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"Bate, bate na porta do céu, bate bate no gps no chão". Por algum motivo, Luís pensou nessa frase ao saber da situação de Hermeto. Tentava raciocinar se isso era devido a Hermeto estar por um triz para a morte, ou se era por estar com a sua localização tão próxima. De todo modo, no espaço ínfimo de minutos, o destino da sua "garantia" seria decidido, posto que foi dada a ordem para matá-lo, concretizando uma grande perda para suas pretensões.

Todavia, antevendo esse cenário, Luís criou uma garantia para Hermeto, dando-lhe um canivete para carregar consigo. Só não tinha certeza que ele levaria o objeto para todos os lugares que iria como tinham combinado. Restava torcer para que desse certo, afinal, não seria a primeira vez que confiaria o sucesso de sua operação na sorte. Mas será que ela o trairia agora?

Enquanto isso no quarto, Hermeto suava frio e olhava assustado ao seu redor, ouvindo o barulho e o som da briga nos quartos adjacentes. A cada minuto, o barulho ficava maior e nessa hora percebeu que alguém havia dado uma ordem para matá-lo, posto que apareceu um homem com o revólver na mão, com o intuito de levantá-la em sua direção. Mesmo muito machucado, Hermeto teve o instinto de levantar-se da cadeira em que estava amarrado e correr em direção ao homem derrubando-o tal qual um touro. Esse evento foi tão inesperado para seus sequestradores, que, ao tentar pegá-lo novamente, falharam, só conseguindo dar uma facada em suas costas no exato momento em que a equipe de Luís invadiu o prédio para completar o resgate de Hermeto. A sorte sorrirá novamente para Luís?

Se do seu lado, Luís fora capaz de aprisionar o sequestrador de Hermeto e seus capangas, por outro Hermeto chegava em um estado bastante crítico, desacordado e sendo levado diretamente ao hospital. Toda a sua operação, residia na sobrevida de Hermeto e nas informações que fora capaz de colher. Por uma das tremendas ironias do destino, tinha que torcer pela vida de alguém cujo valor não passava de uma caixa de cervejas. Mas, fazer o quê? Negócios são negócios e lá foi Luís acompanhar sua equipe rumo ao hospital local.

Já no hospital, aguardando na sala de espera, decidiu ligar para Letícia, avisando do ocorrido. Nessa ligação, também sabia do "bônus" que receberia, posto que Letícia decidira renovar o seu olhar para o seu novo-velho cunhado e, certamente, que não aceitaria o fato dele ser usado em mais uma das empreitadas investigativas de Luís.

- Você é louco, né? Espero que você tenha certeza disso!

- Bom falar contigo, também.

- Por que caralhos, você foi levar logo ele para ser uma ponte com os contatos criminosos?

- Hei, hei, calma lá. Até pouco tempo, ele usava essas influências contra a sua família. Eu só quis aproveitar isso para algo útil...

- Útil usando a vida dele como moeda de troca? Onde já se viu isso?

- Eu tinha tudo sob controle...

- Uma porra, Luís! Só não invente outra merda dessas novamente, vá?

- Tá, tá, mas eu estou te aguardando aqui.

- Tá, irei me arrumar, e já chego aí.

- Ok, estou no aguardo.

Para surpresa de Luís, aquilo correra até bem, diante do seu histórico de conflitos com Letícia ao longo dos anos. Entretanto, não poderia comemorar tão cedo, posto que ela adorava fazer discursos pessoalmente. Bem, era o que sobrava pra ele, uma vez que havia decidido usar Hermeto como peão. Era esperar pra ver.

Contudo, pra sua surpresa, Letícia chegara ao hospital acompanhada por Horácio, aquele de quem tanto suspeitava Luís. Isso, estava incluso no seu grande plano, uma vez que guardava suas suspeitas sobre as reais intenções dele e nada melhor do que observá-lo de perto.

E suas suspeitas provaram-se fundadas, uma vez que diante do olhar revoltado e vibrante de Letícia, Horácio olhava curioso para todos os locais do hospital, tal qual uma criança em um parque de diversões. Luís observava discretamente, enquanto ouvia Letícia vociferar contra ele. No momento em que souberam da condição estável de Hermeto, Horácio, logo se prontificou para entrar junto de Letícia e Luís. Entretanto, o limite para visitas era de apenas duas pessoas, permitindo a Luís fazer uma conclusão das suas breves observações, planejando em como iria coletar provas para suas conjecturas. Por hora, decidiu se contentar com o que observara.

Entrando na sala, viram um Hermeto apagado, porém estável, respirando por aparelhos. Decidiram, aguardar um tempo para ver se despertara e contar, em detalhes, sobre a sua saga em território inimigo. Na pior das hipóteses, Luís percebera que o seu bem-estar era importante aos olhos de Horácio, então toda a operação teria valido a pena. Depois de 4 horas de espera, Hermeto, enfim acordou, grogue e sem noção do lugar em que estava.

- On..onde estou?

- Oh, acordou, bem-vindo de volta. Temos muito o que conversar...

O Andarilho

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 09/02/2020
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