CASOS DO COMISSÁRIO.
Naquela segunda-feira de agosto, o vento zunia nas esquinas da cidade antiga. A polícia preparava-se logo pela manhã para uma visita especial do Chefe geral de polícia que viria dar posse a um Delegado Especial que conduziria diversos trabalhos na cidade. O auditório estava preparado, limpo. Engravatados, todos esperavam a chegada do homem. Estava demorando muito. Quando lá depois das dez horas chegou o Chefe foram abertos os trabalhos, fala daqui, discursos do outro lado, posse, leitura da ata, assinaturas, pronto, meio dia passado estavam liberados. Cada um seguiu seu caminho.
O Comissário pegou seu veículo, um Ford Escort Hobby preto e saiu em direção ao seu bairro. Morava há tempos ali e todos o conheciam, não havia violência e algumas rusgas eram resolvidas na conversa e tudo bem.No entanto havia um vizinho, chamado Veio Nico, que chegava em casa antes do meio dia e, estranhamente, na esquina parava e olhava atentamente para o lado direito de onde residia. Isso chamou a atenção do policial, talvez o vizinho esteja de olho em uma mulher, pode, caso não seja isso, o que poderia ser, uma inimizade talvez, pouco provável. Assim se passaram vários dias e a cena sempre era a mesma. Aí tem coisa! Pensava o Comissário. Pois naquela segunda-feira após sair da reunião em que estivera o Chefe de Polícia, estava próximo de sua casa, uma quadra mais ou menos, quando ouviu diversos disparos de arma de fogo.Acelerou o veículo e chegou a esquina de sua casa vendo ali o vizinho caído numa poça de sangue, ainda respirando. Alguém já estava chamando a ambulância. Logo lhe disseram foi o Tatu, ele correu por ali. O Comissário entrou no veículo e foi na direção que lhe indicaram e onde se localizava a casa do Tatu, bateu na porta e a filha dele veio assustada, o Comissário entrou, pois tratava-se de um flagrante delito, olhou em todos os cômodos e não o encontrou.A moça limitou-se a dizer que seu pai saíra na direção do centro da cidade, mas sabia-se que havia um beco em um terreno grande dali que terminava no início da zona central e que o pessoal costumava usar esse caminho. E foi o que Tatu fez, porque além de tudo era bem próximo de sua casa. Retornou ao local do crime, a vítima já fora socorrida, perguntando para as testemunhas soube que era uma dívida da vítima com Tatu, antiga e de difícil recebimento. Dias depois Tatu se apresentou, foi liberado, depois julgado e condenado, Veio Nico ficou muitos meses no hospital e por fim recebeu alta e nunca mais foi visto na região.