A Besta dos Manguezais/La Bestia de los Manglares - A História Real de um Serial Killer

Esse é um texto sobre uma história real de um serial Killer

INTRO

Era fevereiro de 1986, quando policiais de Quito, capital do Equador, patrulham em uma zona mais afastada da cidade, quando observam um homem carregando uma pequena maleta saindo das matas, achando aquilo estranho, resolvem abordar aquele frágil e velho homem, então pedem para ver o conteúdo da maleta e, ao abri-la, dentro dela, encontram uma roupa de menina toda ensanguentada, perguntam a ele o que era aquilo, ele apenas fica em silêncio!

Levam o suspeito até a delegacia e lá é constatado que existem várias denúncias de jovens e de uma mulher adulta que haviam sido abordadas e atacadas por um sujeito, que se encaixa com descrição daquele homem.

Todas as denúncias contavam o mesmo modo de operação do criminoso.

Logo são chamadas para fazer o reconhecimento daquele homem recém detido.

Várias das vítimas o reconhecem, ele vai preso e começam a interrogá-lo, a polícia, até ali, imagina que tem em suas mãos um “preso comum”, um assaltante, um violador..porém não imagina o que ele resolve confessar!

No meio do interrogatório, sem muita pressão e sem nenhuma tortura, inesperadamente, o homem começa a contar que tirou a vida de 71 pessoas, cujos restos mortais estão espalhados ao redor das matas de Quito, inicialmente, a polícia não acredita no que aquele homem de aparência decrépita está contando, porém, ele começa a dar detalhes, nomes da vítimas, lugares onde as abordou, recorda de datas...

Os policiais ficam assombrados com a riqueza de detalhes, mesmo assim, ainda acham muito pouco crível que aquele homem tenha cometido os crimes que relata, porém ele diz aos policiais que pode levá-los aos locais onde estão os corpos…

Neste instante, tudo muda..

Ele leva a polícia a locais onde são encontrados restos mortais por todos os lados, o homem descreve as vítimas, conta com detalhes tudo o que fez com cada um dos corpos que ali jazem...

A Besta

Francisco Febres Cordero, jornalista do Jornal Hoy, do Equador, que conseguiu uma rara entrevista com ele, o descreveu da seguinte maneira:

“Ele tinha resposta a qualquer pergunta e poderia falar de Deus e do diabo do mesmo jeito”. Era um leitor culto, ele citou Hesse, Gabriel García Márquez, Guimarães Rosa, Nietzsche e Freud, todo esse conhecimento ele obteve durante o tempo que ficou preso na ilha de Gargona.

Todavia, Francisco Febres sabia que, durante aquela entrevista, estava alguém que, além de muito inteligente, era muito perigoso, um dos maiores monstros que já transitou pela América do Sul, ali na frente dele estava Daniel Camargo Barbosa, a Besta dos Manguezais!

A INFÂNCIA

Daniel Camargo Barbosa nasceu em Anolaima, uma pequena cidade nos Andes colombianos, em 22 de janeiro de 1930.

Seu pai era um empresário local chamado também chamado de Daniel, e sua mãe, Teresa Barbosa, era a segunda esposa de seu pai.

Daniel também tinha uma meia-irmã mais velha, nascida do primeiro casamento do pai. Quando ele tinha dois anos, sua mãe morreu e seu pai se casou novamente com outra mulher logo depois.

Daniel era muito inteligente e se saía bem na escola, mais tarde seria atribuído a ele um Quociente de Inteligência de aproximadamente 130, muita acima do normal.

No entanto, sempre que tentava falar com o pai, independentemente do assunto, ele o cortava e dizia que ele era um inútil e uma causa perdida.

Eventualmente, Daniel perdeu o interesse em interagir com seu pai e aperfeiçoou sua recém-descoberta habilidade de mentir e manipular as pessoas.

Como o pai era emocionalmente distante e muito mais interessado em seus negócios do que em sua família, a infância de Daniel foi influenciada principalmente por sua madrasta, Dioselina Fernández.

Dioselina era apenas uma adolescente na época de seu casamento e estava obcecada com a ideia de ter uma filha, o que só se acentuou quando descobriu que não podia ter filhos.

Ela adorava sua enteada enquanto maltratava seu enteado, a quem ela punia despindo-o à força da cintura para baixo e atingindo-o nas nádegas nuas com um chicote.

Depois que Daniel desenvolveu tendências violentas e entrou em uma briga na escola, a madrasta o puniu, tirando suas calças, forçando-o a usar roupas femininas e convidando seus colegas de escola para vê-lo vestido assim.

