O tesouro dos Céus

O céu esta escuro e carregado, em pleno dia esta noite, e eu estou aqui, eu não sei o que estou fazendo aqui, e nem sei como cheguei, mas eu estou aqui no meio do nada sob este céu carregado e negro que se faz oponente sobre minha cabeça.

Tudo indica que será uma grande tempestade, daquelas que a gente só ouve falar nos livros de historias fabulosas. Todavia eu estou atônito, como vim parar aqui?, quem é o responsável por isso? Eu ou alguém alem de mim? Por que eu estou só? Eu me lembro que haviam muitas pessoas comigo antes de me trazerem para cá, mas onde estão todos? O que fizeram...

Ainda perdido em minha duvidas angustiantes, vejo do céu algo como que uma resposta que desce do céu em direção à terra, um raio tão intenso que foi capaz de refazer o dia encoberto pelas trevas, ou melhor foi capaz de deixar tudo nebuloso e radiante, me possibilitou vislumbrar toda a realidade que meus olhos puderam alcançar, para depois me deixar na total escuridão , pois com tanta claridade , meus olhos se queimaram, e agora eu não posso ver mais nada, a minha curiosidade foi atendida, e essa foi a resposta !

Mas eu ainda sei que vai chover, ainda consigo ouvir os trovões , consigo sentir o cheiro úmido do vento, ainda me lembro onde estou, e eu sei que vai chover!

Agora eu posso me orientar pelos meus ouvidos, já que a única coisa que meus olhos podem fazer é chorar. Ainda sei que há vida, pois eu posso ouvir de certa forma a terra respirar, consigo ouvir que há outras coisas vivendo ao meu redor, e me apego cada vez mais na minha audição para tentar descobrir o que são, mas eu prefiro ficar parado, já que eu não posso ver para onde estou indo.

Cada vez mais apegado a minha audição ouço como que uma resposta vinda do céu e invadir a terra. Um estrondoso trovão invadi todo o espaço com uma força sonora incrível que só existe nas historias fabulosas, e eu consigo ouvir vários sons dentro dessa explosão sonora, chego até a me deleitar com o susto que levei, que fez meu coração bater como um cavalo em disparada, me fez tremer e quase desfalecer, mas o som passou e com ele foi-se também minha audição...

Atordoado e sem alento, eu resisto a vontade de gritar e blasfemar, não por temor a algo ou alguma coisa, mas simplesmente pelo orgulho e pela dignidade que me são nata.

Apesar de tudo eu sei que vai chover, eu não sei explicar , mas consigo sentir o cheiro do ar se preparando para receber a chuva, movimentado todos os seus átomos , íons e componentes químicos, se perfumando para receber essa visita ilustre da chuva.

Me apego ao meu olfato, e não me atrevo a sair do lugar, sinto todos os aromas em meu redor, são tão doces, eu nunca tinha reparado nisso antes, esse sentimento é tão reconfortante.

Mas o céu me responde outra vez, e manda novamente um raio incendiário, que toma conta das coisas ao meu redor, o incêndio está acontecendo a certa distancia, eu sei disso pelo calor que estou sentido, não é um calor ardente , porem o vento como que irônico faz questão de trazer toda a fumaça para cá, meus pulmões se enchem dessa fumaça, e eu não consigo cheirar mais nada, a força dessa fumaça é tão intensa , acho que esse será o meu fim, mas o vento muda sua direção, e leva a fumaça com ele, levando também o meu olfato, deixando apenas as minhas narinas queimadas. Nada havia doido tanto quanto isso, meu rosto parece que está pegando fogo e sai sangue do meu nariz, me invade uma tristeza , e eu permaneço assim imóvel e...

Mas eu ainda sei que vai chover, agora eu posso sentir os primeiros pingos de água caindo, a água está tão fria que parece gelo liquido, agora ela cai em abundancia sobre mim, este frio tão intenso está me machucando, a dor é tremenda...

Depois de algum tempo embaixo desse dilúvio glacial, eu me deito e me entrego, não consigo mais sentir o meu corpo, ele está dormente e tão gelado, os meu lábios tremem , mas o frio também congelou o meu paladar...

Já não faz mas diferença o que esta acontecendo agora, se as únicas coisas que me sobraram foram apenas lembranças, lembranças essas que parecem estarem fadadas ao esquecimento, e quando se forem o céu terá ganhado.

Mas enquanto me resta um pouco de consciência, eu me pergunto o que foi isso, e as respostas parecem surgi imediatamente, já que não há mais leis, e os meus sentidos não podem me enganar mais como antes, e quando finalmente as coisas parecem se tornarem claras, e eu começo a entender tudo, a minha consciência se esvai, ficando apenas um corpo inerte no chão, que não esta morto porque ainda existe um coração batendo em seu peito, porem, também não esta vivo já que não consegue se levantar, a partir desse momento, as definições dadas acima serão meramente incumbências do tempo que fará o que deve ser feito.