Testemunha Ocular

Giuseph era neto de italianos, e a muito morava em New York. Era escritor, e estava prestes a lançar seu primeiro livro, que não era o livro mais esperado pela editora.

David Coler, era um homem muito estranho, – jamais alguém saberia o que se passava na cabeça daquele sujeito – e era também o chefe de edição que muito já enchera o saco de Giuseph pelo atraso de dois dias na entrega do livro à produtora. Já tinha deixado “trocentos” recados em sua caixa postal. Giuseph preferia não responder para não ter de xingar aquele imbecil.

Pouco lhe faltava para concluir seu livro, mas queria algo mais, afinal seu primeiro livro poderia fazer decolar sua carreira. Ele estava com medo, pois parecia que sua mente tinha se esgotado e não surgia mais nenhuma gota de inspiração.

Resolveu sair para espairecer. Ficou sentado num banco de uma praça perto dali, fumando um charuto e tomando uma Budweiser. Acabando a cerveja, e já no terceiro charuto, ele resolveu sair dali.

Vagando lentamente pelas ruas, ouviu um grito desesperado de uma mulher, quando olhou a sua direita, no outro lado da rua, dentro de um beco escuro e sujo, avistou uma figura alta e magra, usando um sapato Gucci preto, e o grito da mulher na frente desse homem, era desesperador. Logo após o grito cessou. Quando o homem se virou, deu para ver no chão a mulher morta, e uma criança de cerca de uns cinco anos logo ao lado. O homem olhou para Giuseph, ele não conseguiu ver a face daquele estranho homem, não sabia o que fazer, então correu. Correu como nunca. Quando dobrava a esquina, ouviu vários tiros e sentiu o medo e adrenalina que corriam dentro dele. Correndo cada vez mais rápido, Giuseph chegou em casa. Sentiu-se seguro. Seguro o suficiente para ir deitar. Não dormir, de jeito nenhum; não conseguiria nem com tranqüilizante.

Quando estava deitado ouviu sua secretaria, e dessa vez de outro numero, que dizia:

– Giuseph, temos umas contas a acertar, não acha?

Antes que ele pudesse pegar o telefone, o mesmo foi desligado.

Milhares de perguntas deixavam Giuseph maluco. Quem era ele? Como sabia seu nome? Como descobriu seu numero?

Giuseph se sentia tonto, afundou sua cabeça no travesseiro e mergulhou num mar de trevas, quando ouviu um tiro, e logo após sua porta sendo aberta com muita voracidade. Sabia que era ele. O assassino. Então Giuseph pulou pela janela e desceu pela escada de emergência, toda feita em ferro, muito velha, e sendo agora perfurada por vários disparos de uma Taurus. Quando nada mais atravessava o caminho do assassino, pois ele estava atravessando a rua, a munição acabou.

Giuseph corria, e a uns 100 metros atrás dele, viu um Jaguar preto correndo em alta velocidade, sabia que era ele. Então Giuseph entrou em uma viela e saltou por uma grade, até uma outra rua minúscula, e por sorte, em frente havia uma viatura policial. Quando parou para falar com os policiais, Giuseph viu que o carro se aproximava, e quando o viu conversando com os policiais, virou a esquina. Giuseph sabia que com os policiais por perto estava seguro, mas sem eles, estaria morto. Então ele disse que precisava ir até a delegacia, e depois de muito pedir aos policiais, eles o levaram até lá. E então ele achou que seria mais seguro ficar ali.

– Doutor, eu matei a mulher e a criança que foram encontrados perto do North Park.

– E por que está se entregando? – Falou com um olhar de ódio o delegado.

– Porque estou arrependido.

– Então por que não permaneceu no local ontem?

– Tive medo. – Murmurou ele.

– Certo. Levem daqui esse infeliz! – Berrou o delegado.

No dia seguinte, recebeu a visita de David Coler.

– Como soube que estava aqui? – Disse Giuseph.

David só olhava.

Giuseph não entendia nada.

– Por que fez isso, maldito? – Berrou David. – Você destruiu minha vida!

Giuseph agora entendia menos ainda.

– Por que os tirou de mim? – Disse ele chorando. – Eles eram a minha vida.

Então ele entendeu. Aquela mulher e a criança eram a sua família.

Giuseph se aproximou. David o segurou, puxou-o contra a grade, e deu um murro em Giuseph. Ele caiu, e do chão viu o par de sapatos Gucci desaparecerem na escuridão daquele corredor fedorento.

Derek Mendonça
Enviado por Derek Mendonça em 15/04/2008
Código do texto: T946190
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