Abdução Parte I
Sentia-se fria, quase congelada, tremia por todos os poros.
Seus poucos pêlos estavam eriçados, sentia constante um arrepio na espinha.
Via só luzes, em verdade, via a claridade... não sabia de onde vinha...
Quanto tempo estaria ali? A última coisa da qual se lembrava era ter saído para encontrar as amigas no Fran´s Café para dali partir em direção à festa de encerramento do ano, confraternização... coisa chata...
Lembrava-se que se pusera toda de branco, desde a minúscula-quase-invisível calcinha, o vestido super decotado com as costas à mostra com apenas uma alça,
As sandálias brancas altas de tiras envolvendo com 2 voltas o tornozelo;
- Aquele babaca do Mário se fode hoje! – pensou... e escolheu o tradicional Eternity, quase num segundo banho...
A noite de dezembro vinha quente, sem aparências de chover... branco era ideal!
Sentiu-se envolvente... ensaiou uma dança sensual, provocativa...
- Cê tá fodido, garanhão de merda! Vai pastar um bocado! – pensava.
Lembrava-se disso tudo, até o momento em que pisou na rua...
... nada mais... depois disso; um branco enorme!
- Deve ser um hospital! Cadê os médicos, enfermeiros?! Cadê todo mundo?!
Queria gritar, mas estava sem voz... respirava normalmente, sentia os braços e pernas e o corpo todo, mas não conseguia mover um músculo sequer... graças à visão periférica, sabia que não estava presa à coisa alguma; estava livre porém não liberta! Não sabia ainda onde estava...
Percebeu-se completamente nua!
Sentiu a presença de alguém. Não podia ver, sentia uma presença.
Envergonhou-se...
Ouviu palavras sussurradas... ouviu por dentro da cabeça, não pelos ouvidos, reinava um silêncio absoluto no ambiente, apenas ouvia algumas palavras, num idioma que não conhecia, dentro da cabeça... Primeiro uma voz, como que se tentando comunicar com ela... depois várias vozes diferentes... ininteligíveis!
Queria fugir dali...
Esforçava-se por mover os músculos; improdutivo.
Quis gritar; impossível...
Chorou... lágrimas correram-lhe pelo rosto, fazendo um caminho diferente; pelos lados...
Os sussurros aumentavam dentro de sua cabeça... tremeu-se toda!
Sentiu algo metálico invadir-lhe por baixo... lentamente... não era tão frio...
... mais fino que alguns amantes que já tivera... porém invasivo e obstinado!
Sentiu que entrava com certa facilidade, apesar de não sentir-se pronta para o sexo...
O invasor chegou até onde poderia chegar sem machucá-la; milimetricamente preciso!
Sentiu que aumentava o volume, dilatava-se e tornava-se mais quente... agradável... Ocupou-lhe o espaço todo, preencheu-a completamente.
Relaxou diante do inusitado, já ouvira falar de fucking machines...
Sentia risadinhas dentro da cabeça ao mesmo tempo em que o invasor iniciava uma suave vibração... esquentado-lhe o corpo, corando-lhe a face... e as risadinhas “pensadas” aumentavam... no mesmo ritmo do invasor...
Queria contorcer-se mas era-lhe impossível ainda mover qualquer músculo... exceto os da vagina; comprimia e soltava... não sabia se era ela quem tencionava e relaxava seus músculos ou se era decorrência do que fazia aquele invasor... estava gostando... excitava-lhe o modo pelo qual tinha sido colocada em quase êxtase... sentiu-se relaxar mais ainda... entregou-se àquelas sensações conhecidas e tão novas naquele momento.
Conseguiu compreender algumas palavras soltas:
- ... gostando... aumenta... será que aguenta? ...
Começava a querer mais... “- Foda-se tudo! Tô quase gozando... quero gozar, porra! Não pára esta merda! NÃO PÁRA!” – pensava...
- Está bem... não vamos parar... – ouviu no fundo da cabeça... espantou-se e tentou acabar com aquele suplício... em vão! Relaxou então!
- Está gostando? – “ouviu” um pensamento...
- Estou... mas... onde estou?
- Pouco importa isso agora! Relaxe e aproveite...
- Onde estou?
- Está em segurança, nada de mal vai acontecer com você!
- Onde... o quê é aqui? Ahhhhhhhhh... gozou quando o invasor intensificou as vibrações... fazendo com que ela esquecesse, por um momento qualquer, suas dúvidas todas...
Ouviu risadinhas bem dentro da cabeça... riu também; afinal, quem tinha gozado era ela.