RENASCIDO DAS CINZAS - PHOENIX

Seu pai era um "homem de negócios" com extremo poderio de fogo. Quando da sua passagem, o primogênito, muito embora não tivesse o direito de sê-lo, em razão do incesto praticado contra seu falecido pai, tomou a frente dos negócios. O irmão mais moço — jovem com determinação e grande poder visionário — passou a ser perseguido pela comunidade que, de todas as formas, o cercava. Tecnologia das mais avançadas foi utilizada para monitorar todos os seus passos e, assim, protegê-lo das nações opressoras. Mas a rebeldia do novo varão, e as aventuras com uma dama escartale, o levaram a terras estrangeiras, onde seu exército não gozava da influência existente em sua terra natal. Pronto! Um prato cheio para as nações opressoras. Através de radio-difusão e chips ligados a computadores de última geração as nações opressoras passaram a, literalmente, cuidar da vida do pequeno. Com o intenso monitoramento, iniciou-se a batalha de várias nações contra o pequeno solitário que, a propósito, de solitário não tem nada. E isto porque, além da força de qualquer ser humano, povo ou nação, o garoto tinha em seu coração os dons divinos. Em especial o de visão, que lhe aflorou a pelo quando teu Pai santo o permitiu. Confusão generalizada na cabeça do garoto que, a ponto de transbordar e beirando à loucura, buscou em família auxílio contra o exército opressor. Ledo engado. Foi então que os opressores se organizaram e tramaram a sua passagem, inclusive com aceite de vários familiares seus, que não o querem ver reinar sobre o grande império contruído pela família, porquanto acreditavam ser seu coração bom demais para tal encargo. A tentativa de envenenamento, por mercúrio, não restou exitosa. Atiradores de elite se posicionaram no prédio vizinho e, a todo instante, demonstravam seu poderio de fogo. Ironia do destido, pois, em verdade, o negócio de sua família é, exatamente, a comercialização de material bélico que inclusive serviu para armar as nações opressoras e, neste momento, ameaçavam verdadeiramente sua vida. Apesar de tanto, cercado pelos quatro lados, o jovem garoto conheceu o verdadeiro poderio do armamento de seu pai celestial que, por desmotivada compaixão, o agasalhou sob suas asas, o armou com a couraça da justiça, o capacete da salvação e, mormente, com olhos espirituais — além dos que dispõem a águia e o lince. Acompanhando tudo de perto, as nações opressoras organizaram-se novamente no intuito de dar cabo à vida do rapaz que sabia muito e falava mais ainda — talvez porque não estava pronto para o combate. Mas Deus o capacitou para toda e qualquer batalha, de modo que tornou-se guerreiro altivo, conhecedor profundo das técnicas e armas mortíferas. Foi então que, após súplicas de três dias em jejum e sem colocar a cabeça no travesseiro, Deus também o concedeu o dom de visão. Daí pode enxergar além, com os olhos espirituais, e contemplar todas as atrocidades que contra ele estavam engendradas. A morte era certa! E o caminho, um acidente de avião, à noite, com chuva forte, e uma boa dose de bruxaria. Inevitável. O pior/melhor veio à tona. Muitas piruetas pelo ar, e os opressores já cantando vitória quando, por inacreditável que possa parecer, o jovem varão deixa sua mortalha enlatada sem qualquer vestígio de destruição ou dor. Olha aos céus e vê, para o lado da fronteira com os países inimigos, uma intensa e poderosa luz vermelha que muito lhe assombrou. Então. O que fazer? Cerca de 60Km de qualquer forma de civilização organizada, não teve para onde ir. O medo desapareceu. A luz divina lhe clareou os pensamentos e os olhos espirituais disseram porque vieram. Ao longe, uma lanterna acesa, uma casa velha, empoeirada. Melhor um pequeno armazém/bar, onde os locais se reunem para comprar e também se encontrar. Estranho, tudo vazio. Mas a luz