Victória Natalini - um crime inexplicável?

Em 11 de setembro de 2015, João Carlos deixou sua filha, Victória Natalini, na escola, ela estava lá para participar de uma viagem à cidade de Itatiba, interior de São Paulo, seria uma viagem de sete dias com um grupo de alunos e professores de seu colégio.

Essa seria a última vez que João Carlos viu sua filha com vida…

Os alunos foram à Fazenda Pereiras para realizar um trabalho de matemática.

Somando a estudante, o grupo era composto de 34 alunos, três técnicos de topografia e dois professores.

Os alunos foram divididos em grupos de três para as atividades e ficavam distantes uns dos outros, na fazenda não tinha seguranças, ou seja, todos estavam a apenas aos cuidados dos professores, um detalhe, não havia sinal de celular na região.

A adolescente de 17 anos participava normalmente das atividades de estudos práticos sobre matemática e topografia organizado pela escola, porém no quinto dia, ela avisou aos colegas, isso mais ou menos às duas e meia da tarde, que precisava ir ao banheiro e tinha que ir até a sede da fazenda, que ficava a uns 500 metros de onde estava, ela foi sozinha e sem avisar nenhum supervisor..

Por mais estranho que pareça, ela não voltou a se juntar com a turma e só foram notar isso, muito mais tarde, depois de duas horas....

E mesmo assim, nem foram os professores que perceberam a falta da jovem, mas seus colegas, já era por volta de quatro e meia da tarde, quando os colegas dela voltaram para a sede e perguntaram por Victória, a professora pediu que alguns jovens fossem até os alojamentos pra verificar se ela estava lá, ela não estava, e, a professora, em vez de chamar pelas autoridades, decidiu por pedir que todos os alunos saíssem a procurar pela jovem desaparecida.

Claro, que os alunos, assustados por aquela situação atípica, foram a todos os lugares onde achavam que Victória poderia estar, mas não a encontraram…

Apenas o boné da jovem foi encontrado sobre uma pedra, o qual, conforme familiares, ela nunca deixaria largado assim, pois tinha um grande valor sentimental para ela.

Por um motivo, que até hoje nunca foi esclarecido, ninguém da escola pediu ajuda à polícia, mesmo sendo notória a urgência da situação, até que a cozinheira que trabalhava na fazenda decidiu chamar a polícia.

E, apenas seis horas depois do desparecimento, o pai da menina foi avisado que a filha estava desaparecida.

João Carlos foi imediatamente até a fazenda, e, assim que chegou ao local, por volta das 23 horas, iniciou uma corrida contra o tempo para achar sua filha…

Segundo ele mesmo disse, foram empreendidas buscas, tudo o que dava para fazer durante a noite foi feito.

Na manhã seguinte, logo ao raiar do sol, todas as pessoas que estavam perto, inclusive pessoas de fazendas vizinhas.

Neste momento, o Centro de Operação e Inteligência da Polícia já estava ajudando nas buscas, ele havia sido acionado não pela escola, mas pela família da vítima.

A busca foi intensa, mas rápida, após que as autoridades policiais intervieram, ainda pela manhã, o helicóptero Águia da Polícia Militar achou o corpo se vida da adolescente a mais de 1 quilômetro de distância da sede da fazenda.

Era dia 17 de setembro de 2015.

Nessa data, o pai da jovem teve que, não penas encarar o luto, mas buscar forças para iniciar uma luta contra o sistema.

“Buscar justiça pra casos como o que vitimou a minha filha, é um calvário, é um grande sofrimento pra toda e qualquer família, porque, no nosso caso, por exemplo, a investigação criminal, ela não anda.”

Como eu disse antes, no meio dessa situação devastadora, o pai de uma jovem de 17 anos, que sempre zelou pela saúde, mantinha ótimos hábitos, na tenra idade havia falecido de morte natural, segundo as autoridades, pois o laudo da perícia indicou causa indeterminada para a morte de Victória e, assim, a Polícia Civil de Itatiba, de início, tratou o caso como morte natural sem causa aparente, por não perceberem ferimentos.

Para o pai, João Carlos, era inaceitável aceitar tal laudo, pois a menina tinha uma alimentação irrepreensível, praticava esporte três vezes por semana, fazia natação duas vezes por semana, era ativa, só tinha bons hábitos, dormia oito horas por noite pelo menos!

E, por conhecer tão bem a filha, saber como era a criação que ele dava e o modo de vida que ela levava, ele decidiu enfrentar tudo em sua memória!

Contratou peritos particulares e começou uma investigação, que nem vou chamar de paralela à da polícia, pois a polícia, na verdade, alegava morte natural…

Um dos contratados foi o médico legista Fortunato Antônio Badan Palhares, um dos maiores nomes na investigação forense do Brasil, que não demorou para afirmar que o trabalho da perícia naquele dia foi muito fora do normal.

