Punição
Johnny sempre foi um policial exemplar. Dedicação, coragem e um forte senso de justiça eram suas marcas registradas. Mas, ao longo dos anos, o peso do trabalho e o desgaste psicológico começaram a corroer sua alma. O último caso em que se envolveu prometia ser o mais difícil de todos. Sua missão era prender um dos maiores traficantes da região, Ricardo "O Cobra", um homem conhecido por sua crueldade e inteligência. A missão era perigosa, mas Johnny sabia que era sua última oportunidade antes da tão esperada aposentadoria.
Disfarçado de bandido, Johnny conseguiu infiltrar-se na quadrilha de Ricardo. Ganhou a confiança dos homens do traficante e, finalmente, o grande dia chegou. A transação que culminaria na prisão de Ricardo estava marcada para um galpão abandonado nos arredores da cidade. Tudo estava preparado, o apoio policial posicionado, a armadilha montada. Mas, como é comum em situações de alto risco, nem tudo saiu conforme o planejado.
Durante a negociação, um dos homens de Ricardo, um jovem impulsivo chamado Diego, percebeu algo estranho. Seus olhos fixaram-se em Johnny, e por um breve momento, ele hesitou. "Quem é você?", perguntou Diego, a voz carregada de suspeita. Antes que Johnny pudesse responder, Diego sacou sua arma. O caos se instalou. Tiros foram disparados, e no meio da confusão, a polícia, tentando proteger Johnny, abateu Diego.
Com o plano em ruínas e para manter sua cobertura, Johnny tomou uma decisão arriscada: forjar sua própria morte. Num ato rápido e preciso, simulou ter sido alvejado fatalmente, caindo no chão enquanto o sangue falso escorria pelo seu corpo. A equipe da polícia, preparada para a encenação, rapidamente o retirou do local sob o disfarce de um "bandido morto".
Meses se passaram, e Johnny finalmente estava livre. Sua morte forjada o livrou da vida perigosa que levava, e agora ele podia voltar para sua família e aproveitar a aposentadoria que tanto almejava. Em uma noite especial, Johnny estava reunido com sua esposa, filhos e alguns amigos próximos, comemorando o início de uma nova vida, longe do crime e do perigo.
Mas Billy, o pai de Diego, não podia aceitar a morte de seu filho. Ele era um homem poderoso, com recursos ilimitados e um desejo insaciável de vingança. Usando seus contatos, Billy descobriu que Johnny estava vivo e, pior, comemorando enquanto seu filho apodrecia no cemitério. A dor e o ódio o consumiram, e ele decidiu que Johnny pagaria o preço. Não apenas ele, mas toda a sua família.
A esposa de Billy, uma mulher igualmente vingativa e cruel, exigiu que a punição fosse completa. Johnny deveria sentir a mesma dor que eles sentiam. Assim, Billy mandou seus homens para executar a ordem, com um único objetivo: exterminar a família de Johnny.
A casa onde a festa de aposentadoria acontecia foi invadida por esses homens implacáveis. A felicidade que antes preenchia o ambiente foi substituída por gritos, tiros e sangue. A violência foi impiedosa, e em poucos minutos, todos estavam mortos. Todos, exceto Johnny. Ele levou três tiros, caindo ao lado dos corpos de sua esposa e filhos, mas, por um milagre sombrio, sobreviveu.
Quando o caseiro da casa chegou na manhã seguinte, a cena que encontrou era de puro horror. Sangue por todo lado, corpos sem vida, e Johnny à beira da morte. Sem hesitar, o caseiro cuidou de Johnny, escondendo-o em um lugar seguro. Por meses, ele tratou das feridas do policial, alimentando não apenas seu corpo, mas também a fúria e o desejo de vingança que cresciam dentro dele.
Quando Johnny finalmente se recuperou, ele não era mais o homem que costumava ser. O amor e a compaixão foram substituídos por uma determinação fria e implacável. Johnny tinha um único propósito agora: punir aqueles que destruíram sua vida.
Um a um, os responsáveis pelo massacre caíram. Johnny não mostrou misericórdia. Cada morte foi um ato de justiça pessoal, uma retribuição pelo que lhe foi tirado. O sangue daqueles que o traíram escorria por suas mãos, mas ele não parou até que finalmente chegou ao topo, até Billy e sua esposa.
O confronto final foi brutal. Billy tentou resistir, mas estava claro que a determinação de Johnny era invencível. A esposa de Billy, aterrorizada, suplicou por sua vida, mas Johnny não ouviu. Ele estava consumido pela sede de vingança. Com as mesmas mãos que um dia protegeram inocentes, ele tirou a vida daqueles que o fizeram perder tudo.
No final, Johnny ficou sozinho, cercado pelo silêncio da morte que ele mesmo havia provocado. Sua missão estava cumprida, mas o vazio em seu peito permaneceu. Ele havia punido todos, mas a dor da perda nunca o abandonaria. De policial a algoz, Johnny se tornou uma sombra do que um dia foi, perdido em sua própria punição.