Lembranças de um bairro periférico
Durante infelizmente oito anos,
lamentavelmente residimos
mesmo numa casa própria,
num bairro que, desde cedo vimos
que, infelizmente estava
naturalmente condenado
por causa dos incontáveis crimes
que, nele ocorriam, de fato.
Por isso inicialmente
e, para narrar corretamente
o que ouvimos muitos comentarem, de fato,
exatamente no primeiro dia
que, em nossa casa entramos
houve durante a tarde
um terrível assassinato
de um comerciante bem conhecido
por aquela sofrida comunidade
literalmente dividida e chamada
de vila velha e nova, de fato.
E, apesar de todas as casas
serem realmente igualzinhas,
por todas elas serem conjugadas
terem somente um banheiro
e, realmente apenas dois quartos,
eram também geralmente
de branco pintadas,
sendo a vila velha constituída
de casas pela prefeitura de Recife
as lavadeiras doadas,
por isso inicialmente era chamada
da "vila das lavadeiras",
mas, quando finalmente o restante
do que antigamente era um engenho
cujo único plantio era a cana de açúcar,
então logo após os lotes foram vendidos
e, naturalmente as casas construídas,
ainda que no mesmo molde,
então passaram à lhe chamar
de "vila nova", e foi nesse momento
que surgiu o bairro de "Engenho do Meio",
que sempre ouvimos dizer
mas, sem comprovação, de fato,
que o seu dono lhe vendeu barato
porque impostos nunca tinha pago,
mas nunca francamente confirmei
se isso que abertamente
muitos diziam, de fato,
se era verdade ou apenas um boato.
O que verdadeiramente sei
é, que, mesmo sendo menores
por termos menos de quinze anos, de fato,
tivemos de trabalhar no comércio
para, assim, a nossa querida mamãe
naturalmente ajudarmos
e, numa bela noite despertamos
com a nossa cadela latindo
por ser uma grande vigilante
e, quando abrimos a porta do nosso quarto
para ver o que estava acontecendo,
deparamos na nossa cozinha
com o nosso vizinho totalmente dopado
e, com um revolver na mão nos ameaçou
à todos matarmos se ousássemos gritar
mas,como mamãe sempre foi uma mulher
realmente super corajosa,
perguntou-lhe o que ele queria
e, automaticamente ele lhe respondeu, comida,
mamãe rapidamente pegou o que tínhamos
e, dentro de uma velha sacola tudo colocou,
pedindo-lhe que não mais fiesse aquilo
por todos sermos assalariados
e, portanto pobres, de fato.
No mês seguinte esse bandido
vendeu a sua casa e dali desapareceu,
e, aproximadamente seis anos depois,
também fizemos isso, é claro,
porque aquele perigoso bairro
entrou numa terrível decadência
e, certa vez visitando amigos
que nele continuaram morando
me contaram tantas histórias de terror
que, realmente me confessaram
que nós acertamos ao deixa-lo,
pois agora estava cheio de bandidos, de fato.