"MONSTROS? o que o netflix não contou".

"MONSTROS? o que o netflix não contou".

Em 2023, Roy Roselló, um ex-integrante da icônica banda Menudo, fez declarações explosivas.

Essas declarações não apenas obrigam a revisitar velhas histórias relacionadas ao famoso grupo, mas também podem acabar reabrindo um dos casos de homicídio mais midiáticos dos Estados Unidos.

A razão é simples: o ex-Menudo denunciou que, quando era menor de idade e se preparava para cantar, quando um alto executivo da RCA Records abusou dele. E não apenas uma vez, mas reiteradas vezes.

O abusador em questão seria ninguém menos que José Menéndez, cujo assassinato, juntamente com o de sua esposa, dominou as manchetes nos anos 90.

Para termos o panorama amplo, rapidamente eu explico que Menudo foi uma famosa boy band porto-riquenha formada em 1977.

O grupo é conhecido por ter lançado vários sucessos e por ser um dos primeiros exemplos de bandas de garotos que se tornaram um fenômeno global.

Eram conhecidos por suas vozes harmoniosas e coreografias enérgicas.

A banda tinha um formato único, onde os membros mais velhos saíam quando chegavam à adolescência, sendo substituídos por novos integrantes mais jovens.

Isso fez com que Menudo se mantivesse popular entre os jovens durante várias décadas.

Menudo se destacou não apenas pela música, mas também por suas aparições em programas de televisão e por seu impacto cultural, especialmente na América Latina.

Voltando especificamente ao caso, durante anos, a mídia fez um verdadeiro espetáculo ao cobrir os detalhes desse perturbador acontecimento, e não era para menos.

Que agora voltou em razão dessa declaração do cantor como pelo documentário lançado pelo Netflix, que esmiuça o caso, mas traremos aqui detalhes não contados.

O caso tinha todos os ingredientes para se tornar um prato cheio para o público.

Em primeiro lugar, tratava-se de um assassinato cometido em Beverly Hills, um exclusivo bairro, localizado na Califórnia, conhecida por suas mansões luxuosas, boutiques de alta moda, ou seja, o lugar perfeito para as celebridades viverem.

Em segundo lugar, os filhos do empresário foram considerados os culpados pelo crime.

Sim, dentro da dinâmica interna de uma dessas famílias abastadas que parecem perfeitas para o mundo exterior, havia segredos escabrosos e questões mal resolvidas.

Era, em última análise, um caso que tinha todo o potencial para seduzir os cidadãos, e assim o fez.

No entanto, o julgamento, as condenações e o que viria depois não diminui a curiosidade pelo caso.

Hoje, como disse, quase 30 anos após aquele ponto final, e graças ao que Roy Roselló contou no documentário *Menéndez + Menudo: Boys Betrayed*, o caso voltou a se abrir e, talvez, apresentar um desfecho inesperado.

O sombrio caso dos irmãos Menéndez.

Joseph Lyle Menéndez, a vítima n.º 1

Vamos começar pela "família perfeita" em uma daquelas mansões imponentes; estamos falando de terrenos enormes, com construções que se destacam por sua extravagância, bom gosto e luxo.

Como sabem, a área é lar de várias estrelas do showbiz.

No entanto, essas mansões não são ocupadas apenas por grandes ícones do rock ou do cinema, mas também por aqueles que trabalham nos bastidores, como renomados produtores e diretores.

E é de uma pessoa relacionada a este último grupo que vamos falar.

Em uma mansão avaliada em 5 milhões de dólares, que antes havia sido alugada por figuras como Prince ou Elton John, vivia José Menéndez.

Nascido em Cuba, José se radicou nos Estados Unidos aos 16 anos.

Não demorou a se envolver com o mundo da música e logo se consagraria como um executivo renomado, chegando a presidir a divisão de discos da RCA Records.

Em seu catálogo, estavam muitos artistas que, com o tempo, conquistariam milhares de fãs ao redor do mundo.

Mas talvez o maior sucesso obtido por José durante seus anos na empresa tenha sido com a já mencionada banda Menudo, um grupo formado por adolescentes entre 13 e 16 anos.

Menudo marcou um antes e um depois na música, e, quando José teve a chance de entrar no negócio, ele não a desperdiçou.

