Mãe de Família

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Estou lendo dois jornais que circulam em Salvador. Apaguei um cara ontem, mas isso não virou notícia. Queria entender os critérios para um acontecimento se tornar notícia. Alguém pode argumentar que o fato de a minha vítima ser um homem fodido, pobre, favelado pesa na escolha dos editores. É provável que isso seja verdade, porém não creio seja simples assim. Senão, como explicar essa manchete:

“Mãe de família” mata mais três; polícia segue negando a existência da assassina

Todas as vítimas da “Mãe de Família”, uma competente e obscura assassina que opera a serviço de uma facção, eram caras favelados e fodidos. Segundo a teoria de que os jornais não ligam para os pobres, não era para esses assassinatos se tornarem objeto jornalístico. Contudo, os adeptos dessa tese ainda podem fazer uma objeção: esse caso carrega atributos tão ou mais importantes que as próprias vítimas. A própria assassina já é um elemento que desperta fascínio do público, o que atrai o jornal. O talento dela, a capacidade inaudita de eliminar e não ser pega, e a negação da sua existência são interessantes. Parece coisa de ficção. As pessoas – leitores e jornalistas – gostam disso. Mas chega de falar dessa pessoa. Vamos falar de mim.

Vou falar do meu passado. Até certo ponto. Sou matador profissional e histórias de matadores com um passado desconhecido podem ser clichês, porém não deixam de ser interessantes. Não vou falar nada sobre minha família. Direi apenas que estou a serviço de um grupo criminoso que atua em bairros de Salvador. Eu era um cara honesto, trabalhava como baleiro. Até que percebi que não conseguiria ter smartphone, moto, corrente de ouro, relógio caro e mulheres ainda que eu vendesse bala por uns mil anos. Um amigo meu de infância foi quem me despertou para isso. Enquanto eu nem conseguia encher um carrinho de compras vendendo paçocas no ônibus, ele estava ostentando camisetas caríssimas de marca apesar de não estar trabalhando. Perguntei a fonte de renda dele e tudo que ele fez foi levantar a camisa. Na cintura, uma arma 357.

Difícil não se atrair. Ele me indicou aos “Chefes” e eu comecei de baixo, fazendo coisas “inofensivas”, como vender petecas minúsculas em becos imundos que fediam a urina. Para explicar ao leitor como a coisa escalou, é necessário recorrer a uma analogia, uma metáfora. Fui à Biblioteca Pública e peguei um manual de lógica, que falava sobre uma falácia conhecida como “declive escorregadio” ou “bola de neve”. Diz a obra que essa falácia consiste em “tentar desqualificar o argumento que defende determinada coisa, alegando que determinada coisa levará a coisas piores”. “Segundo o falacioso, A não pode ser defendido, pois levaria a B, que é pior, depois a C, que é pior ainda, e assim por diante”. Isso explica o nome da falácia: uma bola de neve vai crescendo à medida que rola numa montanha coberta de neve.

Ainda o manual: “A lógica pode ser explicada de forma abstrata, mas as argumentações lógicas podem utilizar de entes concretos”. Ou seja, acredito que a “bola de neve” se aplique ao meu caso, mas não no sentido de falácia.

Disse acima que comecei vendendo petecas com drogas. Pois bem, traficar é um crime que leva a outros piores. O ideal é ser discreto. Chamar atenção demais dá merda. Se o traficante é favelado, como eu sou, portar pelo menos uma arma é imprescindível, o que implica em outros crimes, ainda que seja usada apenas para se defender. Por isso eu tenho minha arma na cintura. Em muitos casos, é preciso usar a arma para manter a discrição, o que é, se pensarmos bem, um paradoxo. Não demorou para que eu utilizasse minha arma para intimidar vizinhos, aqueles que tinham visto coisas demais, ou para extorqui-los. Quando não se consegue manter a discrição, é preciso cometer delitos mais graves, como homicídios. Tinha um vizinho boquirroto no bairro. Atiramos várias vezes na cabeça dele. Comecei vendendo drogas em pequenas quantidades. Hoje eu sou um assassino profissional. A bola de neve está gigantesca.