Esse abuso destruiu qualquer popularidade que ele tinha na escola e o tornou uma vítima frequente de bullying.

A partir desse momento, o jovem Daniel começou a sentir desprezo pelas mulheres e tudo o que fosse feminino!

LA VIOLENCIA

Na da década de 1940, Daniel foi enviado a um prestigioso internato católico masculino em Bogotá.

Não demorou para ele se destacar academicamente, porém seus planos de continuar estudando foram truncados quando toda a sua família foi atingida por dificuldades económicas durante La Violencia, que foi uma guerra civil colombiana que perdurou durante 10 anos entre as décadas de 1940 e 1950.

Em razão disso, Daniel foi obrigado a abandonar a escola e voltar para casa, porém seu pai estava mais violento e alcoólatra, a madrasta o menosprezava, com frequência o deixava passando fome, e para sobreviver ele tinha que comer os restos e o que poderia roubar nas ruas, todavia, ele não optou por uma vida de roubos e, estranhamente, se converteu em alguém de convicções religiosas.

Ele se tornou membro de uma igreja local, ajudava de todas as formas, era uma espécie de faz-tudo e ali todos notaram o quão inteligente ele era e como tinha facilidade para matemática, nunca roubou nada e vivia como uma pessoa normal…

ESPERANZA...

Em 1957, ele começou um relacionamento com Alcira Castillo, uma mulher mais velha que ele, logo, convenceu a alugar uma casa juntos.

Nessa época ele já trabalhava como vendedor de casa em casa, no entanto, as despesas acabaram sendo maiores do que ele esperava, e ele tentou pagar as contas roubando uma loja de outro cliente em 24 de maio de 1958.

Ele foi preso algumas horas depois e enviado para uma prisão de segurança mínima e aproveitando-se de uma distração, Daniel pegou uma prancheta de uma mesa e fingiu estar “trabalhando” enquanto saía com os oficiais de partida ao final do turno.

Ele voltou para casa e retomou sua vida como se nada tivesse acontecido.

Com Alcira ele teve dois filhos.

Já em 1962, ele conheceu outra mulher, Esperanza, uma mulher bem mais jovem e, logo, ele se apaixonou por ela a ponto de decidir deixar Alcira.

Depois de ficar noivo de Esperanza, ele descobriu que ela não era virgem como ele supunha, e mais tarde a encontrou na cama com outro homem.

NASCIA A BESTA

"Eu odiava “prostitutas”. Elas me enojavam. Eu temia doenças venéreas e seus estragos. Eu queria mulheres puras e virgens." La Bestia de los Manglares (A besta dos Manguezais)

Daniel quis terminar o noivado, mas se viu incapaz disso e usando suas habilidades de manipulação, ele a convenceu de que ela o decepcionou e que ela deveria compensá-lo fornecendo garotas virgens para ele, para que ele pudesse tirar a virgindade delas em seu lugar.

Por mais insólito que pareça, Esperanza concordou com a proposta do noivo e começou a atrair jovens para seu apartamento!

Como eles faziam? Ele vigiava seu alvo dentro de lojas, e quando ela saia, dizia ser da policia e que a vira roubando algo, geralmente eram meninas de 12, 13 anos de idade, que se assustavam com aquela situação, então, Esperanza, fingindo não conhecer o noivo, vinha assegurando que a menina não tinha roubado nada e que ele estava enganado, ele, então, se desculpava pelo mal entendido e convidava as duas para tomarem um refresco, pago por ele, claro, para se redimir do acontecido com a jovem, e a menina, vendo ali um policial, na companhia de outra mulher, se sentia segura para ir a um bar com ele, chegando lá, eles colocavam uma droga na bebida, uma espécie de barbitúrico e quando ela começava a se sentir mal, eles a levavam para o apartamento deles, onde ele abusava da jovem enquanto estava inconsciente.

Isso durou até 1964, quando sua quinta vítima percebeu o que aconteceu e os identificou à polícia.

O casal foi preso, e Daniel foi inicialmente condenado a três anos de prisão.

No entanto, isso foi aumentado para oito anos por outro juiz.

E, Daniel com as mente distorcida, transtornada e doente se considerou uma vítima por tudo o que estava acontecendo com ele e, assim, ele resolveu que, na próxima vez que abusasse de uma menina, também a mataria!

Depois de cumprir sua pena completa, ele foi libertado, nunca procurou Esperanza e se mudou para o nosso Brasil, mas foi preso por imigração ilegal em 1973 e foi deportado para a Colômbia, não se sabe se ele cometeu algum crime aqui.

O VENDEDOR DE TELEVISORES

De volta à Colômbia, Daniel começou a trabalhar como vendedor ambulante de televisores.

