PILANTRAS TAMBÉM MORREM
 
Seu Benedito era um trabalhador rural, quase escravo.
No Brasil é comum em várias propriedades de senhores abastados, apoiados pelo governo federal de manterem estes “privilégios” : trabalhadores nestas condições em suas fazendas.
Vergonha nacional!
Certa tarde o vassalo Benedito conseguiu conversar com seu poderoso patrão.
- Senhor, minha filha está muito  doente, precisava de um auxílio médico.
- Deixa-te de queixumes Benedito, isto não é nada, vai passar...sai daqui e vá depressa que o trabalho lhe espera...
Cabisbaixo, humilhado,  Benedito se retira.
A noite chega em seu barraco e a situação é crítica: sua filha está com febre alta e delirando lhe diz desesperada a mulher.
Cabisbaixo Benedito, após longa caminhada bate a porta do patrão.
- Senhor, minha filha está mal...por favor nos ajude!
- Benedito isto são horas de me incomodar ?... por favor retire-se...e  fechou a porta.
Desesperado Benedito tenta falar com o médico da fazenda: - pelo amor de Deus não me incomode com pequenas picuínhas , ouviu?...
Voltou para casa impotente  e revoltado.
A mulher com a filhinha no colo chorando comunicou: Benedito ela está morrendo.
Lágrimas brotaram de seus olhos.
- Quem sou? Porque me  tratam  assim?
Ouve-se  um pranto mais agudo.
Sua mulher inconformada  comunica aos berros: ELA MORREU, ELA MORREU...
Trêmulo Benedito abre a gaveta em seu quarto...
Em seguida corre em direção à estrada...
Seu rumo? A séde da fazenda...
- Toc...Toc...Toc...
- Quem ousa me acordar a esta hora? ...a voz do patrão.
Ranger de porta aberta.
Quatro tiros quebram o silencio!