Também não dá para manter grandes esquemas de tráfico de drogas sozinho. É preciso ter comparsas. É aí que surge outra situação paradoxal: quanto mais comparsas, mais paranoia. Quanto maior a quadrilha, maior a preocupação com traição. Se alguém da gangue for pego, é provável que ele conte tudo para a polícia. Ainda há o problema da concorrência, o que obriga a partir para o confronto armado e, por consequência, a sujar as escadarias do bairro com sangue.

Enfim, o tráfico trouxe ofícios e desgraças. Matar, por variados motivos, era um modo de manter os negócios do nosso grupo em segurança. Mata-se para “queimar arquivo”, para evitar a cadeia, para se livrar de traíras, alcaguetas e caloteiros. Mata-se também para se vingar, para mandar “recado”. Sempre tem alguém para fazer o serviço. Observe que em cada uma dessas finalidades do homicídio há uma “bola de neve”. São ações que levam a situações piores.

2

Esse contexto é fundamental para compreender o resto da história. Uma facção adversária nos deu prejuízos. Ataques estratégicos destruíram nossas “bocas” fundamentais. Torturaram e mataram dois dos nossos. Um era o irmão do Chefe 1. Ele estava determinado a se vingar. Todavia, um boato aterrador circulava: a facção agressora era a mesma da tal “Mãe de Família”. Isso deixou quase todo mundo com medo.

- Porra nenhuma! – disse o Chefe 1. – Pode ser o diabo! Vamos matar dois entes queridos do líder deles. Se tivermos que matar essa puta da Mãe de Família, vamos matar! Vamos matar quem estiver no caminho. Quem for bunda-mole pode vazar!

Ele estava irritado e não raciocinava direito. Um revide desse nível podia mandar um forte recado, mas talvez fosse necessário refletir sobre as consequências desse ciclo sobre os negócios. O Chefe 1 estava intransigente. Queria matar parentes do rival, inocentes ou não, sem sequer consultar os outros chefes.

- Acho que você deveria pensar em recuperar... – eu disse.

- Golgo, eu te pago para matar, não para me dar conselhos. – o Chefe 1 respondeu.

O Chefe 1 era claramente o mais emocional dos chefes. Era explosivo, menos tolerante a erros e inconsequente. De todos, era o mais adepto da retaliação desproporcional – todo mundo era, uns mais do que outros. Uma outra gangue matou o irmão dele; ele quer que eu mate dois entes queridos do chefe da outra gangue. Mas o cara e os familiares devem ser intocáveis. Ou quase.

- Você pode matar qualquer um. – disse o Chefe 1 para mim, enquanto pega uma mochila. – Sei que vai conseguir pegá-los. – ele despeja todo o dinheiro que estava na mochila em cima da mesa.

- Cinquenta mil, Golgo. Vinte e cinco mil agora. Outros vinte e cinco mil depois. O esquema de sempre. Você vai conseguir. Mete bala naquelas desgraças.

Não gostei do tom que o Chefe 1 usou para conversar comigo. Entretanto, ele tinha razão. Eu sou o matador do grupo. O Conselheiro é outro. Eu sou pago para matar. De certa forma, eu também sou inconsequente. Eu preciso me concentrar na minha missão e realizá-la sem remorsos. Não dou a mínima para o tamanho da bola de neve. Eu apenas mato. O resto que se dane.

Peguei vinte e cinco mil e fui à única pessoa que me ajudaria a entrar no bairro, sem ser notado, onde está o líder da gangue agressora e seus familiares.

3

O Mentor estava em um banco no meio da praça do Campo Grande. Avistei-o e fui até ele. É mais uma dessas figuras misteriosas e competentes que são contratadas pelo crime organizado. Ele tinha contatos, esquemas, planos capazes de colocar qualquer um em qualquer lugar. Era detalhado e cuidadoso. Cobrava uma fortuna, mas valia a pena. Não era a primeira vez que eu usava seus serviços.

