A queda do castelo
O gesto impulsivo de Hector, ainda mais com uma bala na perna, acabou gerando mais correria e confusão. As pessoas acabaram se afastando para procurar pontos estratégicos para fugir das balas que voavam incessantemente. Quem não conseguia sair do meio, morria, conforme aconteceu com vários subordinados de ambos. Contando com a ajuda de Melissa e outros subordinados, Hector conseguiu escapar para uma área protegida, assim como Natasha, cuja fúria estava prestes a explodir.
Quando finalmente, conseguiu respirar, Hector ordenou que retirassem Letícia para uma das vans do lado de fora e, assim, levá-la para o hospital. Apesar de toda a impulsividade dela, a sua presença numa missão de alto risco, tinha a sua assinatura. Qualquer merda que viesse a acontecer com ela, seria sua responsabilidade, e isso não era uma marca que queria em seus registros, especialmente depois das missões que teve com Luís. No fim das contas, nem ele merecia isso também.
Apesar de não ver a van partir, o simples fato de Letícia sair do Armazém já serviu de alento para Hector. Uma olhada rápida para Melissa e já voltava ao jogo. Não que tivesse saído, afinal uma bala na perna é um bom lembrete de que algo não vai bem. Entretanto, ter uma civil no meio de uma situação de guerra não era nada bom. Garantida a sua segurança, enfim, poderia ter a liberdade de entrar no modo de guerra total, não antes de levar uma bronca de Melissa.
- Mas que merda foi aquela?
- O quê?
- O pessoal saindo com aquela mulher? Ela não está na investigação?
- Então… ela é como uma “estagiária”…
- É o quê? Você é louco?
- Olha… depois eu te explico, vamos ao tiroteio, por favor?
- Tá, tá, acho bom você ter uma explicação razoável pra isso depois.
- Sim…
Apesar da bronca, Melissa sentou junto com Hector para definir como pegariam Natasha. A vantagem numérica era deles, mas ela não desistiria tão fácil. Era preciso avançar para quebrar a saraivada de tiros e, assim acabar com tudo aquilo. Pensando nisso, Melissa reuniu 6 de seus atiradores para avançar, todos equipados com coletes e capacetes de engenheiros para avançar em direção à Natasha. Pensava que, se eles direcionassem sua atenção para o grupo de avanço, eles poderiam avançar por trás de forma sorrateira, sem serem percebidos. Uma jogada simples, porém sagaz. Daria certo?
Do lado de lá, Natasha estava bastante inquieta, comemorando cada morte que conseguia. Ao mesmo tempo, já fitava os olhos para as janelas dos fundos, uma vez que a porta da frente estava do lado de Hector e Melissa, pois essa seria a sua saída de emergência. Ainda possuía um plano “S”, caso fosse capturada, embora achasse que isso fosse improvável, tamanha era a sua confiança e seu ego.
Cartas na mesa, era a hora do confronto. Com um gesto de mãos, Hector ordenou a saída dos seus batedores em direção ao lado de Natasha, seguido por um pequeno grupo comandado por Melissa atrás. Inicialmente, começaram a sair em linha, espalhando-se a cada metro que se aproximavam. Em resposta, o grupo de Natasha passou a atirar nas pernas, uma vez que notaram que eles não caíam, mesmo levando tiros no peito. Do grupo que avançou apenas Melissa e mais três chegaram ao outro lado. Todavia, isso foi o suficiente para cercar Natasha, uma vez que o grupo de Hector estava com todas as armas apontadas para ela, que só contava com mais cinco aliados para auxiliá-la.
- Acabou, Natasha. Renda-se.
- Ha, ha ha, jamais!
- Você está cercada, não há mais nada para fazer, tampouco rotas de fuga.
- Ha, ha, ha, eu jamais cairei!
- Você vai vir por bem ou por mal?
- Olha pra ele! Até parece o machão da missão com essa perna manca! Devo ficar com medinho, é?
- É só olhar ao redor! Você perdeu!
- Eu jamais perco, querido! Especialmente, em situações assim!
Hector entreolhou para Melissa tentando entender o que Natasha dizia, até que a viu sussurrar algo, mas que não conseguiu compreender o que era. Até que, de repente, uma grande explosão aconteceu, provocando o desmoronamento de todo o prédio sobre as cabeças de todos. Em seu último suspiro, Natasha mataria todos para evitar o seu próprio fim?
Continua...
O andarilho