Etiqueta

O detetive Marcos Silva era conhecido por sua habilidade em encontrar pistas e solucionar crimes, mas dessa vez, ele enfrentava um suspeito difícil. O jovem Lucas parecia nervoso desde o momento em que foi levado para a sala de interrogatório, mas negava ter cometido o crime. Marcos observou atentamente cada gesto do suspeito e decidiu mudar a abordagem.

"Lucas, eu entendo que você possa estar nervoso, mas precisamos esclarecer as coisas. Então, vamos começar de novo, tudo bem? O que você estava fazendo lá no dia do crime?", perguntou Marcos.

Lucas respirou fundo e começou a explicar de novo: "Eu estava passando pelo parque, voltando para casa, quando ouvi uma mulher pedindo ajuda. Corri até o local e vi pela janela de uma casa um homem pendurado por uma corda. Tentei ajudá-lo, mas ele já estava morto."

"Entendo", disse Marcos, analisando a expressão de Lucas. Essa mulher que gritou por ajuda não foi encontrada, e ninguém disse ter ouvido alguém gritar. "Mas e as suas impressões digitais que foram encontradas no local?"

Lucas hesitou por um momento antes de responder: "Eu toquei em algumas coisas enquanto tentava ajudar o homem."

"Entendi", disse Marcos, observando Lucas atentamente. "E por que as suas impressões digitais foram encontradas em uma das facas que encontramos no local?"

Lucas parecia desconfortável. "Eu sou colecionador de facas. Eu tinha acabado de comprar aquela faca. Tentei usá-la para cortar a corda que estava em volta do pescoço dele, mas já era tarde. Eu joguei a faca fora e liguei para a polícia."

Marcos pensou por um momento antes de continuar: "E quanto às etiquetas cortadas nas almofadas do sofá?"

Lucas parecia surpreso com a pergunta. "Eu não cortei nenhuma etiqueta de almofadas de sofá."

Marcos pegou uma foto que mostrava as almofadas com as etiquetas cortadas e mostrou para Lucas. Ele olhou para a foto com uma expressão confusa, e negou novamente ter cortado as etiquetas.

"Outra coisa me ocorreu agora", começou Marcos, com um tom mais sério. "Por que você jogou a faca fora se é um colecionador de facas?"

Lucas hesitou por um momento antes de responder: "Eu fiquei tão nervoso que nem sei onde foi parar a faca. Eu não tentei esconder, eu simplesmente a perdi."

Marcos ficou em silêncio por um momento, analisando o comportamento do suspeito. "Lucas, você está me escondendo algo?"

Depois de um longo silêncio, Lucas finalmente cedeu e confessou: "Eu fui até a casa para roubar, mas quando cheguei lá, vi o homem pendurado na corda. Eu tentei salvá-lo, mas ele já estava morto. Eu fiquei tão nervoso que acabei perdendo a faca. Eu achei que tentar fugir seria pior, porque a polícia me acusaria de ter matado ele, então eu mesmo chamei a polícia e fiquei no local."

"Entendi", disse Marcos, observando Lucas com seriedade. "Mas por que você escolheu justamente essa casa para roubar? Você conhecia a vítima?"

Lucas hesitou por alguns momentos antes de responder: "Eu conhecia a vítima. Ele era meu tio. Não de sangue, ele foi marido da minha tia. Eu estava em dificuldades financeiras e precisava de dinheiro. Eu sabia que ele tinha muito dinheiro guardado em casa, então pensei em tentar roubá-lo".

Marcos não esboçou reação. Ele já sabia disso, e era o ponto onde queria chegar. "Lucas, você sabia que seu tio tinha um seguro de vida? E que você é o beneficiário?"

Lucas arregalou os olhos, parecendo ainda mais nervoso do que antes. "O quê? Não, eu não sabia disso", respondeu ele.

"Sim, ele tinha um seguro de vida, e você é o único beneficiário, já que ele não tem nenhum parente vivo. A quantia é alta o suficiente para ajudar a pagar todas as suas dívidas e mudar completamente sua vida", explicou Marcos.

"Eu não sabia..."

Marcos olhou fixamente nos olhos de Lucas, que agora estavam cheios de lágrimas. "Eu acredito. Se você soubesse do seguro não teria tentado forjar um suicídio, já que o seguro não paga em caso de suicídio."

Nesse momento entrou na sala um assistente, que entregou um papel para Marcos. Ele leu por dois minutos, depois se virou para Lucas.

"Lamento informar que seu tio não se enforcou. Os legistas concluíram que ele foi estrangulado antes de ser pendurado na corda. Ele foi assassinado e agora você é o principal suspeito. Sua confissão de tentativa roubo e o fato de ser o beneficiário do seguro são evidências fortes o suficiente para te incriminar. Você será preso e levado a julgamento".

Lucas enterrou o rosto nas mãos e começou a chorar. Não havia sido ele. Lucas foi algemado e levado por um policial enquanto Marcos encerrava o interrogatório. Ele acreditava que não havia sido ele, mas a única chance do rapaz era que Marcos encontrasse o verdadeiro assassino. E o mais irônico é que se Lucas tivesse esperado mais um dia para tentar roubar seu tio, além de não se colocar nessa situação difícil, teria ficado rico quando fosse provado que ele foi assassinado.

"Mas por que diabos cortaram as etiquetas das almofadas?", Marcos perguntava para si mesmo enquanto saia da sala.