- A ideia é que você se disfarce de um trabalhador da Coelba. – disse o Mentor, sem rodeios; era um homem austero e direto. Em seguida, ele abriu um mapa que estava em suas mãos e prosseguiu:

- Há olheiros aqui, aqui, aqui e aqui. – afirmou, apontando para pontos do mapa com o dedo indicador. – O ideal é que você finja que consertará este poste. Perceba que o poste está em um local que é um ponto cego em relação aos olheiros. Será a sua chance para despistá-los e chegar aos alvos em potencial, que estarão aqui. Provável que tenha um olheiro vendo a casa. Você vai matá-lo com uma arma equipada com silenciador. Depois, você vai ter que pensar num jeito de entrar.

O Mentor descobriu a casa do líder da gangue. O plano era tão detalhado que a probabilidade de dar certo era bem alta, segundo ele.

- Mas se você cometer um erro qualquer, vai sair daquele lugar num rabecão. – disse o Mentor. – Meus homens vão te ajudar a entrar no bairro.

4

O Mentor conseguiu uniformes idênticos aos dos funcionários da Coelba. E mandou três homens para me ajudar – era preciso uma equipe para parecer que a fraude era verdadeira. Todos estávamos disfarçados. Fingindo que íamos reparar um poste que supostamente estava prestes a dar defeito. Até o carro da empresa de energia o Mentor conseguiu. Na entrada do bairro, bandidos ligados à facção que domina o local, ou seja, a facção agressora do grupo para quem trabalho, mandaram a gente descer do carro e nos revistaram. Não acharam arma nenhuma. Ela estava bem escondida. O Mentor pensou em tudo.

Conseguimos enganar os bandidos e entrar. Nas pistas haviam quebra-molas a cada 20 metros.

- Isso não é coincidência. – disse um dos homens do Mentor. – Os traficantes colocam isso para ter vantagem nas perseguições da polícia. Tem como driblar o quebra-molas usando a moto. Os carros dos policiais não conseguem acompanhar.

Nas lajes das casas, os olheiros. Estavam atentos a tudo. Mas estávamos indo para um ponto cego. Ao chegar nesse local, peguei a arma escondida em um dos pneus. Os homens iam fingir que estavam em serviço enquanto eu aproveitaria o local que não era vigiado para seguir até a casa dos alvos.

De fato, havia um olheiro espiando. Coloquei o silenciador. Dei um único tiro. Nenhum barulho. Caiu morto na laje. Eu tinha que ser muito rápido. Apagar os entes queridos e sair logo, pois os outros olheiros iam notar que o comparsa foi morto.

Aproximei-me da casa. Olhei pela janela. Uma senhora e uma mulher. Bati na porta.

- Coelba! – falei.

A mulher apareceu na janela.

- Sim, boa tarde?

Apontei a arma.

- Boa tarde é o caralho! – afirmei. – Abra a porta ou te meto bala.

Estranhamente, a mulher manteve-se “neutra”, sem nenhuma expressão de horror. Ela era uma estoica? Mesmo assim, ela abriu a porta.

Então, a surpresa. Ela estava grávida.

Fechei a porta atrás de mim.

- Menino, você sabe de quem é essa casa? Você é um homem morto. – disse a senhora. Atirei na cabeça dela. Caiu morta. Ainda assim, a mulher grávida mostrou uma expressão apática, fria.

- O Flamingo não vai descansar até te matar. – ela disse. – Você matou a mãe dele.

- Eu fui pago para isso. – respondi. Estava quase trêmulo. Era um dilema mórbido. Matar ou não matar uma mulher grávida. Não poderia demorar muito. Não poderia pensar em matar outro ente querido. Naquele momento, seria impossível.

- Quem te pagou? Nós pagamos o dobro. – disse a mulher, muito calma.

Fiquei quieto. Não conseguia puxar o gatilho. A compaixão contaminava meu espírito. Grávida! Era um serviço que eu nunca tinha lidado. Aliás, eu nunca matei mulher nenhuma. Estava falhando como assassino.

- Você é a mulher do Flamingo? – perguntei.

- Sou...

