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Missão nas Guianas
(Capítulo II)

No dia seguinte chegaram a capital da Guiana Francesa e seis horas depois o casal viajava a bordo de um avião com destino à Miami. Pedro e as moças, após caminharem por alguns minutos chegaram ao hotel caribenho, por medida de segurança escolheram apartamentos conjugados. Foram às compras, quando regressarem traziam sacolas cheias de novidades. As moças gastaram quase todas as suas economias. — Sobraram-me vinte dólares para gastar no cassino! — Disse Antônia. — Fique tranquila, nosso chefe vai nos suprir, ele está com dinheiro para as despesas. — Respondeu Luíza. — Não conte muito com isso, ele é muito controlado, mas sobraram-me trinta dólares, gastarei dez no cassino. Vamos jogar no caça-níquel. Ficaremos milionárias! — Sorrindo afirmou Antônia. Passava das quatorze horas quando os três desceram para o almoço, os três se destacavam no restaurante, onde predominava o cheiro de bebida e fumaça de cigarro. Uma mulher quase nua servia bebidas para alguns homens que, sentados a uma mesa, bebiam e jogavam baralho. Em matéria de restaurante, era o melhor naquela cidade quente, barulhenta e coberta de poeira.

Pedro, Luiza e Antônia permaneceriam alguns dias em Caiena, depois seguiriam para Georgetown e, por estrada, voltariam para o território brasileiro, esse era o plano. Era noite, estavam no hotel jogando cartas e esperando dar meia-noite para irem ao cassino, onde aconteceria um espetáculo. Antes, porém, no cassino arriscariam a sorte nos caça-níqueis, que por determinação de Pedro cada um gastaria dez dólares e nada mais. — Temos dinheiro suficiente por que você não aumenta a cota para vinte dólares? — Argumentou Antônia. — Pois é! Eu também tenho. Quem sabe, vamos ganhar uma bolada! — Disse Luíza. — Tudo bem, mas se vocês perderem se lembrem que avisei! — Retorquiu Pedro.

Era meia-noite quando Pedro e as moças chegaram ao cassino. Antônia, a mais apressada, jogou tudo que tinha e, como era de esperar, perdeu. Com os outros não foi diferente, agora restava o show da meia-noite, o qual nunca acontecia nesse horário. Era um ambiente como quase todos os lugares destinados a jogos. Um cantor se apresentou com canções românticas, depois uma cantora, e as duas da madrugada anunciaram o clímax do espetáculo; uma linda mulher se apresentaria com a dança do ventre e em seguida haveria um strip-tease. Pedro estabeleceu como regra que quando alguém do grupo fosse a algum lugar, comunicasse o destino, sendo assim, Luíza informou que iria à toalete e logo estaria de volta, indicando a direção.

Pedro não afastava o olhar da sensual dançarina que tinha um corpo escultural e Antônia se mantinha alerta em tudo ao redor. Terminado a dança teve início o strip-tease, nesse momento o ambiente ficou mais turvo com música de fundo e uma bonita mulher se despindo. Antônia tocou no braço de Pedro, mostrando que ia procurar Luiza, minutos depois comunicou que a moça havia desaparecido. Após procurarem em todas as dependências do cassino, resolveram ir até ao hotel. Ao passarem pela portaria o porteiro dormia profundamente. No apartamento encontraram um homem apontando-lhes uma arma. Seu nome era Daniel, informando que Luiza estava sob sua guarda em algum lugar.— Meu caro Pedro, eu tenho uma parceria com Juan, ele sumiu com o barco e a carga, vocês viajaram juntos, portanto preciso encontrar minha mercadoria e você sabe do seu destino. Quanto ao Juan eu o encontro depois, não tenho pressa, sua amiga está em meu poder, assim podemos negociar, disse Daniel.

Na defensiva, Pedro precisava certificar-se que Luíza estava viva. O bandido informou que dependia de Pedro indicar o destino da carga, até isso acontecer, a moça permaneceria sob sua custódia. Pedro se comprometeu a dar informação, mas antes queria ver a refém. O bandido nada respondeu e deu-lhe um prazo de doze horas para informar o paradeiro das armas e das drogas para então ter a moça de volta. Pedro tinha dúvida se Luíza ainda estava viva. Normalmente esse tipo de bandido é muito perverso, poderia até ter matado a jovem e estar blefando. Daniel despediu-se falando ironicamente: não demore, esperarei doze horas, não me faça mandar de presente para você a cabeça da Luiza. Estamos entendidos? — Claro! — Respondeu Pedro. Daniel caminhou em direção à porta seguido por homens armados.

