Memórias do cárcere
- Então, o que você me conta?
- Eles são organizados.
- E?
- E tem negócios pela região e veem você como uma ameaça.
- Isso explica os ataques... O que mais?
- Bem... o cara que te atacou.
- Sim, o que tem ele?
- É um "peixe pequeno", como você chama, mas está a serviço de uma organização maior, uns tais de "Lâminas", ou algo assim que ouvi...
- Hmm.
- Inclusive, o tal do Johnny também tem alguma ligação com essa organização.
- Ah, eles conhecem o Johnny?
- Sim, mas não ligam muito pra ele, acho. Salvo engano, foi algum agente importante no passado, mas depois que foi pego, perdeu em importância.
- Ah, então não valeria a pena conversar com ele na prisão.
- Creio que não, pelo menos foi o que percebi por lá...
- Rapaz, quanta coisa você percebeu em uma semana! Confesso que estou surpreso.
- Eu só quero ajudar, afinal já fiz muita coisa errada nessa vida.
- Hehe, está certo... Espero que não desvie desse caminho. Assim, você pode ir bem mais longe.
- Obrigado.
- E pra fechar: daqueles que te sequestraram, qual o mais perigoso?
- Confesso que não reparei muito nisso, mas acho que o pior era o que intermediava as negociações, aquele que falou com você..
- Hmm, compreendo. Bem, obrigado por seus préstimos, melhoras e até mais.
Encerrada a conversa, Luís e Letícia saíram do quarto com expressões completamente distintas. Ela, com a face franzida em um claro estado de reprovação e raiva; ele, pensativo, diante das novas descobertas. Além disso, ainda tinha o caso do Horácio, e sua "ávido" interesse sobre Hermeto. Eram novas demandas que surgiam diante de um revigorado investigador. Todavia, antes de tomar o primeiro passo, precisava lidar com uma irritada Letícia...
- Foi a última vez né?
- O quê?
- A última vez que você utiliza o Hermeto como espião.
- Ah, sim. É, pode ser.
- Pode ser não. É de certeza!
- Precisamos falar disso agora? Não faz muito e você montou uma operação "de guerra" pra pegá-lo...
- As pessoas mudam...
- É mesmo? Então, deixa eu seguir mudando também e acreditar nele, né?
- Ridículo...
Encerrando a prosa e já com o horizonte de um preocupado Horácio a sua frente, Luís decidiu fazer uma ligação já pensando no futuro.
- E aí como estás?
- Bem e você? Diga o que manda.
- Gostaria de participar de mais uma investigação? Essa promete ser das grandes...
- Por que não? Não estou fazendo nada mesmo...
- É assim que se fala!
O Andarilho