Mais esperto do que você

A mensagem de texto dizia simplesmente "muito inteligente". Não conseguiram identificar o remetente, pois havia sido enviada de um celular descartável.

- O que é isso? Ironia ou reconhecimento pelos nossos avanços na investigação? - Indagou o detetive Dawson para seu colega Calderon ao ler o relatório da perícia.

- Considerando que conseguimos evitar que a próxima vítima da lista do Assassino Social fosse morta, e ela recebeu a mensagem, ficaria com a segunda hipótese - redarguiu Calderon.

- O que nos leva ao próximo passo do nosso homem - avaliou Dawson. - Agora que descobrimos como ele organiza sua lista de vítimas, com base em perfis de rede social, temos que prever quem substituirá a mulher que salvamos... ou prender o psicopata.

- O que o perfil psicológico nos permitiu descobrir até agora? - Questionou o capitão Johnson, ao gabinete do qual a dupla de detetives havia sido convocada e que até então apenas acompanhara a leitura do relatório.

- Nosso homem prefere mulheres jovens, entre 18 e 25 anos, que não trabalhem mas tenham curso superior - explicou Dawson. - Parece que odeia mulheres universitárias, talvez por algum trauma passado envolvendo um término de relacionamento ou traição.

- Talvez uma ex-colega de classe - sugeriu Calderon.

- Então, o assassino pode ter sido rejeitado e por conta disso busca vingança contra vítimas com perfis similares - concluiu o capitão.

- Precisamente - assentiu Dawson. - Com base no que aprendemos estudando o caso da sobrevivente, Kaiya Rodriguez, ele cria um perfil falso, incluindo fotos, com base nas preferências que percebe no perfil do alvo. A comunicação é toda efetuada online e por mensagens de texto; quando ele marca um encontro para conhecer o alvo, já é com o intuito de sequestro e assassinato. No caso da Rodriguez, ela teve o cuidado de observar o local marcado à distância e percebeu que havia um homem estranho parado junto à uma van. Quando ela ligou para o celular que o homem na rede social havia lhe dado, o suspeito atendeu. Ela então se desculpou, dizendo que havia tido um problema de última hora e não poderia comparecer. Depois disso, ligou para a polícia e aconselhamos que agendasse um novo encontro, onde iríamos prender o suspeito.

- Só que o homem não apareceu - redarguiu o capitão Johnson. - Estou começando a desconfiar que a mensagem de texto não era destinada a nós, polícia. Era um reconhecimento pela sagacidade de Kaiya Rodriguez.

- [25-08-2020]