O caso de Josh e Amber Hilberling
O caso de Josh e Amber Hilberling é um dos mais trágicos e controversos da última década.
Envolvendo elementos de violência doméstica, um julgamento midiático e um final trágico, uma história que continua a dividir opiniões até os dias de hoje.
E para conhecermos essa história nós temos que ir até Tulsa, que é a segunda maior cidade do estado de Oklahoma, nos Estados Unidos.
Com uma população de aproximadamente 411 mil habitantes, sendo a segunda mais populosa do estado, depois de Oklahoma City, e é conhecida por sua rica história e cultura diversificada.
Os atores principais do nosso vídeo hoje são:
Amber Hilberling, que nasceu em 1992 e cresceu lá mesmo em Tulsa e era conhecida por sua beleza e personalidade vibrante, resumindo, ela era daquelas jovens populares.
Já Josh Hilberling nasceu em 1988 e, também, cresceu em Tulsa, ele era conhecido por ser uma pessoa gentil e dedicada.
Era um estudante aplicado, que, sempre, demonstrou interesse em servir ao seu país.
Tanto que após concluir o ensino médio, Josh se alistou na Força Aérea dos Estados Unidos.
Ele serviu com distinção e foi destacado para várias missões, incluindo serviu por um período no Alasca.
O casal
Os dois se conheceram em 2010, semanas antes de ele ser escalado para o Texas para receber seu treinamento militar.
O casal tinha muito em comum, com o homem bonito e atlético se apaixonando pela bela mulher loira que aspirava se tornar uma conselheira cristã.
Depois de completar seu treinamento militar, Josh pediu Amber em casamento após descobrir que ele seria destacado para Fairbanks, no Alasca.
Eles se casaram em uma pequena cerimônia em Wichita Falls em meados de 2010 antes de partirem juntos para a Base Aérea de Eielson em outubro de 2010.
No entanto, o relacionamento deles foi marcado por altos e baixos, com relatos de brigas frequentes e alegações de abuso.
Desde o início, o relacionamento de Amber e Josh foi tumultuado.
Amigos e familiares relataram que o casal brigava frequentemente, e Amber alegou que Josh era fisicamente abusivo.
Em uma ocasião, Amber chegou a pedir uma ordem de restrição contra Josh, mas depois a retirou.
A tensão entre os dois aumentou quando Amber ficou grávida, o que adicionou mais estresse ao relacionamento que já era frágil.
Bem, quando Amber engravidou, eles ainda estavam no Alaska, mas, em razão de um bebê estar a caminho, eles decidiram, para ficarem mais próximos da família, voltar para Tulsa.
Relatos de violência doméstica começaram a emergir com ambas as partes sendo acusadas de agressão.
Josh teria pedido ajuda a uma organização de apoio a vítimas de violência doméstica e, em outra ocasião, solicitado uma ordem de proteção contra Amber, embora essa ordem nunca tenha sido concedida.
Mas mesmo com toda essa situação de agressões, os dois se mantiveram juntos. E o pior aconteceu.
A Morte de Josh
Em 7 de junho de 2011, Josh “caiu” 25 andares até parar no teto de uma garagem do prédio University Club Tower, onde morava com sua Amber.
Ele morreu instantaneamente devido ao impacto.
Amber imediatamente admitiu que o empurrou durante uma discussão acalorada, mas insistiu que não teve a intenção de matá-lo.
Na época, Amber estava grávida de sete meses, e a defesa alegou que o empurrão foi em legítima defesa, já que Josh teria sido agressivo com ela antes, aqui um detalhe, mas relevante, Josh tinha 1,95 de altura e uns 100 quilos.
E, havia uma testemunha presencial do ocorrido, lá no apartamento estava o técnico de manutenção Armando Rosales consertando uma janela quando ouviu o barulho do vidro se quebrando.
Ele correu para a sala e, viu a janela quebrada, correu até ela e olhou para baixo, de lá, ele viu Josh caído no telhado da garagem.
Rosales em seus depoimentos relatou ter notado uma tensão evidente no casal antes do incidente.
Amber afirmou que estava tentando se defender de um marido abusivo e que o empurrão foi uma reação instintiva para se proteger, sem intenção de causar sua morte.
Bem, Amber foi presa logo após esse incidente que resultou na morte de seu marido.
E, inicialmente, acusada de homicídio em segundo grau, mas, após pagar a fiança pode aguardar seu julgamento em liberdade.
Um caso midiático
Antes do julgamento, houve muita especulação e cobertura da mídia sobre o caso.