José esteve envolvido no projeto até 1988, tempo mais que suficiente para se tornar milionário.

Não podemos saber exatamente quanto esse empreendimento rendeu ao empresário, mas fica claro que foi o bastante para que ele pudesse comprar a enorme propriedade de 850 m² de que falamos.

José também adquiriu carros de luxo e costumava viajar com frequência para diferentes partes do mundo.

Às vezes ia sozinho, outras vezes com sócios, e muitas vezes com sua família, composta por sua esposa Kitty e seus dois filhos, Lyle e Erik.

Kitty Menéndez, a vítima n.º 2

Mary "Kitty" Menendez, de origem cubana, nascida em 1960. Ela conheceu José Menendez, um executivo de entretenimento, e se casou com ele em 1983.

Kitty tinha uma paixão por moda e frequentemente era vista em eventos sociais. Ela era uma mulher vaidosa que se preocupava com sua aparência e estilo.

Embora Kitty tivesse uma vida aparentemente perfeita, seu casamento com José enfrentou desafios. Ela era descrita como uma mulher carinhosa, mas havia alegações de que José tinha um temperamento explosivo.

Os Monstros?

Joseph Lyle Menéndez nasceu em 10 de janeiro de 1968, e Erik Galen Menéndez, em 27 de novembro de 1970.

Desde muito jovens, ambos se acostumaram às melhores escolas, passeios exclusivos e a um mundo de privilégios que, cedo ou tarde, os tornaria insaciáveis.

Dispostos a garantir que Lyle e Erik aproveitassem ao máximo os benefícios de sua posição, os pais pagaram pelos melhores professores particulares e os apresentaram, desde muito novos, a pessoas influentes.

Geralmente, quando as coisas acontecem dessa forma, dois destinos possíveis surgem no horizonte: ou o jovem aproveita todas as oportunidades e, em pouco tempo, já está gerando tantos milhões quanto seus pais, ou as coisas se desvirtuam de tal maneira que o jovem mimado se torna um narcisista inescrupuloso, que acredita ser dono de tudo e passa a viver do patrimônio familiar.

Lyle e Erik, sem dúvida, pertenciam ao segundo grupo, e, como seus pais sonhavam, eles acabariam se tornando famosos, mas em forma de pesadelo.

A Família Imperfeita

Algo estranho estava acontecendo em casa.

Lyle havia sido suspenso da prestigiada Universidade de Princeton por colar em um exame, enquanto Erik acumulava registros por pequenos furtos na cidade de Calabasas, que fica a cerca de 30 quilômetros a noroeste de Beverly Hills, essa cidade é conhecida por ser uma área residencial bastante tranquila e de alto padrão, atraindo muitas celebridades e pessoas em busca de um estilo de vida mais calmo, e alguns “gatunos” também.

Mesmo sendo uma pessoa de nível econômico altíssimo, o rapaz furtava.

Por que razão? Não havia razão.

Eles faziam isso simplesmente pela certeza da impunidade e porque seus vícios os estavam levando a um ciclo que não teria fim.

O descontrole os havia colocado em problemas diversas vezes, e não foram poucas as ocasiões em que, por não medir as consequências, foram surpreendidos em situações comprometedoras.

Hoje em dia, sabe-se por que eles não terminaram na prisão antes.

E sim, obviamente o sobrenome e o dinheiro tiveram muito a ver com isso.

À medida que cresceram, sua mãe deixou de tratá-los como jovens inocentes que talvez tivessem um pequeno problema de autocontrole para se mostrar mais preocupada.

Quando Kitty percebeu que aquilo não parecia uma típica fase de rebeldia que terminaria cedo ou tarde, começou a mencionar a seus amigos que se sentia desconfortável com o comportamento dos filhos.

Foi ainda mais longe quando disse ao seu psiquiatra, sem rodeios, que temia que Lyle e Erik fossem sociopatas.

Também se sabia que ela guardava uma espingarda em seu armário, mas se era por medo que os filhos tentassem algo contra ela, disso nunca se saberá.

José, por outro lado, costumava adotar uma postura mais relaxada.

No final dos anos 80, ele ainda fantasiava em continuar assinando novos e lucrativos contratos.

Ele se considerava no auge de sua carreira, mas também sabia que era jovem e estava certo de que deixaria uma marca significativa.