acesa. De repente um cão avermelhado mostra sua face, bradando contra o invasor de seu domínio. O jovem esboça medo. O cão insiste em bradar. Já recomposto pela imagem daquele cão insano, o jovem usa de sua autoridade por aquelas terras para fazê-lo aquietar-se. Por óbvio o animal obedece. O silêncio toma conta. Nenhum ser humano vem receber aquele jovem desprotegido, mas de pé. Foi quando percebeu que perto dali existia uma tribo de nômades aos quais foi procurar por socorro. Todas as tendas apagadas. Exceto uma, a central. Nela jazia alma há muito perdida, que não se prontificou a abrigar o jovem perseguido. Sem ter alternativa, o garoto iniciou sua caminhada quando, em uma fazenda próxima percebeu luz, e até lá se dirigiu em busca de socorro. Também em vão. Apenas cães ferozes querendo devorá-lo. Nenhuma alma dignou-se de recebê-lo. Parecia o fim. A morte era certa. As nações opressoras se vangloriavam de seu feito, comandadas pela dama escartale. Mas não. Não estava tudo perdido. O garoto não estava sozinho. Deus era, e ainda é, com ele. Percebendo isso, já aliviado, o garoto retomou seu caminho quando, do nada, um vulto lhe cobre a face, aterrorizando-o. Mas com repreensão, tudo se foi. Ao chão, bem ao lado do caminho de sua vida, o jovem infante percebeu a presença de mais um cão, desta feita, totalmente sem vida. Consultou seu companheiro de viagem — Deus — que o indicou ao caminho escuro e molhado da velha mercearia em que estivera antes, onde informou-o sobre o morador. Ao lá chegar o cão vermelho já não o incomodou. Estava dormindo. Foi quando, procurando abrigo, bradou pelo dono da casa. Mais uma vez em vão. Ao procurar abrigo houve por bem descansar um pouco sob a mesa de bilhar que tinha nela demarcado um corpo inerte com pó de giz. Veio-lhe a visão e muitos animais iniciaram suas visitas: rãs, sapos, cachorro e gado. No varal, uma flanela vermelha pendurada, em sacrifício a uma entidade opressora. Veio a fome e o pequeno grande homem, em meio a muita chuva, comeu as frutas que o pomar da tal mercearia lhe ofereceu. Tirou a roupa ensopada, as botas também enxarcadas, as dependurou numa trava que estava acima da mesa de bilhar e sob o corpo desenhado deitou e adormeceu, sabendo que, com o raiar do dia, seria necessário retirar os restos mortais do dono da mercearia, em meio a uma infestação de anfíbios. Já estava com o espírito preparado para tanto. O dia raiou, o jovem clamou mais uma vez pelo dono da mercearia que nada respondeu. Apenas um despertador fez seu trabalho as cinco da manhã. Foi quando uma voz estridente, endiabrada, e tomada pelo medo, indagou: Quem pergunda por Ubaldo? O que queres com ele? O jovem, inocente, respondeu que só procurava ajuda, pois um acidente tinha sofrido pela ingerência das nações opressoras que o perseguiam. Daí a janela de madeira se abriu. Foi quando ao jovem foi permitido conhecer a verdade. Contactou o assassino de sua tribo, assim como o chefe de sua família que, num piscar de olhos, lhe prestou socorro. Mas, em verdade, o jovem descobriu que sua família ainda faz uso das técnicas antigas da guerra e Deus lhe permitiu entender, por meio de visão, que o Ubaldo não tinha morrido naquela trágica noite, mas há dois anos, por desacatar um dos seus — do alto escalão . A paga foi a morte. Com o dom que lhe fora concedido, o jovem obteve respeito, ganhou eleições em assembléia e passou, juntamente com Deus, a gerir os negócios da família só que, desta vez, com maturidade, frio, calculista, avesso a sentimentalismos. Determinou a destruição de seus inimigos, angariou recursos em nações amigas, fortaleceu seu exército e, de uma vez por todas, derrotou a foice que o seu pescoço iria decepar, reinando com seus pares.

INICIADO
Enviado por INICIADO em 17/11/2008
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