A cobertura da mídia sobre Amber foi intensa e contínua, principalmente devido à natureza trágica e sensacionalista que girava ao entorno do caso.
O fato de Amber ter empurrado seu marido de um prédio de 25 andares, resultando em sua morte, despertou grande interesse do público.
Pois o caso envolvia elementos como violência doméstica, juventude, e a dramatização de um relacionamento que terminou de maneira violenta.
E a mídia, claro, não podia deixar de enfatizar o fato de que o incidente envolvia uma jovem de 19 anos, grávida, e a morte trágica e instantânea de seu marido.
A cobertura frequentemente retratava Amber e Josh como um jovem casal com problemas.
E a defesa de Amber argumentava que ela estava tentando se defender de um marido abusivo e que o empurrão foi uma reação instintiva.
E como, quase sempre acontece, essa cobertura gigantesca da mídia contribuiu para a polarização da opinião pública sobre Amber, com algumas pessoas a vendo como uma vítima de abuso doméstico e outras a considerando culpada pela morte de Josh.
Enfim, o julgamento
Até que, um pouco mais de um ano e meio depois, mais precisamente em março de 2013, começou o julgamento que durou várias semanas.
A promotoria focou nos aspectos de que Amber foi imprudente ao empurrar Josh em direção a uma janela de vidro, que era mais fina do que o padrão para edifícios de grande altura.
Eles destacaram que, independentemente da intenção, o ato de empurrar alguém contra uma janela no 25º andar era extremamente perigoso e irresponsável.
Ainda havia a ausência de sinais de luta, ou seja, a promotoria tinha o que enfatizar, pois não havia sinais de luta no apartamento, o que enfraquecia a alegação de autodefesa de Amber.
Eles argumentaram que, se Amber estivesse realmente se defendendo de um ataque, haveria evidências físicas de uma luta.
E para reforçar mais as teses acusatórias, havia testemunhas, várias foram chamadas para depor, incluindo o técnico de manutenção Armando Rosales, de quem já falamos, aquele que estava no apartamento no momento do incidente.
Rosales novamente relatou ter notado uma tensão evidente entre o casal antes da queda de Josh e ouviu o barulho do vidro se quebrando.
Já a defesa de Amber, argumentou que estava em uma situação de abuso e que o empurrão foi uma tentativa de se proteger, alegando que Amber estava agindo em legítima defesa.
Eles voltaram a afirmar que Josh havia sido agressivo com Amber antes do incidente e que ela reagiu instintivamente para se proteger.
Amber estava grávida de sete meses na época, o que, segundo a defesa, aumentava sua vulnerabilidade, pois seu estado emocional e físico estavam sob grande estresse.
E para corroborar com isso, a defesa apresentou evidências de que o relacionamento de Amber e Josh era marcado por violência doméstica e que ela já tinha pedido uma ordem de restrição contra Josh anteriormente, embora a tenha retirado posteriormente.
Resumindo, a defesa tentou pintar uma imagem de Josh como um homem problemático que colocava sua esposa em situações perigosas. E que todos esses fatores contribuíram para sua reação durante a discussão.
A Sentença
Depois de semanas de discussões o júri rejeitou a alegação de autodefesa, em parte porque não havia sinais de luta no apartamento.
A promotoria argumentou que, independentemente da intenção, Amber foi imprudente ao empurrar Josh em direção à janela de vidro, que era mais fina do que o padrão para edifícios de grande altura.
Amber também recusou um acordo judicial que poderia reduzir sua sentença para cinco anos, optando por enfrentar o julgamento.
E assim, por tudo isso, Amber Hilberling acabou condenada a 25 anos de prisão.
Prestem bem atenção, pois logo vai ficar mais estranho, pois, ou a jovem confiava muito em sua inocência ou era insana, ela recusou um acordo de 5 anos de prisão e acabou sendo condenada a 25!
Ao final do julgamento, Josh, que era descrito como um homem gentil e dedicado, foi lembrado por sua família como uma vítima de um relacionamento abusivo, com seus pais argumentando que ele sofria nas mãos de Amber.
A mídia mesmo com o caso já julgado, não o deixou cair em esquecimento e depois da condenação, ainda divulgou um vídeo de Amber falando com sua avó horas depois de ela ter empurrado seu marido para fora do apartamento do casal.
Com a jovem soluçando, lamentando o que aconteceu, dizendo que, embora não tivesse a intenção de matar o marido, ela não “merecia viver”.