“Erros podem acontecer. Mas os erros não podem ser tão graves a ponto de encobrir um fato maior.”

Logo analisaram todo o material e constaram que o corpo de Victória foi encontrado de bruços, com os braços cruzados e o rosto dentro dos braços, o que, segundo os peritos, indica que o corpo foi colocado naquela posição e não teria morrido daquela forma.

Outro fato é que a dois metros do corpo da adolescente foi encontrado um saco plástico, que não foi recolhido pela equipe da perícia que esteve no local no dia da morte.

Sendo que esse saco, poderia ser até a “arma” do crime!

E, também, ao lado do rosto da jovem tinha um pedaço de capim com sangue. O capim também não foi recolhido pela perícia.

A perícia particular não encontrou sinais de abuso no corpo, como a perícia do estado também não tinha encontrado.

O perito criminal Osvaldo Negrini, outro que foi contratado pelo pai, encontrou ferimentos, escoriações, um machucado na boca, um pé com um sangramento nos dedos, e, para estranheza de todos, nenhuma análise da meia que ela estava utilizando foi feita pela perícia da polícia.

Outra coisa que chamou a atenção foram os lábios, a posição da língua e os dentes sobre a língua, e até um hematoma que existia ao nível do nariz.

Palhares e Negrini fizeram um laudo totalmente contrário ao do estado e afirmaram categoricamente que a adolescente não morreu de causas naturais, e que tudo indicava homicídio.

Ao final, eles concluíram que houve uma força que impedisse Victória de respirar, o que causou a morte por asfixia, ela perdeu a vida por asfixia mecânica por sufocação.

Esse novo documento foi aprovado por uma junta de médicos do Instituto de Criminalística, mas a investigação da Polícia Civil não parecia estar no mesmo caso.

Segundo João Carlos, mesmo com essa documentação não houve nenhum tipo de retorno da investigação do delegado.

Além de tudo isso, a família chegou a um suspeito principal, um funcionário da fazenda, que sequer foi investigado.

Esse funcionário, tinha passagem pela polícia por tentativa de estupro, e tinha empreendido o mesmo tipo de violência física, que vitimou Victória, na menina que ele tentou estuprar.

O pai de Victória também estranhou o comportamento da escola Waldorf Rudolf Steiner, onde a menina estudava, pois, segundo ele, eles não tomaram nenhum tipo de providência pra dar suporte à família, inclusive psicológico, e para ele, não houve nenhum tipo de interesse deles em resolver o caso., pois todo e qualquer aluno que foi testemunhar na delegacia, foi acompanhado por um advogado fornecido pela própria escola, que estava orientando o depoimento das testemunhas.

João Carlos também afirma que alguns pais de alunos deixaram de falar com ele, e que o assunto na escola era que Victória podia ter usado drogas, mesmo com as perícias do estado e a particular afastando esta hipótese.

Segundo a advogada criminal que trabalhou para a família não havia dúvidas que boa parte dos alunos e funcionários da fazenda e da escola mentiram nos depoimentos.

Na Justiça Civil, o pai de Victória ganhou direito a uma indenização, mas a escola recorreu.

Atualmente, não se tem muitas informações atualizadas, sendo as últimas que o processo penal, para apurar o assassinato de Victória nem começou, porque a Polícia Civil não concluiu o inquérito e o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa de São Paulo afirmou em nota que as investigações seguem em sigilo.

A escola Waldorf Rudolf Steiner disse em nota que lamenta a morte da aluna, que tem contribuído com as autoridades, é solidária à família e está sempre à disposição da Justiça.

E, como falei no início do vídeo, a luta do pai se iniciou naquele longínquo setembro de 2015, porém segue lado a lado diariamente com ele, sem dar espaço para dúvidas, e mesmo com todas as dificuldades, ele te certeza que um dia vai conseguir chegar ao monstro que levou a sua tão amada filha…

“Eu como pai, que já passou pela fase, primeiro de estar sendo quase morto, né, por, pela tristeza de se perder uma filha, depois pelo fato de estar com uma mágoa imensa dentro do peito, porque as investigações não andavam, agora como um pai que está completamente boquiaberto e que não tem mais outra alternativa sem ser pedir ajuda das autoridades pra que a polícia possa fazer e terminar o trabalho dela ”.

Para ajudar na busca por justiça, o pai de Victória criou canais para que essa tragédia não vire um cold case, como tantos outros!

Tem no instagram https://www.instagram.com/victorianatalinivive/ e no facebook, https://pt-br.facebook.com/victorianatalinijustica/

Além de uma petição pública que pede pela punição dos culpados: https://secure.avaaz.org/community_petitions/po/dhppministerio_publicocorregedoria_da_policia_secr_victoria_natalini_justica__1/

Nilvio Alexandre Fernandes Braga
Enviado por Nilvio Alexandre Fernandes Braga em 07/12/2022
Código do texto: T7666856
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