O Mistério da Casa 12 

Era quase fim de expediente quando chegou a ocorrência: Bandidos estariam escondidos em uma casa na rua Santa Marta. O número da casa, 12. Juntaram quatro viaturas na rua. Não havia casa 12! A rua era pequena, na verdade era pouco mais larga do que uma viela, não havia saída. Os soldados e cabos disseram ao seu sargento que a denúncia era provavelmente falsa. Mas não, uma denúncia para ser falsa precisava de mais firulas na história.

O sargento, determinado, chamou seus subordinados para ensiná-los a encontrar uma casa quando a numeração não existe. Cada a casa foi sendo observada minuciosamente, a má iluminação da rua tentava anuviar as vistas do sargento, mas era incapaz de driblar a sua determinação e seu poder investigativo.

“Aqui, olhem ali, está meio apagado!” Todos ficaram surpresos com a perspicácia do comandante do pelotão. Firmes e silenciosos, com suas armas em riste, entraram no pátio e se aproximaram da casinha em seu final. Havia vinte pares de chinelos rigorosamente organizados ao lado da porta. Os soldados os olharam surpresos após o sargento aponta-los.

O sargento bateu à porta, nenhum barulho veio lá de dentro. Bateu novamente, agora mais forte. Uma mulher atendeu com a porta pouco aberta. “Precisamos fazer uma busca em sua residência, senhora, pois recebemos uma denúncia!” A mulher, com cara de desentendida, disse que não havia nada em sua casa. “Então se não há nada, deixe-nos passar para averiguar”.

Ainda da porta, o sargento avistou sob uma cama dois pés que reluziam no brilhoso chão vermelho. E ali estava o primeiro bandido a receber a voz de prisão. Pouco a pouco foram sendo encontrados os donos dos chinelos. Mas e as armas?

Atrás da casa havia um pequeno quintal de chão batido. O sargento se dirigiu aos fundos apenas sob a luz de sua lanterna, e, prontamente, enxergou um pedaço com terra afofada. Ordenou que o soldado Pires achasse uma pá para abrir o buraco.

“Chefe, achamos 19 donos dos chinelos, ainda falta um!”, que continuem procurando, foi a ordem. Uma casa com dois cômodos não esconde uma pessoa por muito tempo. Enquanto isso, Pires abriu o buraco e lá estavam vários revólveres 22, 38... algumas pistolas e uma metralhadora. “Ainda tem mais coisas aqui!” O radar investigativo do comandante do pelotão estava atiçado. “Revistem todos os móveis!”

O cabo Silva revistou o quarto, sob o colchão encontrou uma mala, dentro da mala, encontrou muitas drogas prontas para serem distribuídas. O soldado Meira foi revistar o forno, sentiu algo estranho, olhou para o lado e notou algo diferente no botijão de gás, sim! Lá estava, sob a capa, tentando imitar o formato de botijão, o vigésimo dono do chinelo.

Enquanto a casa era revistada e os donos dos chinelos presos, o comandante do pelotão chamou seu superior.

Enquanto o sargento verificava o trabalho dos soldados e cabos, o soldado Pires veio lá dentro alucinado de tanta adrenalina “Chefe, achei as drogas!” Tinha mais um buraco que fora feito sob a máquina de lavar. Centenas de porções alocadas por tipo preenchiam o buraco.

O capitão chegou logo ao local. Seus olhos brilhavam como diamantes em direção ao seu sargento. “Essa foi a operação do ano, sargento!”. Em seguida, mais viaturas chegaram ao local para ajudar no transporte dos vinte donos de chinelos, da mulher, de suas armas e de suas drogas.


 

 

Marília Francisco
Enviado por Marília Francisco em 01/10/2024
Reeditado em 31/10/2024
Código do texto: T8164465
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