Missão nas Guianas (Capítulo V)
 
Pedro e o delegado estavam nas mãos de Daniel, portanto as moças tinham pressa, mesmo sabendo que Daniel não mataria seus reféns, por imaginar serem eles a chave para localizar sua maldita carga. O bandido nem sonhava que a carga estava no fundo do mar. — Chegou o momento de explodir algum prédio para desorientar o inimigo! — Pensou Luiza. Ela acionou o primeiro explosivo e um galpão foi pelos ares. O prédio onde Robert e Pedro se encontravam não deveria ser explodido, pelo menos enquanto eles permanecessem no seu interior. Os bandidos atiravam em todas as direções, fazendo uma varredura total na área. Desorientados, perderam a noção de defesa, pois o inimigo tornara-se invisível.

As guerreiras embrenhadas na selva, tornaram-se uma ameaça invisível. Os dois agentes eram prisioneiros de Daniel, que sorrindo assistia ao espancamento dos dois. Queria saber o paradeiro das armas e drogas vindas do Brasil. Os dois eram ameaçados de execução a todo instante. Pedro repetia a mesma história, dizendo que Juan havia entregado o carregamento a outro traficante, que se dirigira à Guiana holandesa. A dúvida sobre o destino da carga desestimulava Daniel a matá-lo.

Pedro ganhava tempo ao repetir a mesma história, dizendo: — Ele retirou a mercadoria para outra embarcação em alto-mar, incendiou o nosso barco e nos deixou à deriva em botes salva-vidas. Felizmente chegamos a Caiena. O objetivo de minha viagem é outro, já obtido, portanto o destino da carga nunca me interessou! — Afirmou Pedro. Daniel achava que Pedro mentia, fez sinal e o guarda continuou batendo até Pedro desmaiar. O delegado também negava tudo e mentia reafirmando a mesma história. — Como não sabia canalha? Você sabe de tudo que se passa no Caribe, só não tinha me enfrentado, porque é um frouxo, disse Daniel para o agente da Interpol.

Pedro fingia desmaio, escutando toda a conversa. Não demorou e ouviu uma grande explosão, e um avião virando fumaça; eram as meninas em ação. A atenção dos bandidos foi desviada para a explosão e Pedro acertou uma pernada mortal no guarda-costas que lhe apontava uma arma. Robert acertou um soco em Daniel, que escapuliu se jogando pela janela, fugindo covardemente, e o guarda-costas morreu esfaqueado. Pedro aproveitou que os tiros não vinham em sua direção e junto com Robert fugiu para os fundos do prédio, entrando na floresta. Luíza percebeu a fuga e acionou o explosivo, o prédio transformou-se em escombro

. Agora a luta seria travada na selva do jeito que os guerreiros queriam. Cinco minutos depois estavam agrupados próximos ao campo de batalha. Os guerreiros recuaram deixando pistas, um convite à morte, esse era o segredo. Mary os aguardava no mesmo lugar e o silêncio dominou a noite escura. Daniel reuniu o que restou de seus capangas, que eram apenas seis. Os prédios haviam sido parcialmente destruídos, mas para Daniel o objetivo maior era pegar Pedro. —Seguiremos as pegadas, não irão longe, por desconhecerem a selva, afirmava o bandido ignorando que Pedro era especialista em selva, teatro de operação que mais conhecia. Daniel entrou na selva disposto a pegar os agentes.

Pedro deixou a primeira armadilha, a famosa isca de bambu usada com frequência e sucesso pelos soldados do general Ho Chi Mim na guerra do Vietnã. Foi certeiro e o primeiro bandido foi espetado. Os homens andavam em fila indiana, o derradeiro da fila recebeu uma flechada disparada por Antônia do alto de um Jatobazeiro. Restavam quatro delinquentes e o chefe Daniel, o qual perdeu a calma, querendo matar Pedro a todo custo, mesmo que perdesse a carga e as joias.

À noite os guerreiros protegeram-se entre folhagens, escolhendo algumas sororocas, onde permaneceram em silêncio. Ao amanhecer levantaram acampamento, e caminhando deixaram armadilhas ao longo da trilha. Pedro e Antônia ficaram para trás e os outros acompanharam Mary. Era quase meio-dia, quando do alto de uma árvore, Pedro avistou o grupo que caminhava com Daniel. — Aqui é o desfecho, vamos enfrentá-los! — Disse Pedro. Mais uma armadilha de bambu e outro bandido foi para o inferno, agora restava Daniel e mais três capangas. Chegara o momento de prender o francês.

Posicionaram-se entre troncos de árvores e começaram a atirar, agora haviam descoberto o alvo. Antônia não podia sair do lugar, pois havia um tiroteio cerrado sobre ela. Enquanto isso Pedro disparava contra os dois atiradores bem protegidos por troncos de árvores, Daniel conseguiu ficar na retaguarda de Antônia. Um homem se mostrou e levou um balaço na cabeça e foi visitar o inferno. Pedro ao trocar de lugar, deixou um bandido na mira e atirou acertando o derradeiro homem de Daniel. Enquanto isso, o francês surpreendeu Antônia, mas antes de atirar recebeu uma flechada no pescoço e desesperado caiu. Era Mary que ouvindo o tiroteio voltou para ajudar o grupo e se adiantando salvou Antônia, acertando o traficante. A flechada no pescoço do criminoso não penetrou fundo e ele ainda tentou reagir, mas tinha uma arma apontada para a sua desvairada cabeça. — Aqui termina sua maldita trajetória, disse Pedro.

Daniel foi preso e algemado pelo delegado, que confortou Mary ao afirmar que aquele homem pagaria por todos os crimes cometidos. Exausto e faminto o grupo acampou à beira de um rio cristalino e ali permaneceu por um dia, usufruindo as belezas do lugar, um Igarapé de água transparente e riquíssimos peixes. Pedro e Luíza retornaram ao plantio para trazer o helicóptero e a valiosa carga que foi entregue ao delegado. Depois todos se reuniram na casa de Mary.

Pedro conduziu o helicóptero para a República da Guiana com todos a bordo. Mary e sua família ficaram sob a guarda de Robert que assumiu o compromisso de zelar pela menina e sua família. Mary, iria estudar, por ser esse seu sonho, e a mãe teve emprego garantido na casa do delegado. O dinheiro e as joias foram contabilizados e entregues às autoridades. Pedro Antonia e Luiz se reuniram num hotel da capital, Georgetown para um almoço. Luiza e Antonia comunicaram que passariam uma semana em Miami, depois voltariam ao Brasil. — Eu voltarei ao Brasil para prestar conta da missão, lá me encontrarei com Renato, marido da Luiza que nos encaminhará para uma nova tarefa. No aeroporto comprarei o bilhete para vocês.

Ao chegarem ao aeroporto encontraram Teodoro que os convidou para viajarem no seu avião, as meninas nem haviam aceitado e Pedro já as convidou para o embarque. Teodoro, esse velho avião tem mesmo condições para nos conduzir a Porto de Galinhas em Pernambuco, disse Pedro. — Sim, ele pode voar mais cinquenta anos, riram muito. — Mas que Porto de Galinhas? Perguntou Antonia. — Com boas surpresas não se faz perguntas, respondeu Pedro. Dentro da aeronave para surpresa, estava Renato marido de Luiza que se abraçaram rindo de felicidade. Nos olhos de Antonia rolavam Amazonas de lágrimas de alegria pelo convite de Pedro. Apesar de valentes e perigosas, as agentes federais eram também mulheres amorosas.
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 21/04/2020
Reeditado em 25/04/2020
Código do texto: T6923769
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