Nessas circunstâncias Pedro necessitava de um plano, então se lembrou de um homem que conhecera há alguns anos, sabendo que ele trabalhava como agente da Interpol, foi ao seu encontro no aeroporto, lugar aonde ele trabalhava. Fez um relato do ocorrido sendo informado que Daniel, o francês como era conhecido, morava afastado da cidade numa mansão, sendo esta uma fortaleza utilizada como depósito de ilícitos, armas, drogas e outros materiais disfarçados em carga diplomática, protegida por políticos corruptos. Assim funcionava o império do crime de propriedade do francês. Ele só se movimentava para qualquer lugar acompanhado por um exército de guarda-costas, formado por homens dispostos a tudo, menos a obedecer à Lei.

Segundo Robert, o agente da Interpol, era impossível alguém penetrar na mansão sem ser visto, mas Pedro precisava entrar a qualquer custo, pois desconfiava ser ali o cativeiro de Luíza. Pedro confiava em Antônia que possuía treinamento para aquele tipo de operação e, em si mesmo, pois em outras ocasiões havia enfrentado situações parecidas saindo vitorioso. Daniel era um profissional do crime e seus métodos eram cruéis, mas naquele momento não mataria Pedro porque imaginava que ele sabia do paradeiro da carga, depois sim, eliminaria Pedro e as moças.

Ao amanhecer, em um carro alugado Pedro deixou o aeroporto em direção à cidade, sabendo que seria seguido pelos homens de Daniel. Improvisou um boneco colocando-o no banco da frente para que os bandidos pensassem tratar-se de uma pessoa. Antônia esperou alguns minutos e, em um carro veloz, seguiu seu companheiro à distância. Entre os dois carros havia um terceiro, cheio de homens bem armados e decididos a enfrentar o guerreiro. Pedro corria contra o tempo; para encontrar Luíza antes que tivesse um fim trágico nas mãos de Daniel, que não hesitaria em matá-la, se assim conviesse aos seus interesses criminosos. Pedro estacionou próximo à entrada principal da fortaleza, saiu do carro e se apoiou na cerca de arame. Os bandidos também estacionaram, dois desceram e um terceiro ficou no veículo. Os dois bandidos provocaram Pedro mandando-o ficar de frente para mostrar a cara. Pedro se virou e viu um deles apontar um fuzil em sua direção. — Não atire, estou desarmado, tenho uma informação para seu patrão, preciso vê-lo.

Pedro continuou falando, precisava mantê-los ocupados. Antônia estava por perto e surgiria no momento certo. Ela havia estacionado bem antes e, vindo pelo mato, surpreendeu o homem dentro do carro, com uma pistola e silenciador atingiu-o na nuca. Em seguida atirou noutro homem que apontava uma arma para Pedro e, num movimento rápido, deu uma pernada fulminante no terceiro capanga. Colocaram os bandidos dentro do carro e atearam fogo para chamar a atenção dos que se encontravam na guarita. Logo os outros vieram correndo; queriam saber o que acontecera e se depararam com o que não esperavam seus cúmplices ardiam em chamas e logo bateriam à porta do capeta.

Eram quatro criminosos, e ao se aproximarem foram baleados. Antônia usava uma pistola com silenciador e Pedro sabia ser ela uma máquina de matar, tinha visão de águia, sagacidade de onça e na cama doçura de Monaliza. Por essas e outras qualidades foi escolhida como guarda-costas dele; mulher perigosa, só fazia prisioneiros quando precisava colher alguma informação e naquele momento já sabia como entrar na fortaleza. Pedro e Antônia dirigiram-se à guarita, o alarme foi acionado e quando os guardas chegaram ficaram perplexos e desorientados. Na confusão o casal conseguiu entrar na fortaleza e como Robert havia desenhado um mapa, tornou-se fácil chegar ao prédio onde Daniel se encontrava. (Continua no próximo capítulo)
Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 31/03/2020
Reeditado em 06/04/2020
Código do texto: T6902874
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