DE ALCÁCER-QUIBIR À JOÃO PESSOA

Quatro horas e trinta minutos. “O Desejado” avexa-se na "terra do sol madrugador”. Aparece para si mesmo no marco do extremo oriente das Américas, semi-deitado à esquerda da asa leste com as mãos por trás da nuca e pernas cruzadas, contemplando a Ponta do Seixas e o Oceano Atlântico...

Esperou os primeiros raios de sol das Américas tocarem a sua alma para inspirar-se num poema: O Sol, exuberante, / nasce uma só vez a cada dia / em milhares de horizontes... / Para que cada um de nós possa assistir, / ao esplêndido espetáculo; / mas primeiro vem nascer em João Pessoa, / das Américas, o Oráculo.

Cumprido o ritual, tinha pela frente um longo dia em João Pessoa. Como um bom cosmopolita, adorava passar o tempo que a eternidade lhe dispusera, vivendo por toda a cidade. Na Praça da Paz, devorava Augusto dos Anjos, José Lins do Rego e os contemporâneos: Lau Siqueira, Sergio Castro Pinto e Ariano Suassuna. Aliás, perdeu a conta das vezes que já leu “A Pedra do Reino” seu livro predileto.

E por que “O Encoberto” escolhera aguardar por aqui sua messiânica volta?

Encanta-se com as belíssimas praias limpas, saboreia os pratos típicos da terra, vive no Reino da Tranqüilidade onde o Quinto elemento impera. – inspira-se amor, na "segunda cidade mais verde do mundo” - convive com uma gente hospitaleira que ainda dá bom dia e o clima tropical é excepcional! João Pessoa é calma e ao mesmo tempo imponente; uma capital com baixíssimos níveis de poluição e altíssimos índices de satisfação. Aqui “o passado e o futuro são vizinhos de muro” com seus casarios clássicos e catedrais imensas... Quando será que / os batimentos cardíacos / regerão o tempo? – Descartava, D. Sebastião, Descartes, toda vez que assistia o exuberante e poético pôr do sol na Praia de Jacaré ouvindo o Bolero de Ravel.

À noite, ao “cismar sozinho”, refletia que essa cidade é uma “herança para a humanidade” e que precisa revitalizar ainda mais o seu patrimônio arquitetônico, histórico, artístico e cultural.

...E logo em seguida viu-se diante da magnífica obra de Oscar Niemayer, a Estação Ciência Cultura e Artes Cabo Branco, onde “o passado e o futuro se encontram” como disse o histórico prefeito Ricardo Coutinho.

E por que “O Encoberto” escolhera aguardar por aqui sua messiânica volta? D. Sebastião já não tem pressa e não sabe mais se quer voltar como previu Bandarra.