Polícia Paranormal

Michael, o Caça-Fantasmas, estava no banheiro escovando os dentes, quando ouviu tocar a campainha.

- Eu atendo! - Gritou Glenda, a namorada do rapaz, que estava colocando a mesa do café na cozinha do apartamento.

Michael continuou a escovar os dentes até que Glenda entreabriu a porta, olhos arregalados.

- Michael? O que foi que você fez? A polícia está aqui!

Apreensivo, o rapaz lavou a boca rapidamente e saiu, para ver o que estava acontecendo. Havia dois policiais, distintivos pendendo dos paletós, aguardando por ele na sala.

- É o senhor Michael Weggeman? - Indagou um dos homens.

- Sim, sou eu. Do que se trata...?

- Detetive Willems - identificou-se o policial. - E este é meu colega, o detetive Ortiz. Viemos pedir a sua ajuda, numa investigação em andamento.

Michael, um pouco mais tranquilo, fez sinal para que ambos tomassem assento.

- Bom, não tenho nenhuma experiência em trabalho policial. Do que se trata? - Indagou.

- Soubemos do que fez no Hospital da Misericórdia - disse Ortiz - e eu estava discutindo com o meu parceiro sobre utilizar o seu talento num caso de assassinato. Você seria capaz de reanimar um morto?

Michael olhou brevemente para Glenda, que ouvia a conversa de pé, junto a porta da cozinha; ele não reanimara um morto, mas um homem em estado de morte cerebral, a mando de um mafioso. Felizmente para ele, tanto o contratante quanto seus capangas haviam sido eliminados pelo demônio que possuíra o corpo do homem em coma - estritamente para garantir a integridade física de Michael. Aparentemente, a polícia não viera atrás dele por conta disso; ao menos, não ainda.

- Bom... como eu costumo avisar, não sou um necromante, faço exorcismos - alertou cautelosamente. - Mas em tese, sim, creio que posso tentar.

Afinal, raciocinou, seria melhor ficar em bons termos com a polícia, caso o seu nome surgisse numa eventual investigação sobre a morte de Evodio Del Bianco e seus homens.

- Ótimo! - Exclamou Willems. - Podemos marcar um horário, mais tarde, para levá-lo ao necrotério?

- Mas claro - acedeu Michael. - Eu vou tomar café, e lá pelas 10 h, podem vir me buscar.

Os policiais se despediram e Michael os acompanhou até a porta. Depois, a sós com a namorada, desabafou:

- Não queria ter que fazer isso... pode ser um tiro no pé.

- Melhor estar com a polícia do que contra ela - sentenciou Glenda.

Michael teve que admitir que já havia chegado à mesma conclusão.

[Continua]

- [07-10-2021]