contos Élficos- A menina que não acreditava em contos de fadas - terceira parte
Nele a menina também extravasava sua ira,empurrando-o como um traste qualquer e chamando-o de burro e trapalhão. Se a gente olhasse bem, talvez até visse cair uma lágrima do robô.
Tanto fez a menina com seu robô que nele inculcou a semente do amor humano, vírus muito perigoso que seria o germe de sua futura enfermidade.
E assim aconteceu. Robling cada vez mais apaixonado por uma menina; Robling sempre pensando numa menina,Robling sonhando com uma menina, Robling desejando uma menina e, finalmente, Robling muito doente, danificado em seus delicados mecanismos, irrecuperável amontoado de ferro a um lado sem vida fora deixado.
E a menina fez-se triste. Triste fez-se a menina por perder o objeto do seu amor. Triste uma menina por ter dado tanto de si a uma máquina que não tinha sido criada para as emoções.
Inconsolável prostou-se a menina por dias e dias, perdendo num repente o interesse por tudo aquilo que até então tinha se constituído o seu mundo.
Passavam-se assim os dias na grande cidade das máquinas e a menina perplexa caminhava por suas ruas, perguntando sempre a si mesma o porquê de tudo aquilo e a razão de suas desventuras.
Ela já não acreditava na infabilidade das máquinas como antes, via nelas agora monstros metálicos com seus dentes aguçados, prontos a engolir a Vida, sen respeito pelas árvores e vegetações, sempre exigindo mais, como se suas engrenagens fossem movidas pelo verde das plantas e o vermelho do sange dos homens.
Um dia num parque da cidade conheceu um estranho de barbas grisalhas, personagem vindo de outras eras. Ele lhe falou de onde vinha: "De lá longe" - dizia ele - " de um dos últimos redutos de verde sobre a terra. " Falou-lhe dos bosques e das estações em que as flores ainda cantavam em louvor à Natureza e um perfume de músicas se sentia na atmosfera.
Dom Carlos
Raiz do Sana