“Eu não mereço ser mãe, Josh merecia ser pai e Josh nem é mais uma pessoa”, disse Amber, grávida de sete meses na época.
Depois, Amber também foi retratada na série de televisão da MSNBC “Lock Up”, quando fez uma série de episódios focados na Cadeia de Tulsa.
Ela foi mostrada fazendo amizade com outras detentas, algumas das quais assumiram um papel maternal em relação a ela, antes de ser transportada da cadeia para a prisão.
Como eu falei, Amber rejeitou um acordo judicial que a levaria a não contestar a acusação contra ela, o que lhe daria uma sentença de cinco anos de prisão e, em vez disso, ela levou o caso a julgamento e recebeu uma pena muito mais severa.
O problema com isso é que seu advogado de defesa, Jasen Corns, não tinha experiência em conduzir defesa criminal quando assumiu o caso dela, mas Amber confiava nele e o conhecia como um amigo da família.
E, anos após a condenação de Amber, não que isso tenha uma ligação direta com o caso da jovem, mas é um detalhe que não podíamos deixar de trazer a vocês, é o seguinte: o Doutor Corns entregou sua licença de advogado após ser acusado de fraudar um cliente idoso em 1,4 milhão de dólares em presentes, incluindo uma casa que valia mais de 500.000 mil.
Amber disse que seus pais pediram inúmeras vezes para ela demitir Corns durante seus longos processos criminais.
Mas, ela alegou que nunca o fez, porque "não tinha coragem de fazer isso".
Porém na fase recursal, quem assumiu o caso foi um advogado de Tulsa, Clark Brewster, a pedido de seus pais.
“Eu me encontrei com Amber e revisei todas as evidências e depoimentos e senti que uma grave injustiça ocorreu”, ele disse.
“Eu concordei em representá-la sem custo algum e nós buscamos um Recurso ao Tribunal de Apelações Criminais, mas o Tribunal de Apelações confirmou a condenação. Com base nos fatos e na lei, acredito que esta condenação seja uma grave injustiça”. Concluiu o advogado.
Bem, não havia, legalmente, mais o que fazer e ela foi definitivamente presa e durante seu tempo na prisão, Amber enfrentou muitos desafios, incluindo problemas de saúde mental.
Uma tragédia que causou outra tragédia...
Cinco anos após sua condenação, Amber foi encontrada morta em sua cela, ela tinha apenas 25 anos, no Centro Correcional Mabel Bassett, onde cumpria sua sentença.
Ela atentou contra sua própria vida, pendurando-se na cama de sua cela.
Sua morte foi mais um capítulo trágico dessas histórias conturbadas e repletas de tristeza.
Com a sua morte, as circunstâncias e motivações do crime voltaram a ser tema de debate, com muitos questionando se Amber foi injustamente retratada ou se realmente era a agressora no relacionamento.
Este caso nos traz uma história de relações abusivas, falta de apoio adequado e uma série de decisões infelizes que culminaram em duas vidas perdidas de forma trágica.
Consequências
Por tudo o que já vimos aqui o caso de Josh e Amber Hilberling se tornou um fato marcante na história criminal dos Estados Unidos, envolvendo questões de violência doméstica, negligência das autoridades e saúde mental.
Amber, que alegava autodefesa, não conseguiu convencer o júri de que sua ação foi uma resposta legítima à agressividade de Josh, resultando em sua condenação, confirmada posteriormente pelo tribunal de apelação.
Muitos questionaram se o relacionamento deles não teria recebido atenção adequada por parte das autoridades, principalmente quando sinais claros de violência doméstica já estavam presentes
Por outro lado, Josh era descrito por amigos e familiares como um jovem com um futuro promissor, tendo servido na Força Aérea e mostrando-se sempre responsável e dedicado.
No entanto, seu relacionamento com Amber parece ter sido marcado por conflitos constantes.
Relatos indicam que Josh chegou a ser fisicamente agredido por Amber em várias ocasiões, e ele teria até procurado ajuda para lidar com essa situação.
Porém Amber alegou que era vítima de abuso emocional e físico.
Em entrevistas após sua condenação, ela afirmava que Josh havia começado a usar drogas e estava se envolvendo com atividades ilícitas, o que teria desencadeado diversas brigas entre os dois.
O caso levantou questões delicadas sobre a forma como a sociedade e o sistema de justiça lidam com casos de violência doméstica, especialmente quando envolvem homens como vítimas.
