CONCORRÊNCIA ACIRRADA
O primeiro território carioca a efetivamente fazer uso da milícia foi mesmo a comunidade de Rio das Pedras, o ano era 1979, e através do pagamento de comerciantes locais contrataram policiais em seus dias de folga, para garantir segurança a moradores e comerciantes.
Esses grupos de extermínio, na época ainda recebiam a alcunha de “polícia mineira”, que de forma eficiente eliminavam quaisquer interessados em tumultuar a então pacata vida desta pequena comunidade de Jacarepaguá.
Seguindo a Lei de Lavoisier, de que nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, a polícia mineira logo se transformou em milícia. Ou seja, esse grupo paramilitar deixou de ser contratado, resolveram a partir daquele momento, monopolizariam toda atividade econômica da comunidade.
Num primeiro momento mantiveram a paz na local, por outro lado, exigiram dos comerciantes uma taxa de segurança, claro, bem superior aquela remuneração recebida anteriormente.
Alguém mais criativo do grupo propôs uma ideia interessante que iria além do desfrute da segurança, moradores poderiam contribuir com uma espécie de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços – ICMS, porém local, incidindo apenas sobre mercadorias e serviços selecionados.
Assim moradores passaram a pagar sobretaxa na água de garrafão, no botijão de gás e nos serviços de internet e sinal das TVs fechadas.
A ideia foi tão oportuna e lucrativa que outras comunidades posteriormente encampadas pela milícia copiaram o modelo tributário.
Mais tarde, essa atividade econômica foi também implantada em favelas dominadas pelo tráfico, independente da facção a que estivesse subjugada.
Como todo mundo sai em busca de uma vida melhor para sua tropa, a milícia resolveu diversificar suas atividades, além de desmonte de automóveis e roubo de carga, atividades altamente rentáveis e comuns a todas favelas que cresceram em partes planas do relevo da cidade, agora também resolveram entrar no disputado ramo das drogas.
No final das contas, a milícia passou a ser apenas mais uma facção do crime organizado, entre as muitas favelas que gradativamente vão roubando áreas do tecido formal da cidade. A característica desses comandos armados é se expandir nas franjas da comunidade, e claro, fazendo-as trabalhar de acordo com ordens da facção local.
Nesse final de semana tivemos notícia de uma nova facção do crime, essa oficial e que mesmo remunerada mensalmente pelo Estado, claro, através do imposto do contribuinte, não importando se pessoa física ou jurídica, resolveu que merecia mais, e foi a luta.
Policiais Militares da Baixada Fluminense resolveram ampliar vencimentos, agora sim, sem incidência de impostos, e seu alvo são comerciantes do tecido formal, e vão com tanta fome ao pote, que nem se organizam na cobrança da propina, e precisam ser alertados pelos próprios comerciantes que já fizeram sua contribuição para outra viatura.
A coisa ficou tão descarada, que comerciantes que não dispõem de papel moeda, afinal muita gente faz uso de Pix e cartão, aceitam a contribuição compulsória na forma de mercadoria.
Durma com essa novidade!!!!