Mão Negra - Capítulo 4

Mão Negra

Capítulo 4

Ladrão que é ladrão não fica por ai tomando trocados ou pegando celulares de transeuntes desprevenidos nas ruas. Se for para assaltar, correr risco de morte, que seja por algo grande, que valha a pena. Manuel Clemente é bom no que faz e nunca se arriscou por pouca coisa. O “trabalho” dessa noite foi como tomar doce da boca de criança. Fácil demais. As sete da manhã ele dorme tranquilamente em outro esconderijo, num apartamento que fica exatamente no centro da cidade, num bairro onde ninguém sequer pode imaginar que o famoso Mão Negra possa estar. Sujeito esperto. Às nove ele acordou, tomou um banho ligeiro. Engoliu algumas torradas com café puro e saiu afim de se livrar dos bens materiais roubados no motel.

O lugar onde Manuel costuma negociar seus produtos fica num conjunto habitacional a algumas longas quadras de onde ele se encontra escondido. O lugar é perigoso e sujo conhecido como “A Teia”. Lá dentro existe um tipo de mercado negro onde até vidas humanas são negociadas. Mão Negra tocou duas vezes no portão de ferro. Do outro lado uma voz rouca soou aterrorizante.

- A senha!

- Não há senha.

O portão foi aberto. Um sujeito negro, alto com cara de maluco surgiu o saudando.

- Ora, ora, se não é o Mão Negra. O que manda meu velho?

- Negócios. – Manuel não estava suportando o hálito podre do segurança.

- Ah tá. O chefe está lá dentro. Boa sorte.

O tal chefe é um senhor de no mínimo 70 anos que não consegue se locomover sem o auxílio de sua inseparável bengala. Ele mesmo a fez e dizem que nela há poderes mágicos.

- Poderoso Rufino. – saudou Mão Negra.

- Mão Negra. Vamos entrando. O que tem pra mim?

A sala é escura, abafada, suja e fede a urina de rato.

- Celulares, relógios e joias.

- Deixe-me ver. – pegou seus óculos de grau fortíssimo. Manuel colocou a bolsa em cima da mesa e a abriu. – hum, beleza. Quanto quer por isso?

- Vinte mil.

Rufino tossiu. Uma tosse típica de idoso encatarrado.

- Acho que não. Que tal cinco?

Mão Negra arqueou as sobrancelhas e olhou para a bengala mágica.

- Sete?

Rufino o encarou com sua expressão fantasmagórica por alguns segundos. Pegou a bengala e a mostrou para o ladrão.

- Ela está mandando você pegar os cinco e cair fora daqui.

Tá amarrado!

- Negócio fechado.

Júlio Finegan
Enviado por Júlio Finegan em 24/05/2022
Código do texto: T7522696
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