Claro, ele não imaginava que esse plano seria interrompido tão repentinamente.

Tão absorto estava em seus negócios que costumava deixar o sistema de alarme da mansão desligado, entrando e saindo distraidamente, muitas vezes deixando até mesmo as portas abertas.

Certa vez, chegaram a roubar seu Mercedes-Benz noo, que ele havia deixado ligado com as chaves no contato.

Há quem diga que foram essas atitudes de José, e não as travessuras dos filhos, que realmente despertaram a paranoia de Kitty, que já não conseguia dormir à noite.

Porém, o que se passava pela cabeça de cada um deles são apenas suposições e nunca saberemos.

Mas o que podemos garantir é que, em determinado momento, seus pensamentos foram interrompidos abruptamente.

Mais precisamente, em 20 de março de 1989, o cubano-americano José Menéndez e sua esposa Kitty foram brutalmente assassinados, e deixados sem vidas sobre os luxuosos pisos de sua mansão.

As investigações iniciais.

Erik e Lyle, que na época tinham 18 e 21 anos, respectivamente, ligaram para a polícia desesperados, dizendo que haviam encontrado os pais sem vida, ao voltarem do cinema.

A polícia prontamente compareceu ao local e isolou a área, assim como os meios de comunicação, e os detetives, acostumados a lidar com sangue fresco naquela região, logo presumiram que se tratava de um caso relacionado à máfia ou um ajuste de contas.

Os investigadores determinaram, através da necropsia, que, após disparar na cabeça de José e Kitty, o agressor ou os agressores atiraram em outras partes do corpo, uma atitude que poderia estar ligada a uma mensagem secreta, um recado que algumas organizações criminosas costumavam deixar.

Muitas pessoas poderosas ligadas aos Menéndez começaram a ser interrogadas, e os últimos movimentos bancários e agendas dos falecidos foram rastreados.

Os rostos de José e Kitty ficaram irreconhecíveis, e todos os que visitaram a cena concordaram na brutalidade do ataque.

Será que os Menéndez morreram para deixar um recado para outra pessoa? O que estava acontecendo?

Apesar de os filhos do casal terem um álibi, eles não se livraram de prestar depoimento.

Eles repetiram o que já haviam dito anteriormente: na noite do crime, foram assistir à 16ª edição da saga de James Bond, Licença para Matar. Outras fontes afirmaram que, na verdade, eles foram assistir ao icônico filme Batman, de Tim Burton. Isso nunca ficou claro.

Bem, e ao saírem do cinema, voltaram para casa e se depararam com aquele horrível cena.

Como não encontraram provas que pudessem desacreditar o que Erik e Lyle disseram, eles foram liberados.

Em vão foi tentar encontrar câmeras de segurança, pois, como mencionado, pois como eu já mencionei, era de conhecimento geral que José era muito descuidado com a segurança da mansão.

Em poucos dias, os investigadores ficaram sem pistas.

Cada detalhe os levava de volta ao ponto de partida ou a um beco sem saída.

Embora ninguém quisesse se resignar a deixar o caso sem solução, havia uma realidade que os membros da força de segurança conheciam bem: muitos dos homicídios cometidos contra pessoas de alto perfil eram realizados por profissionais que sabiam muito bem como apagar seus rastros.

O que aconteceu com José e sua esposa, então parecia seguir por esse caminho, e, se tudo tivesse ficado por isso mesmo, hoje estaríamos falando de um grande mistério não resolvido.

Mas algo estava para acontecer, algo que abriu uma nova trilha para as investigações.

Acusados

O que aconteceu é Erik e Lyle, que já haviam se livrado do olhar acusador, voltaram a estar no foco da atenção.

Uma breve revisão das contas da família mostrava que, em poucos meses, os dois jovens haviam arruinado grande parte da fortuna que antes era administrada por seus pais.

Mas eles não investiram ou fizeram negócios arriscados, o que estava acontecendo é que Erik e Lyle começaram uma onda de gastos descontrolados: roupas caras, relógios Rolex, cruzeiros, viagens pela Europa e Caribe, jantares nos melhores restaurantes, carros novos.

Longe de estarem passando por um luto, os meninos pareciam estar no auge da felicidade.

Nesse ponto, as opiniões se dividiram.