Antes de ela terminar a frase, alguém bateu na porta. Olhei para trás. Foi um erro. A mulher grávida deu um salto para o lado, rolou no chão e pegou uma arma escondida embaixo da mesa. Consegui saltar e rolar a tempo e senti a bala raspando meu ombro. Mesmo com ela atirando e mim, não conseguia revidar.

O cara que bateu na porta era um soldado que estava ali para entregar o dinheiro das drogas. Quando ouviu os tiros, ele entrou com tudo. Assim, que ele passou pela porta, meti uma bala na testa dele. O desgraçado estava com uma Uzi. A mulher grávida continuava atirando. As balas raspavam. Me escondi no banheiro. Ela recarregava e atirava.

- Você é um defunto! Eu sou a Mãe de Família, porra!

Peguei a Uzi do comparsa morto e revidei. Foda-se. Ela levantou a mesa e a usou como escudo. Continuei atirando, só para assustar. Ela estava ficando sem munição. Por isso saiu pela janela dos fundos. Porém, eu estava fodido. Os tiros chamaram atenção dos bandidos da rua, aqueles mesmos que haviam me revistado. Eles estavam para me cercar na casa quando os homens do Mentor chegaram e acabaram com eles.

- Obrigado. – eu disse a eles. Conseguimos sair açodados daquele lugar. Matei apenas um ente querido. Contudo, peguei o dinheiro da droga – dez mil contos – e uma Uzi.

5

Reencontrei-me com o Chefe 1 em uma das bocas.

- Matei apenas um ente querido. – eu disse.

- Você matou a mãe dele. Muito bem. – ele respondeu. – Mas era pra pegar dois.

- A outra pessoa na casa era a Mãe de...

- Não era! Se fosse, você nem estaria aqui contando a história.

- Ela disse que era. E me marcou. Disse que eu era um defunto.

- É guerra, meu amigo.

6

Alguns dias depois, algo incomum começou a acontecer. No bairro do Flamingo, houve o assassinato de 30 pessoas, inocentes e bandidos. Boatos diziam que era um homem que estava massacrando essa gente. Confesso que a princípio não entendi. Eu matei a mãe de um líder de facção. Era para as mortes estarem acontecendo no bairro onde vivo. Pois seria o Flamingo retaliando. Em vez disso, era a facção dele que estava sendo exterminada. Não era a Mãe de Família, embora os jornais cressem nisso. O assassino tinha um método mais brutal e menos preciso. Usava armamento pesado para desfigurar os corpos.

Procurei o Mentor, que cobrou 20 mil reais por uma informação.

- A Mãe de Família não está mais no bairro. Nem o Flamingo. O matador é “de fora”. – explicou o Mentor.

- De fora!? O que você quer dizer...

- O cara talvez nem seja brasileiro. Parece que o governo brasileiro está contratando assassinos que façam “limpeza” nas favelas. Aqui a foto dele. – disse o Mentor.

O cara era caucasiano, parecia de algum país escandinavo, sei lá.

- Então, essa é uma evidência de que eu realmente cruzei o caminho da Mãe de Família. – afirmei.

- Difícil crer. Você ainda está vivo.

- Cara, ela se movimentava como uma assassina. Atirava como uma assassina. Um assassino reconhece o outro. Não tenho dúvidas: era a Mãe de Família.

- De qualquer modo, isso não importa. Ela é uma mulher morta. O assassino internacional vai matá-la e vai acabar com o Flamingo. Agradeça a ele por fazer o seu trabalho.

- Nem fodendo.

O Mentor olhou para mim com uma expressão que, pela primeira vez, não era indiferente. Ele parecia um tanto impressionado. O trabalho era meu, eu disse a ele. Eu vou matar a Mãe de Família. Além disso, ela está grávida, não posso deixar que o assassino mate uma criança que não tem nada a ver. É por isso que vou matá-lo, porque ele está entrando no meu caminho e pode ferir uma criança no ventre. A vítima é minha.

O Mentor apenas disse: - venha comigo.

Fomos de carro até um depósito onde havia muitas armas. Todas eram do Mentor.

