FORAGIDA

Maria Helena morava em Houston há cerca de três anos. O sonho americano caminhava perfeitamente até o dia em que seu marido, Will, sofreu um ataque cardíaco fatal. Os dois haviam se conhecido numa viagem que ele fez ao Brasil. Will era bem sucedido, dono de negócio enquanto a esposa agora ficava sem um respaldo.

Maria Helena, agora obstinada a voltar para o Brasil, sofria com os obstáculos que encontrava. Durante o tempo de casada, acomodou-se na rotina do marido, não se interessando em se aperfeiçoar em algo, motivo pelo qual a família de Will não a suportava, a relação era conturbada. Para eles, Maria Helena não passava de uma pobre coitada e interesseira. Seus familiares brasileiros por hora tentaram ajudar financeiramente, porém, nada significativo, além de que toda ajuda vinha com uma enxurrada de críticas.

Não suportando o estado em que se encontrava, pois, a família de Will, especialmente a mãe, moveu uma ação para que Maria Helena não obtesse nenhuma parte da fortuna do filho. Ela, leiga, encontrou muitas dificuldades em tentar reverter a situação. Maria Helena estava lidando com algumas pessoas influentes na região, o que dificultou mais ainda a sua vida.

Agora viúva e sem ajuda, precisava pensar no que faria para sobreviver e agarrou a ideia de se tornar uma prostituta, mesmo que isso ferisse seus princípios. Maria Helena era uma mulher muito bonita, de estatura mediana, olhos castanhos claros, pele morena, cabelo grande e liso além de curvas bem acentuadas, motivo pelo qual Will morria de ciúmes, em algumas ocasiões, motivo também de brigas.

Certo dia, com muito medo da nova vida que decidiu para si, saiu pelas estradas americanas em busca de atrair possíveis clientes. Maria Helena tinha pressa de voltar para o seu país. Sua meta era conseguir o valor necessário da viagem. Nos primeiros dias conheceu alguns homens na qual nunca imaginou que poderia se envolver, um deles, Robert Carter, era casado e se dizia apaixonado por ela.

Passando meses da vida arriscada, Maria Helena recebia ligações constantes de Robert e grande parte do lucro que obtinha vinha do empresário. A mulher tinha um faro que atraía homens de negócios, dizia ela que quando pequena repetia para ela e os demais que seu namorado seria rico. Poder das palavras, interesse ou destino?

Robert estava verdadeiramente apaixonado e já presumia que Maria Helena fosse se render as suas investidas, o rapaz estava disposto a largar a própria família, que segundo ele, eram sugadores e sua esposa o traía com seu melhor amigo, que seu casamento havia acabado há tempos, mantido apenas por aparência. Do outro lado, a viúva ainda estava presa no luto, traumatizada e com muito medo de se envolver novamente.

Passando mais de quatro meses, Maria Helena se via desesperada, apesar de já ter a quantia necessária para sua viagem. A viúva havia recebido uma ligação estranha, que quando interrogada por Robert, a mesma disse que se tratava de um sujeito lhe proferindo ameaças sem motivos. Robert achou estranho e para tentar protegê-la, disse que chamaria a polícia, porém, Maria Helena esbravejou e disse que não seria necessário, que poderia ser um cliente mal resolvido e perigoso e que todos os seus problemas seriam solucionados quando ela voltasse para o Brasil.

Maria Helena não pensou muito e no dia seguinte efetuou a compra de sua passagem, e além disso, decidiu se render aos encantos de Robert, que agora seria seu namorado. O rapaz como já estava cego de paixão, decidiu largar tudo. Robert Carter agora em menos de quarenta e oito horas viveria com Maria Helena no Brasil. No caminho do aeroporto Maria Helena estava inquieta, Robert não entendia muito bem o porquê de tanta ansiedade e tentava acalmá-la. A viúva continuava a receber ligações, mas não as atendiam, quando finalmente decolam.

No dia seguinte, Annelise, mãe de Will, ao arrumar as coisas do filho que seriam doadas, encontra um diário. Will sempre teve o desejo de se tornar um escritor renomado, mas em meio ao negativismo dos pais, que diziam que a escrita não lhe daria uma vida digna, decidiu seguir o caminho dos negócios, frustando, assim, sua vida, onde sua única paixão era Maria Helena. Entretanto, nas páginas que Will escrevia a paixão era tóxica.

 

"Querido velho amigo, sinto derramar aqui minhas lágrimas e te afogar com a minha dor, mas venho dizer que tenho muito medo dela. Tenho medo de quem mais amo. Não aguento mais!"

 

"Deixarei registrado aqui para que um dia todos saibam quem é Maria Helena."

 

Will Banks

 

Depois de ler alguns dos trechos escritos pelo filho, Annelise aos prantos, correu para a delegacia. Quando chegou lá, surpreendeu-se ao descobrir que o delegado já havia aberto um inquérito para investigar a morte de Will Banks. O fato não foi informado à família, pois o delegado julgou como necessário manter o sigilo até ter provas o suficiente, pois teriam dois agentes da corporação envolvidos no possível crime.

Depois de um mês de investigação, foi descoberto que os dois policiais que atenderam a ligação da ocorrência no dia da morte de Will teriam ameaçado Maria Helena, após ela admitir em meio ao nervosismo que envenenou o marido.

O perito cujo nome era Mayke, fraudou o laudo da morte de Will Banks, alegando que teria sofrido um ataque cardíaco devido a uma cardiopatia. O outro policial, Richard, teria aceitado propina no valor de 200$ mil reais (saído do cofre de Will Banks onde residia) para manter-se em silêncio, o valor teria sido repartido entres eles. Foi constatado também, que as ligações que Maria Helena recebeu antes de fugir para o Brasil eram de Mayke, o perito já estava sob suspeitas e resolveu tentar  sair da situação ameaçando entregar Maria Helena caso ela não desse mais dinheiro para que ele pudesse fugir. Os dois foram presos e aguardam o júri. Enquanto Maria Helena, FORAGIDA.

As investigações  não concluíram a motivação do crime, mas segundo algumas testemunhas Maria Helena envenenou o marido logo após uma série de discussões calorosas.

 

Francielly Fernandes

Francielly Fernandes
Enviado por Francielly Fernandes em 23/01/2024
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