Alguns diziam que os irmãos sempre haviam sido frívolos e materialistas, e que ninguém deveria se surpreender com a falta de tato ao mostrar respeito pelos pais recentemente assassinados.

Outros ainda afirmavam que aqueles que criticavam os meninos estavam sendo invejosos. O que havia de errado com duas pessoas jovens, que herdaram muito dinheiro, aproveitarem o prazer?

Um terceiro grupo acreditava que a ausência de empatia de Erik e Lyle não poderia ser ignorada, pois poderia ser sintoma de algo maior e mais perigoso.

Os irmãos optaram por deixar que cada um tirasse suas próprias conclusões e se mantiveram em silêncio.

Afinal, por mais que falassem, não havia provas que os conectassem à cena do crime.

No entanto, eles acabariam falando em algum momento. E falaram.

O psicólogo Oziel

Neste ponto da história entra um personagem essencial para o deslinde do caso.

O psicólogo conhecido como Dr. Oziel e o que esse homem diria mudaria o curso dos acontecimentos.

O Dr. Oziel costumava atender Erik, que, em uma sessão, acabou confessando que tanto ele quanto seu irmão haviam sido os responsáveis por matar seus pais.

Mas, por que ele disse isso?

Por estar se sentindo sobrecarregado ou por querer testar até onde poderia ir sem ser pego?

Não sabemos, mas o que ele disse ao psiquiatra, deixou esse aterrorizado, mas também com um dilema.

Ele deveria procurar as autoridades ou priorizar a saúde mental de seu paciente?

O dilema se resolveu rapidamente quando, algumas horas depois de Erik ter contado tudo, ele e seu irmão voltaram ao consultório para avisar que, se Oziel abrisse a boca, eles o matariam, ou seja, eles o ameaçaram.

E, essa ameaça, que colocava a vida do médico em risco, o eximia de suas obrigações profissionais que o impedia de relatar um assunto tratado em consultório, o que o levou diretamente ao primeiro posto policial que encontrou.

Mas, essa é outra versão que se contradiz, pois em outra é dito que o Doutor Oziel contou tudo à sua secretária, que também era sua amante, e foi ela quem denunciou o rapaz.

De uma forma ou de outra, a partir desse ponto, o Doutro Oziel se tornou uma figura vital para o caso, e os promotores não demoraram a surpreender os irmãos, que logo foram detidos e levados para a prisão.

Com essas novas informações e uma certeza mais concreta sobre o horário em que os assassinatos ocorreram, as antigas pistas foram revisadas.

Logo, foi possível criar uma cronologia dos eventos.

Segundo essa nova versão, corroborada pelo testemunho do psiquiatra relatando a versão de seu paciente é que após um longo dia de navegação, José e Kitty estavam na sala assistindo a um filme.

Os filhos entraram silenciosamente e os mataram com espingardas, que depois jogaram em algum lugar de Mulholland Drive e em seguida, foram ao cinema para criar um álibi.

Claro que os mais céticos logo se manifestaram: "E se tudo isso fosse uma armação para incriminar os filhos?"

Mas, por mais que os advogados tentassem, Erik e Lyle foram presos em 1990, marcando o início de uma longa série de processos judiciais.

No dia 8 de dezembro de 1992, eles foram formalmente acusados do assassinato dos pais.

O primeiro Julgamento.

Aproximava-se um julgamento que seria um marco, não só para o caso, mas também para a sociedade em geral.

O julgamento começou oficialmente em 1993 e foi um dos primeiros a ser transmitido pela televisão.

Isso fez com que ele atraísse a atenção de milhões de espectadores, que diariamente se sentavam em frente à TV para acompanhar os depoimentos.

Com o passar dos dias, cada pessoa formou sua própria opinião sobre o que havia acontecido.

Surgiram duas teorias que foram as mais aceitas.

A primeira, defendida pela promotoria, argumentava que os irmãos cometeram o assassinato de forma premeditada para herdar os 14 milhões de dólares de seus pais.

A segunda teoria tinha a ver com o que Erik e Lyle disseram: eles admitiram de imediato que foram os responsáveis pelos disparos, mas alegaram que o motivo não era o dinheiro, e sim a vingança.

Eles afirmaram que seu pai abusava deles há anos, e que decidiram matá-lo para proteger sua saúde mental.