Transitava entre os povoados entre as fronteiras da Colômbia e do Equador, por algum tempo, aparentemente levou uma vida normal, porém, em 2 de maio de 1974, a Daniel, que caminhava em frente a uma escola em Barranquilla, viu uma menina de nove anos, ele a achou atraente, naquele momento ele deixou de ser o simples vendedor de televisores e se transformou no monstro que acabou conhecido como A Besta dos Manguezais.

Ele, com sua lábia, atraiu a inocente menina para uma área isolada, abusou dela e depois a estrangulou, pois ele já havia chegado a conclusão que mortos não acusam ninguém!

Porém, ele cometeu um grande erro, talvez pelo êxtase do crime, ele acabou deixando os aparelhos de TV que vendia no local onde ficou o corpo da menina.

No dia seguinte, ao notar o esquecimento, ele voltou para se desfazer do corpo e recuperar seus aparelhos, mas foi seguido por um policial, que ao vê-lo entrando na mata, achou aquela atitude suspeita e resolveu segui-lo, e ao chegar ao local, o policial se deparou com cena grotesca e imediatamente prendeu Daniel!

A ILHA-PRISÃO

Por esse crime, ele foi condenado e sentenciado a trinta anos de reclusão em Gorgona, uma ilha-prisão de 26 quilômetros quadrados situada no Pacífico, que fica a 35 quilómetros da costa do Pacífico colombiano.

Era um local trágico para onde prisioneiros políticos e perigosos criminosos eram enviados para cumprir as suas sentenças.

Longe dos olhares curiosos, e entre várias espécies de cobras venenosas, os prisioneiros eram deixados à sua sorte nas mãos dos guardas prisionais brutais ou dos outros presos violentos.

Porém, por ser uma ilha, alguns detentos não ficavam “presos” em celas, eles eram livres para caminhar por algumas partes do local,

E quando Daniel já havia cumprindo 10 anos da sua pena, se deparou com um barco a remo em uma praia, era o dia 24 de novembro de 1984.

Ele não pensou duas vezes, imediatamente pulou e não parou de remar até chegar ao continente, muitas horas horas depois.

A prisão o denunciou como fugitivo, mas as autoridades presumiram que ele havia morrido no mar, pois acreditavam que as correntes eram muito traiçoeiras para navegar sem experiência.

A imprensa chegou a publicar reportagens sobre como Daniel havia sido comido por tubarões.

O que ninguém sabia é que Daniel passou os anos anteriores estudando as correntes marítimas, que ele ficara horas sentado observando o mar e os ventos, que ele havia lido muitos livros sobre navegação e aprendido a se orientar com precisão.

Como já falei antes, a Besta dos Manguezais era uma pessoa com QI acima da média.

Após três dias navegando, sem água e sem comida, Daniel desembarcou, ele correu para o sul em direção à fronteira equatoriana.

Daniel Camargo foi o primeiro prisioneiro a escapar da prisão que era conhecida como "a versão colombiana de Alcatraz".

EQUADOR

A Besta estava solto e resolveu deixar a Colômbia, viajando pela primeira vez para a capital do Equador, Quito, nos Andes, dormia nas ruas, vivia de restos, passava às noites em escadarias de igrejas ou em marquises de lojas, mas em uma noite fria de dezembro de 1984, dormindo ao relento, decidiu voltar para o litoral.

Para alegria e surpresa de Daniel, ele descobriu que a imprensa da Colômbia publicava que o Monstro de los Manglares, ou a Besta dos Manguezais, estava morto, devorado por tubarões, então, tecnicamente, ninguém mais procurava por ele.

Dias depois, em 18 de dezembro, Daniel sequestrou e tirou a vida de outra menina de nove anos em Quevedo, Equador.

Ele cometeu pelo menos 55 violações e assassinatos de meninas e mulheres adultas entre 1984 e 1986.

A maioria dos assassinatos aconteceu na província de Guayas, mas às vezes também em locais tão distantes como Quito, Machala e Ambato, onde outro serial killer nômade colombiano, Pedro López, tivera ativo anos antes.

Nesse período, Daniel sobreviveu trabalhando como carregador nos mercados de Guayaquil, ou vendendo roupas e objetos retirados das vítimas.

Assim como no caso de Pedro López, as autoridades inicialmente acreditaram que os assassinatos eram obra do crime organizado, e muitos rumores apontavam para redes de escravidão branca, cultos satânicos ou pessoas poderosas que estavam sendo protegidas pelas autoridades.

O boato mais preciso era o de que um novo serial killer havia decidido bater o recorde estabelecido anteriormente pelo número de vítimas de Pedro López.

