A INCRÍVEL HISTÓRIA DE JUCA LAURENT

Essa nova história tem como cenário a pacata cidade litorânea do sul capixaba, onde o nome Laurent tem um simbolismo prá lá de especial, afinal em todos setores do comércio local esse nome está estampado da padaria, ao supermercado, passando pela farmácia e fechando o ciclo com a concessionária de veículos. Praticamente toda área rural do município se encontra em mãos da Usina Laurent, que processa cana-de-açúcar a transformando em álcool, fornecido ao consumidor diretamente pela rede de postos de combustível Laurent.

Don Juca, é popularmente conhecido na localidade como o cara, assim qualquer político com a mínima intenção de se eleger no município precisa do aval desse capo capixaba. Praticamente nada acontece na prefeitura da cidade sem autorização do manda chuva.

Bom esse sujeito baixinho, tinhoso, encorpado sempre pitando um charuto cubano que pode ser considerado um mito para os cidadãos de Itapeaçu, que uma vez por semana abre as portas ao povo de seu castelo medieval, que inclusive conta com um fosso, onde o excêntrico milionário cria crocodilos.

Nessas quartas-feiras sociais a prefeitura gentilmente cede advogados, médicos e assistentes sociais ao milionário, então algumas das mais de quarenta suítes da mansão se transformam em ambulatórios bem equipados e também num escritório de advocacia para solucionar problemas jurídicos desses menos possuídos cidadãos itapeaçuanos.

Esse Don Juan capixaba circula pela sede do município de forma extravagante, pois conta com uma frota de veículos de fazer inveja a qualquer aficionado por ícones da indústria automobilística. Só Ferrari tem duas, mas gosta mesmo é desfilar com sua pick-up RAM branca com muitos detalhes cromados. Na grandiosa garagem do castelo Laurent duas motos de grande porte e um simples quadriciclo completam a coleção de bólidos do milionário.

Mas a maior coleção do sujeito são mesmo suas conquistas amorosas, mesmo com quarenta e cinco anos ainda não pensa em assumir alguma relação do tipo duradoura. Gosta mesmo é de ciscar, e claro, é desejo de consumo de dez em cada dez moças da localidade, afinal não existe na cidade partido melhor.

Seus invejosos dissidentes espalham aos quatro ventos, que quando Don Juca viaja, e sempre o faz sem companhia feminina, e invariavelmente sai em busca de aventuras sexuais com profissionais do sexo.

Essas mesmas pessoas culpam esse Don Juan por uma epidemia de Sífilis, que contaminou a cidade cinco anos atrás, quando alguns souberam que ele foi tratar da doença no Rio de Janeiro, para não dar margem a fofocas da oposição.

Essa história de mulheres pularem o muro, com intuito de atender a compulsão por sexo de Don Juca, que sabidamente bem remunerava as interessadas, como seria mesmo de se esperar, em algum momento poderia lhe causar problemas.

Como essas aventuras interessam as duas partes, nunca ninguém abriu o bico, afinal dentro do castelo ninguém poderia intervir mesmo. Muitas das moças convocadas chegavam ao castelo à noite disfarçadas, esse foi um princípio estabelecido pelo precavido e insaciável Don Juca.

Do pessoal que trabalhava em sua residência, sempre evitou aproximação sexual, tinha consciência das possíveis e graves consequências futuras.

Mas veio deste mesmo grupo um problema que poderia ter lhe roubado a vida.

Alfredo, passando por problemas financeiros advindo dessa epidemia nacional das bets, funcionário mais antigo, que sofre de compulsão por jogos, não só esvaziou os cofres da casa, mas conseguiu uma verba com o agiota da cidade e também perdeu tudo.

Sueli, sua nova parceira, assustada com as advertências de Dirceu, chefe da agiotagem local, dera curto prazo para o pagamento da dívida, que crescia diariamente. Ela não queria de jeito nenhum ficar precocemente viúva, resolveu então apelar para Don Juca, antes que o marido fosse justiçado pela dívida.

Naquela noite, eliminaria o problema pela raiz, chegou ao castelo logo que anoiteceu e seguiu direto para o encontro com Don Juca, que não conhecia essa nova esposa do Alfredo. Depois de muita conversa, chegaram a um ponto comum para dar fim ao problema.

Ao sair do castelo, o vigia do plantão noturno a reconheceu, e se sentiu na obrigação de avisar o colega, que também fazia plantão naquela noite.

Ainda de cabeça quente com sua situação financeira, teria que também engolir essa novidade, não resistiu a tanta pressão, amanhecia, quando se ouviu dois estampidos no quarto onde dormia Alfredo.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 10/10/2024
Código do texto: T8170251
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