Em seguida, mataram sua mãe porque ela encobria o pai.

Muitas dúvidas cobriam o julgamento, tantas que no julgamento foram tão profundas que o júri não conseguiu chegar a um veredito unânime, o que resultou em um impasse.

Isso levou a novos julgamentos e mais debates sobre a credibilidade das acusações de abuso.

Para muitos, a confissão dos irmãos parecia sincera, mas para outros, soava como uma desculpa cuidadosamente planejada para justificar o crime e obter uma pena mais branda.

Já os advogados de defesa tentaram estabelecer um padrão de comportamento abusivo por parte de José Menéndez.

Descreveram-no como um homem controlador e tirânico, que não apenas exercia domínio sobre seus filhos, mas também sobre sua esposa Kitty, retratada como uma mulher emocionalmente frágil e que supostamente fechava os olhos para os abusos.

A defesa alegou que o longo período de abuso sexual e psicológico havia deixado os irmãos mentalmente quebrados, culminando no ato violento contra seus pais.

Por outro lado, a promotoria insistia que tudo não passava de uma elaborada mentira.

Segundo eles, os irmãos haviam cometido os assassinatos de maneira fria e premeditada, motivados pelo desejo de herdar a fortuna de seus pais, estimada em 14 milhões de dólares.

A promotoria ressaltou o comportamento dos irmãos após o crime, destacando seus gastos extravagantes e a aparente falta de remorso, sugerindo que isso era incompatível com alguém que teria agido em legítima defesa emocional.

Nas ruas, assim como nos tribunais, algumas pessoas viam os irmãos como vítimas, enquanto outras os consideravam mentirosos patológicos.

Sem conseguir um acordo sobre o veredicto, que oscilava entre homicídio involuntário ou assassinato, o primeiro julgamento foi anulado.

O segundo Julgamento.

Rapidamente, uma nova data foi marcada para o segundo julgamento, mas desta vez o juiz foi claro em sua decisão: não queria câmeras no tribunal.

Ele acreditava que as câmeras geravam muita pressão sobre o júri, que se sentia observado pelos cidadãos que acompanhavam o evento pela televisão.

Essa pressão, segundo o juiz, impedia o júri de ser totalmente objetivo.

Em meio a polêmicas, os testemunhos e provas usados pela defesa sobre a suposta dinâmica abusiva de José Menéndez foram restringidos.

Nesse segundo julgamento, a defesa enfrentou as mesmas dificuldades.

Sem testemunhas que pudessem corroborar os abusos físicos, estavam em uma situação desfavorável.

No entanto, o golpe final veio quando o juiz descartou a possibilidade de considerar homicídio involuntário com base nos supostos abusos.

E essa decisão obrigou o júri a decidir entre apenas duas opções: condenar os acusados por assassinato ou declará-los inocentes e libertá-los.

Essas novas regras mudaram a perspectiva do julgamento, e em 18 de abril de 1996, Lyle e Erik foram condenados por assassinato.

A sentença foi prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

O impacto foi grande: alguns comemoraram, outros negaram, certos de que uma enorme injustiça estava sendo cometida, possivelmente arquitetada por cúmplices de José Menéndez, que preferiam que o passado não fosse revivido.

O caso dos irmãos que já tinha levantado diversos debates, com a condenação dos irmãos Menéndez gerou um intenso debate na sociedade.

Por um lado, havia aqueles que acreditavam que a justiça havia sido feita, considerando-os jovens frios e calculistas que eliminaram seus pais para obter riqueza.

De outro lado, existia um grupo crescente de pessoas que acreditavam que os irmãos eram, de fato, vítimas de um longo histórico de abusos e que, em última análise, cometeram os assassinatos como uma forma desesperada de escapar de uma situação insustentável.

Consequências

Como sabemos, esse caso foi amplamente coberto pela mídia, com transmissão ao vivo dos julgamentos, e tornou-se um símbolo das complexidades da justiça, especialmente quando se trata de crimes cometidos dentro do ambiente familiar.

Embora os irmãos tenham sido condenados, o debate sobre a verdadeira natureza de suas ações continua até hoje, com alguns defendendo que eles mereciam mais compaixão e outros argumentando que o veredito foi justo.

Atualmente, Erik e Lyle Menéndez permanecem presos, cumprindo suas sentenças de prisão perpétua.