AS VÍTIMAS

Daniel tinha como alvo mulheres, porém ele também escolhia meninas desde que as achasse atraentes.

Seus tipos favoritos de alvo eram camponeses, empregadas domésticas e estudantes em transição da escola primária para a faculdade.

Ele se aproximava deles, fingindo ser um estrangeiro que precisava encontrar um pastor protestante em uma igreja localizada na periferia da cidade, a quem precisava entregar uma grande quantia em dinheiro.

Sua mentira era respaldada pelo vocabulário educado e pela fluência em inglês e português.

Ele então oferecia uma recompensa às meninas ou às mulheres se elas lhe mostrassem o caminho para a igreja; Para as vítimas mais velhas ele até oferecia empregos na igreja.

A maioria dos locais onde ele cometia os crimes eram remotos e florestais, e exigiam uma viagem de ônibus.

Uma vez na mata, Daniel caminhava um pouco adiante da vítima e entrava na vegetação, alegando que já conhecia a área e se lembrava de um atalho para o destino.

Se a vítima suspeitasse e se recusasse a segui-lo, ele não fazia nenhuma tentativa de detê-la, simplesmente ia embora e procurava uma nova vítima.

Se sua atração fosse bem-sucedida, a Besta ameaçava as vítimas com uma lâmina e as violava em um local isolado, antes de tirar a vida delas, e ele fazia isso de várias formas, como: estrangulamento, esfaqueamento e corte, corte ou esmagamento com um facão. Uma mulher adulta que o atingiu na cabeça com uma pedra enquanto ele a abusava o enfureceu tanto que ele a decapitou no local e jogou a cabeça fora.

Outra vítima foi eviscerada, com seus pulmões, rins e coração extraídos.

Depois do crime, Daniel roubava as roupas e quaisquer objetos de valor em seus corpos antes de deixar os corpos para serem comidos por animais.

Ele sempre carregava uma segunda camisa para poder trocar de roupa ensanguentada, e sempre que suas mãos se sujavam com sangue, ele as lavava urinando nelas.

Ele memorizava todos os detalhes sobre as vítimas de que conseguia se lembrar, mesmo os triviais, como cicatrizes, tatuagens e pintas.

Às vezes, ele até conseguia os números de telefone de suas famílias e ligava para eles depois de um crime para provocá-los.

A VINGANÇA

A Besta foi preso em 26 de fevereiro de 1986, por dois policiais de Quito, após ser encontrado com roupas ensanguentadas roubadas de sua última vítima, Elizabeth Telpes. Aliás, a mala onde ele estava transportando as roupas também continha uma cópia de Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, que ele havia adquirido enquanto estava encarcerado em Gorgona.

Daniel foi preso e transferido para Guayaquil.

Ele admitiu ter tirado a vida de 71 vítimas no Equador após sua fuga da prisão, foram encontrados 55 corpos, porém esses corpos que não foram encontrados podem ter sidos removidos por animais ou mesmo pelas águas, pois ele alegou ter deixado alguns corpos próximo a margens de rios.

Autoridades do Equador estimam que ele pode ter tirado a vida de pelo menos 150 pessoas.

Em 1989, ele foi condenado e sentenciado a dezesseis anos, a pena máxima disponível para assassinato no Equador.

Ele foi preso na prisão García Moreno de Quito, coincidentemente a mesma penitenciária que estava Pedro López.

Em 13 de novembro de 1994, Daniel estava sentado em sua cela quando um novo detento entrou e o forçou a ficar de joelhos.

Depois de dizer "É a hora da vingança", o detento golpeou Daniel com uma faca oito vezes, a La Bestia estava morta, por fim, ele cortou uma das orelhas de Daniel como troféu.

O detento, então, mostrou a orelha aos guardas, alegando que sua tia era uma das vítimas da Besta dos Manguezais e que ele havia se vingado.

Como ninguém reivindicou o corpo, ele foi enterrado em uma vala comum localizada no cemitério El Batán, em Quito.

Ele tinha 64 anos quando morreu.

Fontes:

https://criminalminds.fandom.com/wiki/Daniel_Camargo

https://es.wikipedia.org/wiki/Daniel_Camargo

https://murderpedia.org/male.C/c/camargo-barbosa.htm

link da entrevista com o jornalista

https://hoy.tawsa.com/noticias-ecuador/la-infancia-y-la-virginidad-dos-vertientes-del-crimen-26963.html

Nilvio Alexandre Fernandes Braga
Enviado por Nilvio Alexandre Fernandes Braga em 26/02/2022
Reeditado em 27/02/2022
Código do texto: T7461110
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