Embora haja um entendimento crescente de que tanto homens quanto mulheres podem ser vítimas de abuso, casos como o de Josh são frequentemente ignorados ou minimizados.
O fato de que Josh pediu ajuda a uma organização de apoio a vítimas de violência doméstica, mas não recebeu o apoio necessário, evidencia as falhas no sistema de proteção.
Esse caso também destaca os desafios enfrentados pelas mulheres em situações abusivas.
Pois, Amber afirmou em diversas ocasiões que estava agindo em legítima defesa, e que sua intenção não era matar seu marido.
No entanto, sua condenação mostrou como as alegações de abuso e autodefesa nem sempre são aceitas pelos tribunais.
E, mesmo após sua morte, debates continuam sobre se Amber era de fato a agressora ou também uma vítima de circunstâncias terríveis.
O fato de Amber Hilberling ter tirado a própria vida em 2016, cinco anos após a morte de seu marido, adicionou outra camada de tragédia ao caso.
Muitas vezes, o encarceramento de mulheres envolvidas em crimes de violência doméstica, especialmente quando alegam autodefesa, levanta questões sobre a eficácia das penas de prisão como forma de reabilitação.
Amber, grávida na época do crime, foi condenada a uma sentença de 25 anos, sem que houvesse uma consideração ampla sobre sua saúde mental e emocional.
Sua morte trágica gerou uma resposta mista, nos envolvidos diretamente no caso.
A família de Josh expressou condolências à família de Amber, reconhecendo a dor que é perder um filho, mas reafirmando sua crença de que Josh havia sido a vítima no relacionamento.
Ao mesmo tempo, o caso reacendeu debates sobre as condições das prisões e o impacto do encarceramento em pessoas que já lidam com traumas significativos.
Mas..., como sempre, temos um detalhe antes de realmente encerrarmos esse caso tão triste, bem, Amber escreveu uma carta um dia antes de morrer, essa carta foi endereçada à produtora executiva do Channel 8 de Tulsa, Amy Sullivan. Era uma resposta ao pedido da emissora para falar com ela sobre sua história e vida atrás das grades.
A carta, datada de 23 de outubro de 2016, chegou à delegacia na quinta-feira.
O que ela dizia lança alguma dúvida sobre a alegação do legista de que sua morte foi suicídio.
Nela estava escrito assim: "Estou disposta a dar uma entrevista, apesar das minhas reservas honestas".
Ela deixou claro que já foi enganada antes por jornalistas que prometeram ouvir sua versão.
“Por favor, entenda o infortúnio que sofri com as entrevistas da mídia", escreveu, "Eu tinha concordado em fazer sob a promessa popular de me ajudar."
Mas ela explicou por que estava disposta a deixar de lado suas preocupações para falar novamente com a imprensa.
"Porque não consigo abrir mão da esperança de que usar minha própria voz em conversas sobre minha própria vida será a única chance que tenho de mudar as circunstâncias da minha própria realidade".
Amy Sullivan, a produtora, disse que "Obviamente, ela tinha uma história que queria compartilhar"
Os pais de Hilberling alegam que a carta é ainda mais uma prova de que Amber nunca teria tirado a própria vida, algo que eles duvidavam desde que foram comunicados.
Como eu já frisei, um caso muito triste e com muitas perguntas mesmo tanto tempo depois.
Reflexões
A complexidade do relacionamento entre os dois, as alegações de ambos os lados e a forma como o sistema de justiça respondeu deixam perguntas sem respostas claras.
Amber será lembrada tanto como uma mulher condenada por matar o marido quanto como alguém que, de acordo com algumas versões, tentou desesperadamente se defender em um relacionamento tóxico.
Este caso é um lembrete sombrio de que muitas vítimas de violência doméstica, independentemente de gênero, não recebem o apoio adequado a tempo, resultando em desfechos trágicos para ambas as partes.
A morte prematura de Josh e, posteriormente, de Amber, deixou uma marca indelével na comunidade de Tulsa e continua a ser um exemplo das falhas sistêmicas que ainda existem na proteção de indivíduos em relacionamentos abusivos.
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Fontes:
https://ktul.com/news/local/letter-from-amber-hilberling-arrives-at-ktul-days-after-her-death
https://people.com/crime/amber-hilberling-convicted-murderer-hangs-herself/
https://thecinemaholic.com/josh-hilberling/
https://people.com/crime/amber-hilberling-convicted-murderer-hangs-herself/
https://www.readfrontier.org/stories/doc-amber-hilbering-dies-of-suspected-suicide/