Mas, antes de finalizarmos, vamos falar psiquiatra que foi fundamental para a prisão dos irmãos.

O Dr. Osiel perdeu sua licença de psicólogo após ser acusado de violar regras profissionais e manter relações com pacientes do sexo feminino.

Ao que parece, não era a primeira vez que ele vazava informações confidenciais.

Sua ex-secretária e amante mais tarde o acusou de ser uma pessoa habilidosa em manipular e implantar falsas memórias em seus pacientes.

Após a condenação, os irmãos nunca desistiram de tentar provar que eram vítimas e não monstros, Erik e Lyle nunca desistiram de apelar por sua liberdade, e passaram quase 30 anos até serem ouvidos novamente.

Existe Vida na Prisão

Assim, nossa história retorna ao ponto inicial: vida na prisão.

Enquanto apresentavam apelações e solicitavam inúmeros recursos legais, os irmãos Menéndez continuaram vivendo em prisões de segurança máxima e construíram uma vida atrás das grades.

Em janeiro de 1997, Lyle se casou com uma amiga por correspondência, com quem mantinha contato há muito tempo.

O casamento terminou, segundo relatos, em menos de um ano, mais precisamente depois que a esposa descobriu que ele a estava traindo com outra mulher com quem também se correspondia.

Essa terceira mulher era Rebecca Sneed, editora de uma revista.

Ele se casou com Rebecca em novembro de 2003, em uma cerimônia na área de visitas da prisão de segurança máxima Mule Creek State Prison.

Por outro lado, Erik se casou por meio de uma cerimônia telefônica na prisão estadual de Folsom, em 1997.

Em junho de 1999, aos 28 anos, casou-se em segundas núpcias com Tammi Saccoman, de 37 anos, em uma sala de espera da prisão.

Apenas em 2018, os irmãos conseguiram ser transferidos para ficarem juntos em uma mesma penitenciária em San Diego, podendo assim compartilhar o dia a dia pela primeira vez após tanto tempo.

Esse reencontro também trouxe a possibilidade de que o caso deles começasse a tomar rumos inesperados.

O advogado dos irmãos, Cliff Gardner, afirma ter novas provas que apoiam as versões dos seus clientes.

Gardner argumenta que, se essas evidências tivessem sido consideradas, os Menéndez deveriam ter sido condenados por homicídio culposo, em vez de assassinato premeditado, o que resultaria em uma sentença mais leve.

E essa evidência é aquele que contei no início do vídeo, o depoimento do ex-integrante do grupo Menudo, Roy Rosselló, que afirmou que, aos 15 anos, José Menéndez e outro produtor renomado lhe deram bebidas alcoólicas e abusaram dele.

O testemunho de Rosselló levou o advogado a apresentar, em maio de 2023, um pedido de habeas corpus, solicitando a anulação das condenações, considerando que essas novas evidências são suficientemente sólidas e relevantes.

Se isso se concretizar, caberá ao Ministério Público do Condado de Los Angeles decidir se os irmãos Menéndez devem ser julgados novamente ou não.

Enquanto isso, Lyle e Erik aguardam na prisão, segundo relatos, felizes e esperançosos.

Eles mal podem esperar para que as pessoas os vejam como o que dizem ser: vítimas.

Descobriremos, depois de tanto tempo, que dois indivíduos, outrora catalogados como monstros, nunca mentiram sobre o motivo de suas ações?

E, se isso for verdade, não nos colocará diante de questões ainda mais sombrias?

Quem mais sabia sobre o comportamento perverso de José Menéndez?

Quem mais está por trás dessa perturbadora rede?

Se José Menéndez, já falecido, for finalmente exposto como um vil pedófilo, não seria a hora de começarmos a investigar com mais ênfase o passado de outros produtores da indústria do entretenimento que costumam trabalhar com menores?

E, pior ainda, se os Menéndez provarem que sempre disseram a verdade, isso não nos colocará diante da possibilidade de que há milhares de casos semelhantes, em que os mais poderosos conseguiram encarcerar aqueles que, na verdade, não deveriam estar lá?

Nilvio Alexandre Fernandes Braga
Enviado por Nilvio Alexandre Fernandes Braga em 29/09/2024
Código do texto: T8162732
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