre a escrivaninha de Eduardo, pensou se deveria olhar ou não. Mas, a curiosidade foi grande e ela o desembaraçou. E leu o que estava escrito. Era um soneto que estava escrito o seguinte:
Estou escrevendo palavras de amor
Com a caneta do desespero
Que me faz tremer ao vento
Como a última flor de uma árvore que está morrendo.
Não é o que quero, é o que sinto.
Um instinto insólito
que faz-me desejar-te a cada
minuto que respiro. E respiro o teu ar.
O teu perfume é uma doce promessa
que me faz chorar lágrimas de sangue
com olhos de esperança.
A única coisa que me faz viver,
É saber que todos os dias
Posso te ver. Todos?
Eduardo tinha escrito esse soneto para entregar para Patrícia, mas tinha desistido e iria jogá-lo fora. Não sabia o porquê de ter escrito aquele soneto tanto quanto não entendia o porquê de a humanidade existir. Apenas tinha escrito. Assim como a humanidade existia. E Patrícia tinha gostado tanto do soneto que decidiu ficar com ele, mas, antes pediu a Eduardo ele disse que não tinha problema visto que foi escrito para ela.
Encontrou-se em uma bela manha de primavera, suave e fria. O céu ainda estava nublado, mas ao que tudo indicava não iria chover, e não choveu.
Quando os dois estavam juntos, Eduardo colocou a mão dela sobre seu peito e disse meu coração está acelerado por estar perto de você. Consegue perceber? Perguntou Eduardo.
- Sim, mas...
- Ele sempre fica desse jeito quando estamos juntos... Já sabe disso não é?
- N... S...
- Ele bate tão forte... ²Tão forte como as ondas do mar, com uma diferença: o mar é estúpido e idiota bate sem sabe o porque. Meu coração sabe que bate por você.
Ela não sabia o que dizer. Essa história estava parecendo mais um conto de fadas do que a realidade. Tal como ela é. Levando Patrícia a pensar um pouco mais sobre o compromisso q era assumir que uma coisa de fato e em fato existe. Se a história de Romeu e Julieta não fosse tão trágica os dois poderiam se confundir com os nomes e acharem que estavam em Verona.
Logo depois do passeio, foram para a casa de Patrícia, onde Eduardo nunca tinha estado. Os dois fizeram amor até tarde, os corpos se entrelaçando, não de uma forma vulgar, mas de uma forma mágica. Os belos seios de Patrícia mais pareciam suaves maças tentando Eduardo. Mas, não era tentação. Era um desejo de se amarem, totalmente diferentes. Chegar juntos ao orgasmo de uma forma que nunca tinham os dois chegado.
Levantaram-se e se arrumaram para saírem. Eduardo telefonou para Jorel passar na casa dele e pegar uma roupa que ele indicou. E que Jorel fosse de carro para saírem juntos para uma noite. E se ele preferisse convidariam Carla. Jorel aceito.
Estavam Eduardo e Patrícia dançando, Jorel e Carla tinham saído para a rua. De repente, ouviram um som de batida de carros, e Eduardo pensando Jorel estar envolvido, foi ver se de fato era o que pensara. Patrícia tentou impedi-lo não obstante foi em vão. Eduardo saiu para ver o acontecido. Neste momento em que ele saiu, um carro desgovernado o atingiu. Neste curto espaço de tempo, Eduardo refletiu sobre toda a sua vida. E percebeu que a esse mundo não pertencemos e que dele nada levaremos e ainda nem sabemos para onde vamos...
De repente tudo vem, e súbito tudo vai. O que existia não existe mais. Essa foi a última coisa que veio à sua mente. O que certa vez tinha dito para seu amigo Jorel. Quando Patrícia chegou à frente viu Eduardo pela última vez. Estava sentindo que era o fim. E imaginou sobre tudo o que tinha acontecido entre os dois, e pensou que se não tivesse vivido intensamente, sua vida teria sido em vão. Foi quando teve a certeza que se estar amando é melhor amar intensamente, porque se for para programar sua vida o amanhã pode não chegar.
Seria muito trágico se tudo fosse rela. Neste momento, Eduardo pulou da cama acordado com o barulho da campainha. Assustado, ele por alguns segundos ficou atônito com aquele sonho que parecia tão real... Andou um pouco no seu quarto ainda sem entender tudo aquilo. Foi até o banheiro defronte ao espelho, olhou para aquela imagem. E pensou: Uma imagem, algo que não sonha não tem pesadelo, não está susceptível ao erro.
Olhou para a secretária eletrônica, com um recado. Colocou-o para ser executado. Tinha uma mensagem da sua namorada que dizia o seguinte:
- Oi amor! Dom dia, quer dizer quase tarde... Espero que queira jantar comigo hoje à noite estou esperando você ligar. Até mais, beijos.
Enfim, Eduardo antes de ir atender a porta, olhou mais uma vez para sua imagem refletida e disse:
- Foi um pesadelo, foi só um pesadelo.
Notas:
¹Personagem do livro de mesmo nome. Escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes. (N.A).
² Citação retirada de Quincas Borbas, personagem de mesmo nome do livro. De Machado de Assis. (N.A)