- Se você quiser vencê-lo, vai ter que ser de uma forma não convencional. – afirmou o Mentor. - Se for trocar tiros com ele, você vai morrer. Vai ter que pegar ele de longe.

- Como assim!?

Então, o Mentor me deu um rifle de precisão. Era um M40. Paguei 10 mil para que o Mentor me treinasse. Uma semana atirando em drones, sem errar um único tiro, e eu estava preparado para ser um atirador de longa distância. Era a chance que eu tinha contra o matador internacional. O preconceito desse atirador seria a sua ruína. Explico. Ele não acredita que as facções tenham atiradores de longa distância. Ele pensa que os favelados são porras-loucas atiradores com pistolas, que não atiram com precisão, que precisam atirar várias vezes para poder acertar o alvo. O atirador “de fora” não está considerando ser derrubado por alguém com um rifle. É assim que vou pegá-lo.

7

Depois de dias, o Mentor localizou Flamingo e a Mãe de Família. Ambos estavam morando em um prédio em Brotas, fora do perímetro controlado pelo Flamingo.

Não havia seguranças.

Não havia olheiros.

Não havia nada.

A Mãe de Família estava prestes a dar a luz. Portanto, estava fora de ação. O Flamingo estava com medo da polícia e do assassino. Por isso, não queria sair. Aluguei um apartamento em um prédio que fica em frente ao apartamento do casal bandido. Eu poderia acabar com os dois. Mas, naquele momento, meu alvo é outro.

O Mentor foi bem claro: - se eu encontrei eles dois, você acha que esse assassino “de fora” não vai achar? Você vai ter que ser paciente. Fique de tocaia. Uma hora ele vai aparecer para matar a Mãe de Família e o Flamingo. Tudo que você vai precisar fazer é apertar o gatilho.

“Paciência”, atente para isso que ele disse.

Fiquei vários dias de tocaia. Nada do assassino. O casal não saía de jeito nenhum. Havia soldados que levavam comida, roupa etc. Uma hora a Mãe de Família teria que sair para dar a luz.

Mais dias se passaram e nada. Eu estava preso naquele apartamento até o desgraçado aparecer. Isso começou a afetar minha mente. Por que não atirar nela? Porque eu não mato mulher grávida. Se ela saísse para dar a luz, e voltasse, eu poderia matá-la. O problema é que o atirador internacional pode pegá-la antes de mim. É por isso que eu não saía do apartamento. O assassino tinha que chegar antes dela. Estava ali, no fundo, para proteger a criança.

Esperei semanas. Até que chegou o grande dia. Um carro parou na frente do prédio. Usei o binóculo. Comparei a aparência do homem que saiu do carro com a foto que o Mentor me deu. Não tinha dúvidas. Era ele. Estava na hora de apertar o gatilho. Mirei e o matei na entrada do prédio. Depois saí imediatamente dali.

8

Durante os dias que se seguiram, os jornais deram ampla atenção à morte do assassino de fora:

“Jagunço internacional é assassinado na entrada de prédio em Salvador”, dizia uma das manchetes. O caso deu repercussão nacional e internacional. Diziam que o cara era espião, uma espécie de versão ainda mais sombria do James Bond, que trabalhava como matador de aluguel para governos. Os jornais e revistas investigaram e encontraram conexões do matador morto com o governo brasileiro. Descobriram o plano de “limpeza”. A proposta de impeachment começava a ganhar força.

Meus interesses, no entanto, eram outros. Encontrei o Mentor no Campo Grande.

- Ela deu a luz há dois dias. – ele disse enquanto me dava o papel com o endereço anotado.

Fui e me estabeleci nas proximidades do hospital. Preparei o rifle. A Mãe de Família estava em um dos quartos. O filho nasceu. Eu poderia apertar o gatilho sem ter que sentir remorso depois. E foi o que fiz. O serviço estava finalmente completo.

FIM

RoniPereira
Enviado por RoniPereira em 09/11/2024
Reeditado em 10/11/2024
Código do texto: T8193217
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