JENIFFER

Ela saiu na penumbra daquele início de noite. A mãe por diversas vezes dizia que aquela hora era sagrada, hora

das almas.

Pensativa, a jovem até sentiu vontade de ficar, mas a mensagem que acabara de ler no celular a deixou frenética e a fez sair atropelando um velho móvel de escanteio no corredor. Parecia que toda vizinhança estáva alí na lateral da rua esperando ela passar.

- Que saco! Resmungou ela. - Será que esse povo não tem mesmo o que fazer? A mãe mesmo ocupada com uma vasilha e um guardanapo à mão. teve o cuidado de ir até a porta e em um gesto de reprovação se despediu da filha. - Deus te abençoe, vá com Deus. Apressa impediu a filha de receber as bênçãos da mãe, a filha entrou em um carro de vidros escuros e desapareceu na primeira esquina, minutos depois a vizinhança era despertada com um barulho ensurdecedor de sirenes da Polícia, com a mão no coração e os olhos nas frestas da janela, a mãe gritou, Jennifer, minha filha, o neto no quarto com a porta entreaberta mesmo em estado viceral no vídeo game gritou: - Que foi vó?. - Tua mãe junior. Liga pra ela meu filho. - vó ela acabou de sair.

Tu não tá ouvindo esse barulho de polícia?

Junior já estava acostumado com as interpelação da avó. Mas dona Judite sentira algo anacoluto. Deixou de secar as louças e entre uma prece ou outra passou a monitorar janelas que davam vista ao sobrado. A visinhança recém dispersa, resolveu retornar a reunião de calçada, se reuniu cada uma com  um material peculiar. Panela, vassoura, guardanapo no nombro, menino a tira colo e o grupo Juvenil com a Câmera a postos para não perder a exclusividade. Em poucos minutos as cirenes e frenagem dos motores ficavam distantes deixando os moradores com olhares estupefato. Os motins de conversas apontavam para uma perseguição ao carro preto. Por volta das vinte horas, uma viatura estacionou na frente da casa de Dona Judite, Dona Judite passando mal, abriu a porta antes  mesmo da campanhia  tocar. Minha filha,  gritou judite.

- Jeniffer Barcelar é sua filha?

-Sim Senhor

- Sua filha é envolvida com o crime?

Não, cadê minha filha?

eu quero minha filha  onde ela está?

- Calma, Senhora,

O rapaz está no IML

- Rapaz? Que Rapaz?

- O rapaz com quem ela estava

- Ai meu Deus! Minha filha, vocês mataram minha filha.

- Sua filha está no pronto socorro.

- Só pode ser um engano, minha filha é uma pessoa direita.

- O paraz era procurado pela policia, gente perigosa.

Trocou tiro com a policia e foi alvejado. Ela só não foi também alvejada porque a polícia pensava que ela era refém. Mas recebeu um tiro no braço e está internada.

Vamos lhe fazer mais algumas perguntas e em seguida a senhora estará liberada para ver sua filha. Horas depois foi a vez da mãe interrogar a filha.

- Minha filha me diz que você não está envolvida com o crime.

Tô não mãe.

Como não Jeniffer? Você não sabia? Quem é esse homem.

- Meu namorado, mãe.

- Como namorado?

- Quer dizer, eu fico com ele. Ele meche mesmo com coisa errada. Mas eu não tenho nada haver com isso não, Ele sempre foi legal comigo, me dava tudo que eu pedia. Inclusive àquelas compras que fiz para casa ontem, foi ele quem me deu o dinheiro

A mãe que já havia sido beneficiada inúmeras vezes com a bondade dos ficantes da filha, encerrou o interrogatório, aguardou a filha receber alta e mudecidas foram em pleno silêncio para casa.