Diário de Renata - Parte II
Renata espreguiçou-se,lânguida...
Espalhou-se no sofá... O sol invadia a sala, iluminando o verde de seus olhos... Tudo era muito louco...
Perguntava-se se era real... Olhou à sua volta... silêncio absoluto e total... mirou-se com espanto; ainda estava nua, mas sozinha...
Levantou-se e foi ao banheiro...
"Renata, você é maravilhosa!
Obrigado por existir prá mim!
Tenha um bom dia!
Nos falamos ainda hoje, precisei
sair, a chave joguei por
debaixo da porta."
Sorriu... nunca pensara que alguém pudesse escrever, com o seu batom preferido no espelho, uma mensagem de bom dia...
Olhou-se, tentando enxergar-se por detrás das palavras e viu-se bela...
- Estou bonita hoje! Toda desgrenhada... Puta! Que noite! Que homem.. Se eu contar, ninguém acredita! Contar prá quê, Idiota?!
Pensava e divagava, esticou os olhos para a porta de entrada, a chave estava lá. Tranquilizou-se. Abriu o chuveiro, olhou-s eum avez mais, tocou-se de ponta à ponta... Sentiu um arrepio louco... jogou-se para a ducha, deixando que a água invadisse seu corpo todo. Perdeu a noção do tempo.
- Queria saber da hora... Foda-se a hora...
- Foda-se o mundo! Estou feliz... E hoje é domingo! Foda-se Tuuuudooooo!
- Quanto tempo faz que não passo por isso... que puta noite boa!
- Coitada da Maria amanhã - riu-se do pensamento - vai trabalhar um bocado para pôr ordem aqui...
- Peraí... durante todo o tempo em que estivemos juntos, não vi Henrique fumando nem percebi cheiro de cigarro... Num daqueles dias, ví uma pontinha vermelha nas mãos dele... será? Ah não... muita filha-da-putagem comigo... - Raciocinava e tentava suicidar a loucura da noite...
Fechou o chuveiro, leu mais uma vez o recado - Acho que não!
Foi para o quarto, procurou por algo bem fresco... vestiu-se... estava em parafuso... Não acreditava numa "traição"... sentiu-se triste!
Voltou para a sala, sentou-se no sofá... recolheu-se em si mesma. abraçando os joelhos e quase chorando atende ao celular...
- Bom dia Renata! Não acordei você, acordei?
- Não, não acordou não...
- O que foi?! Aconteceu alguma coisa?!
- É, aconteceu.... não... nada... sei lá....
- O que foi?! Diz...
- Ahhh, nada não... xá prá lá...
- Renata, que houve?!
- Você fuma?!
- O quê?! Que pergunta é essa?
- Vai, responde... por favor...
- Só quando estou em casa, de noite e sozinho... por quê?
Renata, sorriu de dentro prá fora antes de responder:
- Por nada não, gosssstôôôôôôôôso!
- Entendi nada... mas... melhor assim... sem querer ser chato...
- Diz...
- Se eu te disser que já estou com saudades e que quero ver você de novo...
- Digo que te espero às 13:30h aqui! Dessa vez eu cozinho!
- Tarada!
- Por quê?
- O quê você disse? 13:30h dessa vez NO...
- Ahhh safado... não tem NO nenhum...
Riram-se... queriam não desligar... ficaram em silêncio, cada um esperando que o outro terminasse a chamada... nada... um de cada lado da linha... Henrique contou até três e desligou...
Renata, tranquila e muito, mas muito mais feliz, correu para dar um jeito na sala, no banheiro (deixou a mensagem ainda lá!)... Pensou em vestir-se para devorar... deixou para depois.. .era hora de preparar o almoço...
Na sala, escolheu um cd com muito rock ´n´ roll, queria adrenalina pura...
Preparava macarrão ao sugo e frango ao molho mostarda quando toca o interfone, era Henrique que chegara.
Renata deixou a porta encostada, num convite explícito para que ele entrasse.
A trilha era "Viper - Living for The Night" pauleira pura...
Henrique entrou, fechou a porta ás suas costas e ficou alí, aguardando que Renata fosse recebê-lo. Cantava baixinho... gostava daquela canção...
- Eclética... - pensou ele.
Renata ainda vestia o shortinho curto e a camiseta branca folgada. Estava descalça... Olhou Henrique nos olhos e sorriu.
Pelo olhar, Henrique devorou Renata.
Agora era "Aces High - Iron Maiden".
- "... live to fly.... fly to live... aces high..." cantaram juntos e sorriram.
- Só falta você ter "TSOL - Flower by the Door" ?! -disse Henrique aos acordes finais do Iron Maiden...
- Escuta... prestenção...
E tocou "TSOL"...
- Puta... essa mulher é foda! - pensou...
- Renata, diz uma coisa...
- Oi...
- O que aconteceu de manhã...
- Nada não... quero falar nisso não... xáprálá....
- Achei que você não estava bem...
- Nada não... paranóia... - chegou-se mais junto de Henrique a abraçou-o, apertado.
Henrique segurou-lhe o rosto com as duas mãos, olhou-a nos olhos, profundamente e beijou a boca que se entreabria, sedenta...
Ficaram assim, colados, juntos, grudados, prensados... com a vontade despertando nos corpos, nas bocas... nas almas!
Henrique, na calma de quem sabe o que faz, tocou-lhe os seios sob a camiseta, correu as mãos pelas costas, pela barriga, pelo lado...
Renata entregava-se aos carinhos, estremecendo a cada toque... o desejo surgia por cada poro, em cada tentativa de controlar a respiração, tropeçada e arfante...
Puxou Henrique pela mão até a cozinha... sentou-se sobre a mesa, despiu-se da camiseta, da sala vinham os acordes de "Aerosmith - Dream On" , ofereceu-se à boca de Henrique que tocou-a num beijo cálido, porém molhado...
Deixou-se cair para trás, Henrique tirou o shortinho, alcançou-lhe onde ela queria ser beijada e dedicou-se ao prazer de ofertar praze à mulher desejada... pelo tempo que fosse...
Renata dava-se em espasmos e sussurros e gemidos. Abraçou Henrique com as pernas, mantendo-o preso à mais ansiade prisão que se pudesse ter notícia. Despiu-se também ele...
Henrique tomou-lhe o corpo e a alma, profundamente...
Estavam alí... os dois... um só...
Frenéticos, encaixavam-se, apertavam-se... amaram-se...
Tudo era desejo... Entre os dois só havia vontades...
Renata, enlaçou-o às costas com as pernas, puxando-o mais e mais para dentro de si... queria mais... queria tudo! Queria que ele a possuísse também na alma!
E juntos, um de posse do outro, entregaram-se... definitivamente por aqueles instantes e alí ficaram... imóveis... estáticos... sem pressa de alcançar a realidade... parados... sensíveis.. tácteis... frágeis...
Abraçaram-se, muitas vezes mais. Beijaram-se outras tantas...
- Tenho fome! - disse Henrique... - ... e sede!
- Ai, cacete, esqueci... puta... desculpa... duas vezes! - e riram-se.
- Ouve... - disse Renata...
Era "Crazy - Aerosmith"...
Henrique ajudou-a a finalizar as preparações e arrumou a mesa.
Renata serviu-os, serviu também vinho, um rosé bem leve, frutado e cortante... era mais um convite...
Olharam-se, tocaram-se as mãos e ficaram alí por muito tempo... Estavam famintos, mas muito mais desejosos um do outro...
Acharam melhor almoçar... e deixar o depois prá depois...
-------------------------- continua ----------