Um Dia de Fúria
Um Dia de Fúria.
Domingo, 05:30 da manhã, ele, arrumado para o trabalho, seguiu ao ponto de ônibus esperar sua condução, tinham poucas pessoas com o mesmo intuito... O de pagar sua estadia nesse velho quarto de pensão chamada vida.
O ônibus não demorou, pois, ele já sabia os horários certo de passar, domingos e feriados normalmente diminuem a frota, subiu no mesmo, e, sentou-se no banco amarelo destinado a idosos, gestantes, e, deficientes, pegou seu celular, pondo-se a escrever, uma linha, outra, quando chegava ao meio do trajeto, passando pelo comercio, mais, precisamente a ponto de subir a montanha, ouviu em alto e bom som o ultimato do assalto.
Três personagens subiram na condução bem ao pé da ladeira, um pela frente, dois pelo meio fingindo estar embriagado, quando o ônibus iniciou o trajeto eles resolveram agir:
- Perderam seus vagabundos...
Olha só, como somos denegrido por trastes, que, por estarem armados pensam poder fazer e dizer o que quer. As pessoas começaram a ficar nervosas, então, começou o saque do fundo à frente catando as bolsas, carteiras e celulares, ofendendo, gritando e batendo no peito de alguns "Homens". Quanto a mim... Ainda escrevia com calma.
- Me dê o celular...
Após um empurrão, o grito me tirou da concentração, parei, olhei para o meliante e respondi:
- Esta aqui, venha tomar...
O meliante parou por alguns segundos para se restaurar do acontecido, em todo tempo em que ataccacou transportes nunca havia acontecido algo do gênero.
- Me dê essa desgraça. Apontando com a arma em punho...
Ele, abaixou a cabeça, com medo, encolhendo-se entre a janela e o banco, o ladrão chegou mais perto, um palmo para ser exato... Seu erro. O senhor segurou a arma na parte do tambor impedindo qualquer disparo, a arma era um trinta e oito, cano curto, noventa e seis, ano de fabricação. Puxou-o para frente até a janela, com a mão, quebrou a traqueia do meliante deixando-o sem respirar. O comparça, que, estava com o motorista na sua mira, virou-se para o senhor disparando dois tiros acertando apenas os bancos, vendo que não tinha tido sucesso desceu deixando o terceiro para trás. O senhor já com a arma nas mãos, levantou, olhou o terceiro e disse:
- Levante a mão...
O terceiro, levantou a mãos dizendo:
- Por favor senhor, não me mate!
- Eu deveria?
- Não senhor. Eles me forçaram a vir com eles...
- Onde o outro mora?
- Não sei não senhor...
- Sendo assim, porque devo deixar-lo vivo?
No ônibus alguns diziam que era para matar, outros pedia piedade em nome de Deus, uns poucos não opinaram, apenas observava...
- Pelo amor de Deus, eu não quero morrer...
- Ok, mas, ameaçar trabalhadores...
- Eu, vou sair dessa vida senhor, eu prometo...
- Nisso você não esta mentindo...
- Obrigado senhor.
- Vá para o fundo do Buzú, vou pedir ao motorista abrir a porta e você poderá ir...
- Obrigado, obrigado, obrigado...
Eles foram até o fundo, o ladrão na frente e o senhor atrás, pararam, o senhor gritou:
- MOTOR, QUANDO EU DISSER ABRI... VOCÊ ABRE.
O indivíduo, parou frente a porta esperando abrir.
- Vire-se. Falou o senhor... Se te pegar roubando de novo, morre...
- Não senhor prometo...
O senhor, levantou a arma, pondo na cara do malandro, atirou duas vezes e gritou:
- Abri... E o motorista abriu.
O senhor, voltou-se para o corredor do Buzú, caminhou até seu assento, sentou, como se nunca tivesse tido tal confronto. As pessoas o olharam de forma julgadora, falavam que não precisava matar, porém, ainda sentado o senhor não lhes dava atenção, pensando apenas para onde ia... Seu mísero trabalho.
Texto: Um Dia de Fúria.
Autor: Osvaldo Rocha
Data: 19/11/2022